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Governo dos EUA está prestes a assumir 40% do Citi

Segundo o Wall Street Journal, negócio pode ser anunciado já nesta quinta-feira

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O governo americano pode anunciar um acordo com o Citigroup para assumir 40% das ações do banco ainda nesta quinta-feira, de acordo com reportagem publicada pelo Wall Street Journal. O jornal, que não cita a fonte das informações, afirma que, se por um lado o banco terá uma grande injeção de capital para sobreviver à crise, por outro os executivos do Citi terão de enfrentar uma série de novas complicações com o acordo.

O Citi tem operações em mais de cem países e, em alguns deles, há restrições para bancos com capital estatal. No México, por exemplo, bancos estrangeiros com mais de 10% das ações detidas por um governo são impedidos de ter operações. No entanto, é justamente no México que o Citi controla o segundo maior banco local, o Banamex.

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Como o Banamex é considerado a joia da coroa das operações do Citi no exterior, executivos mantêm a esperança de que o problema possa ser resolvido pela via diplomática. Um acordo entre os governos dos Estados Unidos e do México poderia viabilizar a permanência do Banamex sob o controle do Citi - ao menos temporariamente. Representantes do banco americano consideram a venda do Banamex a última opção e já fazem lobby junto ao governo mexicano pela flexibilização da lei, segundo o WSJ.

O México não é o único possível ponto de atrito devido ao aumento da participação do governo no capital do banco. Na Polônia, onde o Citi Handlowy é um dos maiores bancos, o Citi terá de negociar novas licenças de operação com o governo. O temor é de que essas barrreiras burocráticas possam ser usadas para forçar o Citi a vender suas unidades.

No Brasil, o Citi vai vender ao menos parte de sua fatia de 17% na Redecard, a empresa que processa as transações com cartões Mastercard e Diners. A Redecard já pediu o registro para a realização de uma oferta pública secundária de ações. Se as condições de mercado não se deteriorarem, o negócio deve acontecer nas próximas semanas. Apesar dos constantes desmentidos, não seria surpresa se o Citi decidisse vender também o próprio banco no Brasil.

Problemas administrativos

Com maior participação do governo, o banco também ficará mais suscetível à pressão de Washington para destravar o crédito ou renegociar dívidas não-pagas em favor dos contribuintes. A maior preocupação dos analistas é que o governo não tenha uma estratégia clara nem experiência na administração de um banco e possa colocar o interesse público em primeiro lugar.

Outro ponto sensível seria a o possível desmembramento do banco. Washington acredita que a instituição é grande demais - e, por isso, inadministrável. A venda de parte das unidades também ajudaria a levantar capital, reduzindo a necessidade de injeção de dinheiro público. Se o governo assumir 40% do banco, o próprio executivo-chefe do Citi, Vikram Pandit, ficaria em posição difícil para contrariar o governo porque precisaria do apoio estatal para não ser destituído do cargo.

O banco também sofre pressões do governo para cortar custos. Seus gastos passaram a ser controlados pela opinião pública. O Citi tinha encomendado um avião de 42 milhões de dólares e teria de pagar uma multa à fabricante do jato se decidisse desistir do negócio. O próprio presidente Barack Obama considerou a compra de um jato "ultrajante" neste momento. Funcionários do Federal Reserve (o banco central dos EUA) fizeram a declaração de Obama chegar aos ouvidos de Pandit, que acabou desistindo do negócio em janeiro.

Após a demora no cancelamento da encomenda do jato, o governo passou também a exigir maiores detalhes sobre os gastos do banco. Desde então, executivos passaram a viajar em voos comerciais ou até mesmo de trem. Pandit vai receber 1 dólar de salário até que o banco volte a ser lucrativo.

Após perder 28 bilhões de dólares nos últimos cinco trimestres, o Citigroup precisa levantar capital para continuar a emprestar. O mercado tem dúvidas sobre a viabilidade do banco, o que pode ser visto no preço de suas ações. O valor de mercado do Citigroup, que já foi o banco mais valioso do mundo, hoje é menor que o de instituições brasileiras como o Bradesco e o Itaú.

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