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Bradesco fecha parceria com o banco japonês UFJ

Acordo envolve a intermediação de remessas de brasileiros que trabalham no Japão. Segundo o presidente do banco, Márcio Cypriano, parcerias semelhantes são estudadas em Portugal e na Espanha

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O Bradesco anunciou uma parceria com o banco UFJ, uma das quatro maiores instituições financeiras do Japão. Para o banco nacional, o maior objetivo será aumentar sua intermediação das remessas de recursos dos brasileiros que trabalham no outro país. Já o UFJ espera reforçar sua presença no mercado de varejo, oferecendo a abertura de contas correntes e outros produtos, como empréstimos aos dekasseguis ( brasileiros que trabalham no Japão ).

Segundo o Ministério da Justiça do Japão, cerca de 300 000 brasileiros vivem no país atualmente. Estudos do Bradesco e do UFJ apontam que essa população movimenta cerca de 12 bilhões de dólares por ano, dos quais, 2,5 bilhões são enviados para o Brasil. "Queremos ampliar nossa participação na intermediação desses recursos", afirma o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano. O banco já atua há três anos nesse nicho, mas Cypriano considera que a atual operação é "muito tímida diante do potencial do mercado japonês". O executivo não revelou, porém, qual a participação que pretende alcançar no Japão, por "motivos estratégicos".

O UFJ possui 1,2% do capital do Bradesco, mas Cypriano afirma que a operação não implica em alteração desse percentual. Para habilitar os equipamentos de auto-atendimento a atenderem em português, montar um call center, promover estudos de mercado e os novos serviços, entre outras coisas, os dois bancos já investiram cerca de 20 milhões de dólares. Pelo acordo, imigrantes poderão usar a rede de mais de 500 agências do UFJ e os terminais de auto-atendimento com menu em português. São 4 500 equipamentos do tipo ATM (semelhantes aos caixas 24 horas) e 400 aparelhos do tipo ACM (no qual o cliente pode interagir, por meio de um monitor de vídeo, com um atendente instalado num call center, em tempo real).

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O primeiro passo prático da parceria será dado em 20 de dezembro, quando será possível abrir contas-correntes nos terminais ACM de dez agências bancárias. A partir de fevereiro ou março de 2005, as demais agências do UFJ oferecerão os mesmos serviços. As contas-correntes abertas pela parceria permitirão que o cliente trabalhe com os dois bancos: no Japão, ele será um correntista do UFJ e, no Brasil ou para a remessa de seus recursos para o país, operará como um cliente do Bradesco.

Para o UFJ, o maior interesse é conquistar uma parcela dos 8 bilhões de dólares que os brasileiros gastam anualmente com consumo no Japão. Os dekasseguis também mantêm 1,5 bilhão de dólares em investimentos naquele país. Isso permite que o UFJ ofereça linhas de crédito, cartões de crédito e outros produtos para os brasileiros. Os brasileiros pagarão cerca de 2 mil ienes para cada remessa que efetuarem, independentemente da quantia despachada. Conforme Cypriano, trata-se de uma taxa inicial, que pode ser revista com o amadurecimento da operação.

Atualmente, o UFJ prepara-se para fundir suas operações com Mitsubishi Tokyo Financial Group (MTFG) até setembro de 2005. A operação criará o maior banco do mundo, com ativos estimados em 1,7 trilhão de dólares. Para Toshio Murada, representante do UFJ no acordo com o Bradesco, a fusão não alterará a parceria com o banco brasileiro. "O UFJ tem uma atuação muito voltada para o varejo e está presente em áreas com grande concentração de brasileiros", afirma.

Segundo Cypriano, acordos semelhantes estão em estudo com o banco Espírito Santo, para participar das remessas dos brasileiros que trabalham em Portugal, e com o BBVA, para entrar no mercado espanhol. "Nossos estudos estão avançados, mas não temos um prazo para chegar a esses mercados. Pode ser no ano que vem", afirma.

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