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Crise pode transformar lucro de siderúrgicas em prejuízo

Para analistas, Gerdau e CSN podem até anunciar perdas no balanço do quarto trimestre

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A crise global deve novamente mostrar sua força nos próximos dias, quando serão divulgados os resultados das siderúrgicas referentes ao quarto trimestre de 2008. As corretoras estão prevendo grandes perdas, mas não há um consenso sobre qual será a empresa mais impactada.

Para o Unibanco, o título ficará com a Gerdau. A expectativa da corretora é de forte queda na receita líquida em relação ao terceiro trimestre (-29,5%), com redução de 31% no volume de vendas, "evidenciando um profundo recuo na demanda em todos os mercados nos quais a companhia opera". Além do Brasil, a Gerdau mantém negócios nos Estados Unidos, Canadá, Europa e América Latina.

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A diversificação geográfica, neste caso, não deverá contar a favor da companhia. Na avaliação da SLW, o desempenho da Gerdau poderia ser ainda pior se não fosse a grande participação do Brasil nos resultados. Embora os negócios no país tenham sofrido significativamente, a queda nas vendas foi ainda mais acentuada no exterior. A estimativa da SLW aponta recuo de 33% nas vendas físicas no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior e de 26% na comparação com o mesmo período do ano passado, para 3,4 milhões de toneladas.

Os preços também foram bastante impactados, porém apenas no exterior. A SLW explica que, como o mercado de crédito praticamente deixou de existir nos últimos meses do ano passado, muitos distribuidores decidiram queimar estoques a qualquer preço para fazer caixa. No Brasil, não houve mudança de preços nos últimos três meses do ano passado, o que acabou contribuindo positivamente para o faturamento da empresa.

O novo cenário mundial, porém, obrigará a empresa a ajustar em seu balanço os valores referentes a estoques e insumos. Isso deverá provocar um forte aumento de custos, que juntamente com despesas comerciais extras - como programação de férias coletivas e busca de negócios adicionais -, contribuirá para reduzir ainda mais seus resultados.

Além disso, ainda há dúvidas sobre como serão contabilizados os ajustes referentes à aquisição da Chaparral e da MacSteel. Dependendo de como for, esses ajustes poderão provocar uma forte despesa não recorrente, prejudicando consideravelmente os resultados do trimestre.

Apesar de tudo, para a corretora Socopa, a Gerdau é hoje a empresa mais promissora do setor de siderurgia. Em sua avaliação, a demanda por aços longos nos próximos meses deve superar a de aços planos, embora ambas devam diminuir. Os investimentos dos governos brasileiro e americano em infra-estrutura e no setor imobiliário, destaca a Socopa, deverão sustentar a procura por aços longos, enquanto os aços planos provavelmente continuarão sofrendo com a queda de produção principalmente da indústria automobilística.

Enquanto a Gerdau concentra seus negócios em aços longos, voltados para a construção civil, CSN e Usiminas produzem aços planos, muito utilizados na fabricação de carros, geladeiras e fogões. Mesmo com o mercado desaquecido, as corretoras ainda recomendam as ações das duas empresas para investimentos de longo prazo.

O ponto forte da CSN, de acordo com a Socopa, está em sua confortável posição de caixa após a venda de parte da Namisa por 3 bilhões de dólares, além de sua baixa exposição à variação de preços do minério de ferro, já que a empresa é dona das mineradoras Casa de Pedra e Namisa. A corretora, ao estimar o resultado para o trimestre, contabilizou o ganho de equivalência patrimonial com o aporte de capital na Namisa, o que fez saltar para a casa dos bilhões os lucros da empresa no trimestre. Com isso, há a possibilidade de a empresa distribuir 2,2 bilhões de reais em dividendos, segundo cálculos da corretora.

A SLW, por sua vez, destaca que no último trimestre de 2008 a CSN reduziu fortemente suas exportações, redirecionando suas vendas para o mercado interno. Com essa manobra, a empresa deve ter minimizado consideravelmente as perdas que teria no período, já que no mercado interno não houve redução de preços como no exterior. Por outro lado, a valorização do dólar deve ter forte impacto em suas contas.

A Link não acredita que as vendas em 2009 irão superar as de 2008, já que a estimativa é de queda nos preços, aumento nos estoques e redução de demanda. "No médio prazo, a situação ainda deverá continuar complicada, com recuperação da demanda, porém sem novos impactos nos preços, já que o cenário internacional deve ficar pior, trazendo uma barreira para os preços interno", afirma a corretora em relatório. Portanto, concentrar os negócios no Brasil também não será garantia de melhores resultados.

Dentre as siderúrgicas brasileiras, a Usiminas é a mais voltada para o mercado interno. Como grande parte das suas vendas é destinada às montadoras, as perspectivas para a companhia não são muito animadoras. A corretora Brascan prevê queda de 15% nas vendas em 2009, após uma retração de 11% em 2008.

Além de sofrer com a redução na demanda, a Usiminas deverá sentir o impacto do aumento de custos em suas operações, devido principalmente ao reajuste no carvão. Ao contrário da CSN, porém, a Usiminas não deverá ser prejudicada pela variação do dólar. O baixo endividamento da empresa é visto pelos analistas como uma de suas principais vantagens, o que deverá lhe garantir posição confortável para colocar em prática seus planos de expansão.

As projeções das corretoras
CSN (CSNA3)
CorretoraPreço-alvo (R$)Receita líquida (R$ bilhões)*Variação em relação ao 4T07 (%)Lucro/ prejuízo líquido (R$ milhões)*Variação em relação ao 4T07 (%)Margem EBITDA (%)*Variação em relação ao 4T07 (pontos percentuais)
SLW56,373,723,0-444,0-187,438,0-4,0
Socopa48,003,620,13836,4655,146,24,2
Unibanco59,003,827,0328,2-27,047,95,9
Gerdau (GGBR4)
CorretoraPreço-alvo (R$)Receita líquida (R$ bilhões)*Variação em relação ao 4T07 (%)Lucro/ prejuízo líquido (R$ milhões)*Variação em relação ao 4T07 (%)Margem EBITDA (%)*Variação em relação ao 4T07 (pontos percentuais)
SLW28,967,0-13,075,0-93,020,00,0
Socopa21,008,32,3-40,4-104,118,0-2,0
Unibanco36,008,88,6-14,0-101,016,1-3,9
Usiminas (USIM5)
CorretoraPreço-alvo (R$)Receita líquida (R$ bilhões)*Variação em relação ao 4T07 (%)Lucro/ prejuízo líquido (R$ milhões)*Variação em relação ao 4T07 (%)Margem EBITDA (%)*Variação em relação ao 4T07 (pontos percentuais)
Brascan55,913,4-3,0120,0-88,030,3-4,7
SLW53,333,3-6,0620,0-36,034,0-1,0
Socopa36,003,62,0333,9-65,634,3-0,7
Unibanco64,003,50,619,3-98,028,6-6,4
* Esperado para o quarto trimestre de 2008
Fontes: corretoras
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