Captação líquida dos fundos no trimestre fica abaixo da média histórica
Volume de recursos, no entanto, quase triplicou em relação ao mesmo período de 2009
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
A indústria de fundos teve captação líquida positiva de R$ 26,6 bilhões no primeiro trimestre de 2010, volume inferior à média histórica para os três primeiros meses do ano. Mesmo assim, esse montante representa um crescimento de 180% em relação ao mesmo período de 2009 e superou todos os trimestres do ano passado, com exceção do terceiro. Já o patrimônio líquido dos fundos chegou a R$ 1,5 trilhão, um crescimento de 100% desde 2005.
O crescimento da captação líquida no trimestre foi puxado pelos fundos de Renda Fixa, com aportes de R$ 21,9 bilhões. Em segundo lugar, ficaram os fundos de previdência, com uma captação de R$ 5,1 bilhões, no melhor primeiro trimestre dessas aplicações desde 2005. Os fundos previdenciários vêm tendo crescimento superior à indústria nos últimos anos e, atualmente, concentram 10,6% do patrimônio líquido, quase tanto quanto os 11,8% dos fundos de ações.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Demosthenes Pinho Neto, o desempenho inferior à média histórica para o período é compreensível em um cenário pós-crise, mas a forte participação da Renda Fixa no crescimento da captação mostra que o mercado brasileiro está se reajustando à sua ''normalidade'' de preferência por riscos menores.
''Houve uma migração de recursos de fundos multimercados e referenciados DI para Renda Fixa'', explicou Pinho Neto. Os multimercados tiveram captação negativa de R$ 6 bilhões e os DI, de R$ 2,86 bilhões. Apesar disso, a distribuição do patrimônio líquido da indústria entre esses três tipos de fundos permaneceu quase inalterada desde dezembro do ano passado: 22,9% para multimercados, 27,4% para renda fixa e 13,4% para fundos DI.
Demosthenes Pinho Neto esclareceu também que a boa captação dos fundos multimercados no ano passado, capitaneando por alguns meses o crescimento da captação líquida total, na verdade representaram uma recuperação após a crise. ''Os multimercados no ano passado assistiram a uma normalização, pois tiveram muitas perdas em 2008'', disse o vice-presidente da Anbima.
Os fundos de Renda Fixa e os DI apresentaram rentabilidade de 2,74% e 2,05% respectivamente no primeiro trimestre, acima dos 2,02% da CDI. Já os fundos multimercados macro tiveram desempenho positivo de 3,38%, acima do Ibovespa, que ficou em 2,6%. Apesar do desempenho negativo de 0,75% das Ações Small Caps, esses ativos têm se recuperado significativamente, apresentando uma rentabilidade de 112,41% nos últimos doze meses.
Anbima: taxas de administração médias por fundo
Junto com o balanço trimestral dos fundos de investimento, a Anbima também divulgou e evolução das médias ponderadas das taxas de administração dos fundos de varejo entre 2005 e 2010. Enquanto os fundos de Renda Fixa e os DI apresentaram tendência de queda, os de multimercados e ações apresentaram ligeira alta.
A taxa de administração média dos fundos de Renda Fixa em 2010 é de 1,15%, contra 1,31% em 2005. Já a dos fundos DI é de 1,46%, contra 1,73% no primeiro ano da série. Para os fundos multimercados, houve oscilações ao longo dos anos, mas a taxa média subiu de 1,79% em 2005 para 1,91% este ano. E entre os fundos de ações, a tendência foi de crescimento, com elevação da taxa média de 2,06% em 2005 para 2,23% em 2010.
O vice-presidente da Anbima explica que a redução das taxas médias dos fundos de Renda Fixa e DI deriva de dois fatores: uma migração de recursos de fundos com taxas maiores para aqueles com taxas menores e a criação de fundos já com taxas mais baixas. Por outro lado, a elevação das taxas médias de fundos que operam renda variável se explica pela introdução de novos instrumentos no mercado, o que torna a operação dos fundos mais complexa.
Para Demosthenes Pinho Neto, essa evolução das taxas médias de administração dos fundos é uma tendência e representa um ajuste do mercado. Sobre as taxas que se encontram muito acima da média, Pinho Neto afirma: ''As distorções nas taxas de administração são, mais cedo ou mais tarde, corrigidas pelo mercado''.
A Anbima divulga a média das taxas de administração dos principais fundos do varejo por meio do site da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).