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Estréia na Bovespa já não tem euforia garantida

Preço das ações da Localiza, lançadas ontem na Bolsa, ficou abaixo do esperado

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

As estréias no mercado acionário brasileiro podem ter perdido a euforia do ano passado. O ingresso da Localiza na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), nesta segunda-feira (23/5), sinalizou que os investidores abandonaram o entusiasmo inicial de outros lançamentos. A locadora de veículos, que esperava vender cada ação por um mínimo de 14 reais, acabou realizando a venda a 11,50 reais.

Com a oferta pública, a Localiza pôs em circulação 34,4% de seu capital, por meio de 24,447 milhões de ações ordinárias. A captação atingiu cerca de 247 milhões de reais.

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Apesar de receber uma resposta menos satisfatória por parte dos investidores, a Localiza entra em um mercado de novos papéis em que boa parte dos participantes deve se dar por satisfeito. A maioria das outras empresas estreantes na Bovespa apresenta desempenho positivo até o momento. Das nove companhias que antecederam a Localiza desde 2004, seis tiveram as ações valorizadas e três apresentam queda. (veja tabela abaixo com o desempenho das ações) Para analistas, o comportamento desses papéis mostra que os investidores já passaram a julgar as estreantes pelos mesmos critérios usados com as veteranas de pregão: resultados positivos e transparência para o mercado.

Exemplos

A Natura listou-se no final de maio do ano passado. Desde então, seus papéis subiram mais de 100%. A Grendene, que entrou para o pregão em outubro com grande alvoroço, viu seu valor de mercado cair 50%. "Uma razão para as diferenças das cotações é o desempenho financeiro de cada empresa", afirma Nami Neneas, superintendente de renda variável do Banif Investimentos. No primeiro trimestre deste ano, a Natura apresentou um lucro líquido de 69,68 milhões de reais, cifra 56% maior que os 44,658 milhões de igual período de 2004.

Já a Grendene observou os resultados caírem desde o lançamento dos papéis. A empresa encerrou 2004 com um lucro líquido consolidado de 67,654 milhões de reais, valor 67% menor que os 203,221 milhões de 2003. O desempenho continuou em queda neste ano. No primeiro trimestre de 2005, o lucro líquido consolidado foi de 13,696 milhões, 14% inferior aos 15,936 milhões do mesmo período do ano passado.

Para Marcos Elias, sócio da Link Corretora, a Grendene ilustra ainda um outro problema que costuma comprometer a rentabilidade dos papéis na Bolsa. "Além do desempenho financeiro da empresa, houve também um problema de comunicação com o mercado", afirma. A ausência de uma estrutura adequada de informação para investidores e analistas ajudou a piorar a percepção dos papéis da empresa. Para reverter a situação, a Grendene precisou mudar seu diretor financeiro e de Relações com Investidores. Gelson Rostirolla foi substituído por Marcus Peixoto, que saiu do Banco Pactual o mesmo que coordenou a colocação dos papéis.

Momentos diferentes

Além do desempenho individual de cada empresa e da habilidade de lidar com o mercado, as empresas também sofrem influências do momento em que decidem realizar suas ofertas. Segundo analistas, as companhias que listaram no ano passado encontraram um cenário mais favorável que aquelas lançadas neste ano.

O site de compras Submarino, que lançou suas ações no final de março deste ano, é um exemplo, segundo Elias, da Link. "Além de oferecer os papéis por um preço muito alto, a empresa encontrou um mau momento do mercado", diz. O resultado é que as ações se desvalorizaram 23,68% até a última sexta-feira (20/5).

Segundo o superintendente do Banif, os motivos para a desconfiança do mercado já são conhecidos. No plano interno, trata-se da elevada taxa de juros no Brasil, onde a Selic a 19,75% ao ano torna as aplicações em renda fixa mais atraentes. Já os investidores internacionais estão mais propensos a aplicar nos títulos do Tesouro americano, após as sucessivas altas dos juros pelo Federal Reserve. Além disso, o mercado de hedge funds ainda está inseguro quanto aos reais efeitos do rebaixamento dos títulos da GM e da Ford pelas agências internacionais de classificação de risco. Para compensar eventuais prejuízos, os fundos estão se desfazendo de papéis de empresas e de países emergentes e buscando títulos mais seguros. "O mercado internacional está superofertado de bons papéis", diz.

Lucratividade das ofertas públicas *

Ação

Data da oferta

Lucratividade do período (%)**

Natura

26/05/2004

102,72

Gol

24/06/2004

41,94

ALL

25/06/2004

52,18

CPFL Energia

28/09/2004

5,56

Grendene

29/10/2004

(50,74)

Dasa

19/11/2004

49,00

Porto Seguro

22/11/2004

13,83

Renar

28/02/2005

(36,25)

Submarino

30/03/2005

(23,68)

*Ajustada aos proventos distribuídos
**Até o fechamento de 20/5/2005
Fonte: Bovespa

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