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Crise da GM e da Ford complica captação para brasileiros

Alta do risco-país indica que o rebaixamento das notas das montadoras já repercute no país

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Na esteira da crise da GM e da Ford, duas das maiores companhias do mundo, as empresas brasileiras irão sentir mais dificuldade para captar recursos no exterior. Segundo Liliam Sanchez Carrete, professora do Saint Paul Institute of Finance, os brasileiros são afetados por uma série de efeitos indiretos. O primeiro é o aumento do grau de incerteza sobre os papéis de dívidas privadas, que provoca a exigência de taxas de remuneração mais altas. "Com a crise da Ford e da GM, o mercado se pergunta que outros papéis podem ser afetados", diz.

O temido efeito dominó parece ter começado. Segundo The Wall Street Journal, o rebaixamento da nota dos papéis das montadoras, na semana passada, pela Standard & Poors, prejudicou os títulos da Eastman Kodak, outra grande empresa que também sofre com pesadas dívidas.

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No Brasil, a crise das duas montadoras americanas já se reflete na elevação do risco-país e na queda do índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que no mês aponta uma redução de 0,58%. O risco-país, que mede o prêmio cobrado pelos investidores internacionais para os papéis da dívida brasileira, vem subindo nos últimos dias e encerrou a quarta-feira (11/5) em 440 pontos, 0,46% maior que o dia anterior. A cotação do C-Bond, título de dívida externa brasileira de maior liquidez, vem acumulando taxas negativas no últimos dias. Ontem, fechou cotado a 1,0063 do seu valor de face, 0,67% a menos do que na segunda-feira.

Fundoshedge

No exterior, o mercado se agitou com rumores de que alguns fundos de hedge (realizados para uma empresa se proteger dos riscos de alguma operação financeira) foram bastante prejudicados pela reclassificação dos papéis da GM e da Ford. Fundos americanos como GLG e Bailey Coatis teriam investido mais que o recomendável nesses títulos e, agora, estariam amargando grandes prejuízos. O mercado tem, em mãos, 450 bilhões de dólares em dívidas das duas montadoras, mas não se sabe a dimensão do mercado de derivativos atrelado a esses papéis.

Como esses fundos são bastante alavancados (a legislação permite que sofram um prejuízo superior ao seu patrimônio líquido), a quebra de um deles pode gerar um efeito em cascata, arrastando outros investidores.

Para evitar maiores perdas, segundo Liliam, os fundos precisarão vender papéis de bons pagadores para cobrir os prejuízos gerados pela aposta na GM e na Ford. E este será um outro problema para as empresas brasileiras que quiserem captar no exterior: com a oferta de bons papéis a preços baratos, os títulos de emergentes perdem a atratividade. Assim, para seduzir os investidores, as empresas precisam oferecer remunerações mais altas, encarecendo as operações.

Perspectivas

As perspectivas para os países emergentes já vinham se complicando com os sucessivos aumentos da taxa básica de juros dos Estados Unidos. As dificuldades da GM e da Ford são um novo ingrediente para desestimular o apetite dos investidores.

Mas o efeito dominó não deverá ser tão devastador quanto alguns economistas afirmam, segundo Liliam. Desde a falência da Enron, em 2001, os fundos reduziram sua alavancagem para evitar problemas. Além disso, os bancos aumentaram os controles sobre esse tipo de crédito, exigindo maiores garantias.

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