Exame Logo

Dez bons motivos para aderir ao DDA

Boleto eletrônico foi criado para reduzir custos de cobrança - mas embute ganhos para empresas, bancos e correntistas

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Se você não é funcionário dos Correios, dono de uma gráfica ou acionista de uma empresa de papel e celulose, certamente tem motivos de sobra para aderir ao Débito Direto Autorizado. O DDA, como vem sendo chamado pelos bancos, prevê a substituição das atuais cobranças impressas em papel e enviadas a milhões de residências todos os meses por boletos eletrônicos. As mesmas informações agora poderão ser consultadas nos caixas eletrônicos ou na tela de seu computador, nos sites dos bancos.

O serviço começou a ser oferecido em 19 de outubro, não é obrigatório, mas já obteve a adesão de 1,3 milhão de correntistas. O cadastramento pode ser feito pelo site da instituição financeira, telefone ou agência. Após ter sua conta incluída no DDA, o correntista poderá autorizar - ou não - o pagamento de um boleto pelo site de banco. Por enquanto, o serviço vale apenas para cobranças como a taxa do condomínio, parcelas devidas a uma loja de eletrônicos, mensalidades escolares ou planos de saúde. Impostos e cobranças de serviços públicos como telefone e energia também serão incluídos no sistema - mas ainda não há um prazo definido para que isso aconteça.

Veja também

A rápida adesão ao DDA deixou os bancos otimistas. No ano passado, cerca de 2 bilhões de boletos foram impressos e enviados para os brasileiros. A expectativa dos bancos é que em três anos a metade desses boletos passe a ser apresentada apenas no formato eletrônico. O serviço, inédito no mundo, também chamou a atenção de banqueiros de diversos países, que podem no futuro adotar soluções semelhantes. “Estamos muito adiantados em relação ao mundo em termos de serviços financeiros”, diz José Maria Gadanha, vice-presidente de sistemas e aplicativos da Tivit, a empresa contratada pela Febraban para fazer a implantação e operação do DDA. Veja abaixo dez bons motivos para você também aderir ao DDA:

1 - Custo zero: O correntista não paga nada pela adesão ao DDA nem pelas informações que serão disponibilizadas pelo banco na internet para o pagamento das faturas. A gratuidade não está prevista em norma editada pelo Banco Central, mas faz parte de um acordo fechado entre os bancos para a implantação do DDA. Futuramente os bancos admitem que poderão cobrar por serviços extras e opcionais - mas não pelo DDA em si. (Continua)


2 - Redução de custos para empresas e bancos: Os bancos vão economizar com o DDA de duas formas. Cerca de 30% dos 2 bilhões de boletos impressos anualmente são de responsabilidade dos bancos, que deixarão de gastar milhões de reais com esse serviço. A segunda economia virá da menor tarifa paga ao banco que emitiu uma fatura pela instituição que a recebeu. Hoje o Itaú Unibanco, por exemplo, cobra R$ 0,98 do Bradesco para receber uma conta que foi emitida por ele. Com o DDA, essa taxa vai cair para R$ 0,55. Mas não são só os bancos que economizarão. Cerca de 70% dos boletos são entregues pelas próprias empresas responsáveis pela cobrança. Além da eliminação desse custo, antes do DDA as empresas precisavam emitir um boleto com cerca de oito dias de antecedência - que é o tempo necessário para a impressão e a entrega da conta em um prazo suficiente para o cliente pagá-la até o vencimento. Nesse meio tempo, muitas vezes a empresa se via obrigada a contratar uma linha de capital de giro em um banco para arcar com suas próprias despesas. O juro pago ao banco é um custo que pode desaparecer. O custo total da implantação do DDA não foi divulgado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos). "Mas as despesas certamente serão menores que a redução de custos que será obtida com o DDA", diz Christian Vincent, sócio-consultor da consultoria Witrisk, especializada em operações bancárias.

3 - Sustentabilidade: A redução das despesas com papel, serviços de impressão e combustíveis favorecem o meio ambiente. Todos os anos serão milhões de litros de água economizados, milhares de árvores que não serão derrubadas e milhões de quilogramas de CO2 a menos na atmosfera. "A redução das emissões com a produção de papel e transporte não é algo dramático, mas é uma atitude que contribui para o planeta", diz Sandra Boteguim, diretora de produtos para pessoa jurídica do Itaú Unibanco.

4 - Maior praticidade nos pagamentos: Uma importante causa da inadimplência é a perda ou o extravio de boletos. Dezenas de situações podem levar ao não-pagamento de uma conta, como o filho que guarda o boleto em um local inadequado, uma greve dos Correios, o envio para um endereço errado ou uma viagem longa que impede uma pessoa de receber e pagar suas contas até o vencimento. Em todos esses casos o correntista pode ter de arcar com multa ou juros. Já para as empresas, a grande vantagem será a simplificação das estruturas de cobrança. O mesmo serviço que hoje é feito por um grupo de pessoas talvez possa realizado por uma estrutura mais enxuta com a ajuda do DDA. (Continua)


5 - Redução de fraudes: Os boletos em papel abrem a brecha para um tipo de fraude que deve ser extinta. Há criminosos que interceptam um boleto antes de sua entrega ao destinatário e fazem uma cópia adulterada, de forma que o código de barras direcione o pagamento para uma conta corrente usada pelo bandido - e não mais para a da empresa que prestou o serviço ou vendeu o produto que está sendo cobrado. Quem paga a conta pela internet ou pelo caixa eletrônico não percebe o equívoco e pode ter de arcar com o prejuízo. O DDA, no entanto, não permite esse tipo de fraude. Seus sistemas de segurança utilizam os mesmos programas de certificação, criptografia e segurança de uma TED - utilizada para a transferência de dinheiro entre bancos e que também não está sujeita a fraudes.

6 - Menor número de erros nos pagamentos: Empresas e pessoas físicas que realizam muitas cobranças ou pagamentos sempre podem cometer equívocos. Não é incomum que uma empresa envie por engano a mesma cobrança para um cliente duas vezes. Por distração, esse cliente pode realizar ambos os pagamentos - e enfrentar trâmites burocráticos para receber o dinheiro de volta caso perceba o equívoco posteriormente. Como débito no DDA é autorizado caso a caso e todos os pagamentos estão centralizados em um único lugar, a expectativa é de que cobranças equivocadas - de boa ou má-fé - gerem prejuízo para um número desprezível de pessoas.

7 - Análise de crédito mais acurada: "O DDA permitirá ao banco ter uma melhor noção da solvência e da liquidez de um correntista", diz Paulo de Tarso Monzani, diretor de comercialização de produtos e serviços do Bradesco. Antes do boleto eletrônico, as instituições financeiras já sabiam a quantidade de dinheiro que costuma entrar em uma conta corrente de uma pessoa física ou empresa a cada mês e também conheciam as contas a pagar processadas pelo próprio banco. "Agora, a instituição consegue ver se ele paga em dia todos os boletos", diz Sidney Passeri, gerente executivo da diretoria comercial do Banco do Brasil. Com mais informações, ficará mais fácil para o banco analisar a capacidade de pagamento de um cliente, oferecer linhas de crédito para quem parece estar pouco endividado e também reduzir sua exposição ao risco de financiamentos a clientes que estão "enforcados". (Continua)


8 - Aumento dos empréstimos a empresas de todos os portes: Duas linhas de crédito poderão ter forte crescimento com o DDA: a de antecipação de recebíveis e a de capital de giro. Ao centralizar o pagamento de boletos em um único banco, uma grande empresa vai fornecer a essas instituições informações sobre o fluxo de pagamentos que serão feitos a seus fornecedores. Caso essa grande empresa tenha interesse em ajudar a financiar a cadeia de fornecedores, poderá pedir ao banco que antecipe esses pagamentos em troca de uma pequena comissão que será cobrada pela instituição financeira - uma operação conhecida como antecipação de recebíveis. Já as linhas de capital de giro poderão crescer principalmente entre pequenas e médias empresas - justamente as que costumam pagar juros maiores por esses serviços. Os bancos onde essas empresas possuem conta já detinham algumas informações sobre o fluxo de caixa. Com o DDA, as instituições financeiras vão saber com precisão a quantia de dinheiro utilizada para o pagamento de contas e fornecedores e a pontualidade no pagamento dessas faturas. Ficará muito mais fácil para um banco tomar a decisão de aprovar ou não a liberação de capital de giro.

9 - Queda dos spreads: O spread bancário é a diferença entre a taxa de captação de dinheiro paga pelos bancos no mercado e o que ele cobra de juros de seus clientes. Na prática, é o ganho bruto que um banco tem com empréstimos. Com o DDA, o banco poderá analisar melhor a capacidade de pagamento do cliente - e oferecer juros menores àqueles que estão em uma situação confortável para honrar seus compromissos. "Emprestar a uma pequena empresa costuma ser uma operação de risco para um banco porque a maioria delas fecha com menos de cinco anos de existência", diz Sandra Boteguim, do Itaú. "Agora, se tivermos uma garantia melhor, vamos cobrar um juro menor."

10 - Melhores serviços bancários: O DDA tem sido encarado pelas instituições financeiras como um produto de relacionamento. O banco onde esse cliente decidir concentrar suas contas será responsável por tirar dúvidas sobre esses pagamentos e também terá um site bastante consultado pelos correntistas. A ideia é utilizar esses espaços de relacionamento para vender outros serviços aos clientes. "O DDA será uma ferramenta de fidelização, assim como o crédito imobiliário, que mantém vivo o relacionamento com um cliente por muitos anos", diz Paulo de Tarso Monzani, do Bradesco. Os bancos também planejam agregar outros serviços ao DDA. O Santander, por exemplo, iniciou uma campanha de marketing para divulgar que as pessoas físicas poderão usar o cheque especial por dez dias sem juros para pagar esses boletos. Já as pessoas jurídicas poderão contratar linhas de capital de giro e não precisarão pagar a última parcela se honrarem todas as outras em dia. "Oferecer o DDA é uma commodity, todos os grandes bancos já fazem isso. Nosso diferencial é ajudar o cliente a arcar com esses pagamentos", diz Leonardo Ribeiro, Superintendente de Produtos do Santander. Já o Bradesco oferece um programa de gerenciamento de caixa para pessoas físicas e jurídicas que indica a data mais favorável para a liquidação das faturas. Sobre a possibilidade de repassar parte dos ganhos com o DDA para os clientes com a redução de tarifas, os bancos ainda são cautelosos. O discurso consensual é de que, antes de pensar nisso, é necessário pagar os investimentos em adaptação de sistemas internos e em marketing. Resta ao correntista esperar também por esse 11º benefício.


Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame