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Bolsa foi o melhor investimento em 2004

Índice da Bovespa fechou o ano com alta de 17,7%, contra 16% para a renda fixa

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Pelo segundo ano consecutivo, as ações ofereceram a melhor rentabilidade para os investidores, deixando para trás opções tradicionais dos brasileiros, como a renda fixa e o dólar. É verdade que o mercado acionário não atravessou um ano sereno. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) foi sacudida por fatores políticos, econômicos e pelo cenário internacional. Mas o bom desempenho do país contribuiu para que as empresas abertas recuperassem suas margens e seus lucros, o que incentivou a valorização de seus papéis e favoreceu os investidores.

O resultado é que o Ibovespa (índice composto pelas 53 ações mais negociadas no pregão) fechou o ano com alta de 17,7%. Enquanto isso, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que baliza as aplicações financeiras em renda fixa, acumulou uma alta de 16%. Neste ano, os maiores prejudicados foram os que investiram no câmbio, já que a moeda americana encerrou o ano com uma queda acumulada de 8,58%.

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Percalços

No início do ano, a Bovespa sentiu o rescaldo da crise política. Desde fevereiro de 2003, quando o giro baixou para 10 280 pontos, os negócios vinham reagindo, e o ano passado fechou na marca dos 22 200 pontos. Em março e abril, após as denúncias contra Waldomiro Diniz, então assessor do ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o movimento regrediu quase 3 000 pontos, caindo para 19 500.

Outro fator que afastou os investidores do mercado de capitais foram os aumentos da taxa de juros dos Estados Unidos, a partir de junho. Naquele mês, o Federal Reserve (banco central americano) elevou os juros em 0,25 ponto percentual era o primeiro aumento em quatro anos. Animados pela perspectiva de maiores ganhos ao aplicar em títulos do Tesouro americano, os investidores estrangeiros começaram a sair da Bovespa.

O resultado foi imediato. Já em junho, o saldo das negociações de estrangeiros no pregão (compra menos venda de ações) foi negativo em 571,312 milhões de reais. Em agosto, o Fed elevou novamente os juros em 0,25 pp, e o saldo negativo dos investidores estrangeiros na Bovespa bateu em 866,720 milhões de reais no mesmo mês.

O outro fator que influenciou no desempenho da bolsa foi o aumento da Selic, que estimulou os investidores a aplicar em renda fixa. A taxa, que permaneceu em 16% ao ano entre abril e agosto, foi elevada para 16,25% em setembro, iniciando o ajuste gradual anunciado pelo BC, a fim de trazer a inflação para dentro das metas do governo. "Esses aumentos favoreceram as aplicações em renda fixa com juros pós-fixados", afirma Luiz Fernando Pedrinha, gestor de renda variável da Banif Primus Asset Management.

Recuperação

Mas os bons números da economia, como a expectativa de crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), os recordes da balança comercial e o saldo positivo das contas correntes, aliados à retomada dos investimentos produtivos, com o aumento da Formação Bruta de Capital Fixo, deram um novo fôlego para as companhias abertas. O desempenho da economia favoreceu os negócios e se refletiu na recuperação da Bolsa.

"As empresas recuperaram margens, melhoraram os lucros e voltaram a contratar", afirma Milton Milioni, diretor da corretora Geração Futuro. Outro sinal de confiança na Bovespa foi a listagem de novas companhias, como Gol e Natura.

Para Milioni, o ano foi melhor ainda para as companhias de segunda linha aquelas que não integram o Ibovespa. Tais empresas foram as que mais se beneficiaram com a retomada da atividade econômica, o que se refletiu na redução de seu nível de endividamento, por exemplo. Quem aplica nestas companhias sentiu os benefícios no bolso. A Geração Futuro administra cerca de 100 clubes de investimento, cujas carteiras são compostas, prioritariamente, por empresas foram do Ibovespa. Com isso, encerrará o ano com uma rentabilidade entre 60% e 80%, de acordo com a carteira.

Câmbio

Os investimentos em fundos cambiais não viveram um bom momento. A melhoria do país estimulou o aumento dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), segundo William Eid Jr., coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas. No início do ano, esperava-se que os estrangeiros aportassem 12 bilhões de dólares no país. As últimas projeções do Relatório de Mercado do BC indicam 16 bilhões.

O câmbio também foi pressionado pelo saldo positivo da balança comercial, que deve fechar o ano em 32 bilhões de dólares, conforme o Ministério do Desenvolvimento. Por fim, o dólar também está fraco diante de outras moedas, e diversos analistas apontam para a necessidade de uma política conjunta dos países desenvolvidos para fortalecer a divisa americana. "Foi um péssimo ano para quem investiu em dólar", afirma Pedrinha, da Banif Primus.

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