A inflação em setembro voltou a subir, chegando a 0,64%, a maior alta para o mês desde 2003. Isso prejudicou a poupança. Nos últimos 12 meses, descontando o IPCA do período, a caderneta acumula perdas de 0,46%, de acordo com levantamento da Economatica. Este é o pior resultado, neste tipo de comparação, desde agosto de 2016.

Em agosto deste ano, a poupança ainda tinha rentabilidade positiva, de 0,45%. Porém, com a alta de 0,64% da inflação em setembro, o ganho real foi perdido.

Sem descontar a inflação do período, a chamada valorização nominal, a poupança registra alta de 2,67% entre setembro de 2019 e o mesmo mês de 2020.

Mesmo com um retorno tão baixo, a caderneta segue atraindo muitos investidores neste ano. Na terça-feira, 6, o Banco Central (BC) divulgou que os depósitos na poupança superaram os saques em 13,2 bilhões de reais. Diante deste resultado, o saldo total em contas poupanças fechou setembro em 1,001 trilhão de reais, superando pela primeira vez a marca trilionária.

Michael Viriato, professor de finanças do Insper, avalia que os investidores têm buscado a poupança por causa da previsibilidade do investimento:

"Neste ano, a maioria dos investimentos está operando fora de suas características tradicionais. Bolsa caindo forte, fundos de renda fixa no negativo, entre outros. Tudo isso gera incerteza nos investidores. Assim, sem saber onde aplicar, as pessoas apostam na poupança. O rendimento é baixo, mas as pessoas sabem que ao fim de cada mês terá algum ganho na conta.

A rentabilidade negativa na poupança significa que o ganho real está negativo. Isso não quer dizer que a quantidade de dinheiro investida vai diminuir. Significa que o rendimento da aplicação ficou abaixo do aumento dos preços, então a pessoa perde em poder de compra.