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Cetip não ameaça a BMF&Bovespa, diz Barclays

Os riscos de concorrência direta entre as instituições são mínimos, afirma banco britânico

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A Cetip (CTIP3), que estreou no pregão da Bovespa nesta quarta-feira (28/10), não deve trazer riscos imediatos para a BM&F Bovespa, holding que opera a bolsa de valores brasileira, segundo o banco britânico Barclays. “Acreditamos que a competição direta terá pouco impacto no curto prazo”, afirma. O principal motivo é que, por ora, os mercados em que as duas instituições são mais fortes têm pouca sobreposição.

A Cetip domina os serviços de liquidação e custódia de títulos privados de renda fixa (como as debêntures) e derivativos não-padronizados negociados no mercado de balcão – aquele em que a transação se dá diretamente entre as partes interessadas. Segundo o Barclays, a Cetip possui 80% desse mercado, enquanto a BM&F Bovespa fica com 0,5%. Mas o banco lembra que, ao contrário do resto do mundo, onde o mercado de balcão responde pela maioria das transações de debêntures e derivativos, no Brasil, 80% deles são padronizados e negociados em bolsa – o que favorece a BM&F Bovespa.

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A aposta da Cetip é que sua plataforma de transações, a CetipNet, passe a concorrer mais acentuadamente com a da BM&F Bovespa. Hoje, a plataforma responde por 12% das receitas da Cetip, e a empresa espera elevar sua importância na esteira da expansão do interesse dos investidores em renda fixa, inovações e maior diversificação.

Longo prazo

Para o Barclays, quem quiser competir com a BM&F Bovespa poderá escolher entre duas estratégias de longo prazo. A primeira é ser um ambiente de negócios complementar ao da Bovespa. Nesse cenário, todas as transações passariam pela clearing da BM&F Bovespa, que também faria a liquidação dos contratos. Atualmente, um terço das receitas da bolsa provém desses serviços. Para neutralizar os concorrentes, a BM&F Bovespa poderia, no curto prazo, unir a estrutura de suas clearings, o que cortaria custos e taxas. O movimento aumentaria a dificuldade de um rival entrar nesse mercado.

A segunda opção é criar uma clearing paralela e outra contraparte para as negociações. Segundo o Barclays, embora viável, esta é a alternativa menos provável, já que requereria muito tempo para conseguir as licenças necessárias da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central. Além disso, a estratégia demandaria um elevado investimento em tecnologia e na estrutura de garantias financeiras para liquidação dos contratos. Além disso, o Barclays observa que o mercado de capitais brasileiro ainda é muito pequeno para comportar uma segunda bolsa. O banco britânico calcula que, se o novo player conseguisse desviar 10% das operações de ações da BM&F Bovespa, alcançaria uma receita anual de 30 milhões de reais.

As ações ordinárias da Cetip (CTIP3, com direito a voto) encerraram o primeiro dia de negociação na Bovespa com uma queda de 9,53%, cotadas a 11,76 reais. No pior momento do pregão, por volta do meio-dia, os papéis chegaram a recuar mais de 11%. A instituição realizou sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nesta semana. Na operação, os papéis foram vendidos pelo preço mínimo estimado pelos coordenadores – 13 reais. Com a emissão, a Cetip captou 881 milhões de reais. Na estréia da Cetip, o Ibovespa, principal indicador do pregão brasileiro, fechou em forte queda de 4,75%, refletindo o desejo dos investidores de realizar lucros, após uma alta de 70% do índice neste ano, e a avaliação de que resta pouco espaço para forte valorização até dezembro.

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