As estratégias da corretora que mais acertou em 2012
Corretora Geral Investimentos, que teve a carteira de ações recomendada mais rentável de 2012, revela quais estratégias de investimento possibilitaram o bom resultado
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 09h39.
São Paulo – A rentabilidade acumulada pela carteira recomendada de ações da corretora Geral Investimentos em 2012 foi de 55,48%, alta bastante superior ao principal índice de referência da Bolsa brasileira, o Ibovespa, que registrou valorização de 7,40% no ano.
Com esta performance, a Geral foi a corretora cujas sugestões de ações foram as mais acertadas em 2012 entre as 22 corretoras que informaram os resultados anuais de suas carteiras à EXAME.com.
Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos, afirma que o principal motivador do bom desempenho foi a recomendação das ações com base na análise fundamentalista, ou seja, na avaliação da saúde financeira das empresas e de todos os fatores macro e microeconômicos que influenciam seu desempenho. “Nós procuramos entender bem o que ocorre no mundo e no Brasil, e a partir desse primeiro diagnóstico vemos quais setores e empresas se beneficiam mais desse cenário”, afirma.
Seguindo essa estratégia, a corretora buscou investir mais em empresas ligadas ao mercado interno para evitar as ações mais expostas ao pessimismo internacional. “Durante os 12 meses nós investimos em poucas empresas ligadas ao exterior”, explica Müller.
Setores que mais beneficiaram a carteira
De acordo com o analista chefe da corretora, os setores que trouxeram melhor resultado no ano passado foram os de shopping centers, varejo e construção civil.
Ainda que empresas do setor de construção civil tenham registrado desvalorização ou baixo desempenho de forma geral, o investimento em empresas com altas margens de lucro e mais conservadoras se revelou certeiro. “A ampla maioria de empresas do setor teve uma expansão muito agressiva desde a entrada na Bolsa e teve problemas de rentabilidade em 2012. Nós focamos em empresas com margens elevadas, boa gestão e estrutura de capital conservadora. A partir desses filtros investimos na Helbor, Eztec e JHSF, que tiveram performance muito boa”, diz Müller.
As empresas ligadas ao setor de shopping centers, segundo o analista, são interessantes porque protegem o investidor da inflação. “Os aluguéis das lojas são corrigidos por índices de inflação, e os shoppings conseguem captar a boa dinâmica do varejo. Além disso, eles ganham royalties sobre as vendas das lojas. Por isso, a nossa expectativa sobre o setor segue muito boa”, diz.
No varejo, a corretora destaca a posição da Hering na carteira durante cinco meses e a sua substituição pela Renner, que entrou no portfólio nos últimos três meses do ano, quando a Hering começou a apresentar resultados menos favoráveis. “A Renner sempre foi uma das nossas ações preferidas porque é uma empresa que tem um plano de expansão muito bem feito e sua parte de logística é excelente”.
Ele acrescenta que a Natura também foi outra ação do setor de varejo que trouxe bons resultados, principalmente por conta da forte geração de caixa da companhia.
As ações que mais contribuíram para a valorização da carteira
As ações que mais beneficiaram os resultados, segundo Müller, foram da Ambev, BR Malls e Eztec. Segundo ele, a Ambev é uma empresa que, apesar de ter ações consideradas caras, tem uma gestão muito eficiente e produtos que não sofrem grandes oscilações de demanda, o que tem resultado em bons retornos.
A BR Malls, uma das maiores gestoras de shoppings do Brasil, gerou resultados satisfatórios pelo bom histórico de aquisições e por suas pertinentes estratégias de investimento, segundo o analista-chefe da Geral. “A empresa tem os melhores níveis de rentabilidade e eficiência do setor por causa do bom histórico de aquisições e porque consegue muito dinheiro com a participação e o desenvolvimento de shoppings, além de se proteger contra a inflação”.
Já a Eztec, que atua no setor imobiliário da região metropolitana de São Paulo, se destacou entre outras empresas do setor por ter uma conservadora estrutura de capital, que permitiu a obtenção de margens operacionais muito elevadas.
Ganhos com retiradas da carteira
Segundo Carlos Müller, não só as investidas, mas as retiradas de papéis de alguns setores também contribuíram para o resultado da carteira em 2012. Em um ano que a Bolsa foi marcada pela crise internacional e internamente pela interferência do governo no setor energético, com o anúncio de novas medidas regulatórias, fugir do setor elétrico e de empresas exportadoras também foi uma estratégia crucial para o resultado final.
“Durante o ano todo ficamos fora de Petrobras, o que foi um ótimo acerto, e fora de OGX. A OGX era uma empresa que nós vínhamos observando, mas um grande fator que olhamos na época era se ela iria entregar a produção que tinha previsto. Como não foram cumpridos alguns prazos, nós saímos do papel e a decisão se mostrou correta”, comenta Müller.
As companhias do setor de siderurgia também foram excluídas da carteira. Os motivos foram as turbulências do mercado externo, que impactam negativamente as suas exportações e também a entrega de maus resultados, influenciados, entre outros motivos, pela concorrência com produtos importados.
Com a alteração das regras de renovações das concessões do setor de energia, a retirada de papéis do setor elétrico também evitou prejuízos. “No setor de energia, nós tivemos durante muito tempo na carteira a Cemig e a Tractebel. Com a decisão do governo em setembro de alterar as regras das renovações optamos, por precaução, por ficar fora do segmento. Tivemos uma perda momentânea, mas no final a estratégia foi bastante acertada”, avalia.
Perspectivas para 2013
Para 2013, o analista chefe da Geral Investimentos continua acreditando em um mercado interno mais forte e em uma situação um pouco melhor nos Estados Unidos. “Nós vamos focar em algumas empresas do setor industrial. Pelos estímulos que o governo tem dado, nós gostamos bastante do setor”.
Veja a seguir as principais ações recomendadas pela corretora para 2013 e as justificativas para cada uma das indicações:
BR Malls (BRML3): Com contratos de aluguéis ajustados por índices inflacionários, a BR Malls deve tirar proveito da projeção de inflação acima da meta e também pode se beneficiar com ganhos de royalties pelo aumento do faturamento de vendas.
Eztec (EZTC3): A companhia, que atua no setor de construção civil, apresenta algumas das melhores margens operacionais da área e uma conservadora estrutura de capital. Apesar de operar com múltiplos acima da média do setor, suas elevadas margens bruta e líquida mais do que compensam o investimento.
Mills (MILS3): A companhia presta serviços especializados de engenharia e fornece equipamentos de acesso (plataformas, andaimes), formas de concretagem e estruturas tubulares, atuando em grandes projetos de infraestrutura e construção. Em virtude disso, a empresa tem um ótimo potencial de crescimento, principalmente diante dos investimentos em infraestrutura e construção civil previstos para os próximos anos no país.
Natura (NATU3): Além de possuir 1,2 milhão de consultoras no Brasil e 289.000 no exterior, a companhia tem buscado aumentar a produtividade das suas vendedoras, além de diminuir a indisponibilidade de produtos e o tempo de entrega. O investimento na empresa captura tanto o potencial de expansão do varejo no Brasil e na América Latina, quanto um bom pagamento de dividendos.
Valid (VLID3): A Valid atua principalmente na emissão de cartões de crédito, carteiras de habilitação e cartões SIM, que apresentam uma demanda crescente. Os principais clientes da companhia são instituições financeiras, governos e empresas de telefonia. Com isso, a empresa oferece segurança em relação aos seus resultados e tem um forte potencial de crescimento vindo de novos negócios e aquisições.
São Paulo – A rentabilidade acumulada pela carteira recomendada de ações da corretora Geral Investimentos em 2012 foi de 55,48%, alta bastante superior ao principal índice de referência da Bolsa brasileira, o Ibovespa, que registrou valorização de 7,40% no ano.
Com esta performance, a Geral foi a corretora cujas sugestões de ações foram as mais acertadas em 2012 entre as 22 corretoras que informaram os resultados anuais de suas carteiras à EXAME.com.
Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos, afirma que o principal motivador do bom desempenho foi a recomendação das ações com base na análise fundamentalista, ou seja, na avaliação da saúde financeira das empresas e de todos os fatores macro e microeconômicos que influenciam seu desempenho. “Nós procuramos entender bem o que ocorre no mundo e no Brasil, e a partir desse primeiro diagnóstico vemos quais setores e empresas se beneficiam mais desse cenário”, afirma.
Seguindo essa estratégia, a corretora buscou investir mais em empresas ligadas ao mercado interno para evitar as ações mais expostas ao pessimismo internacional. “Durante os 12 meses nós investimos em poucas empresas ligadas ao exterior”, explica Müller.
Setores que mais beneficiaram a carteira
De acordo com o analista chefe da corretora, os setores que trouxeram melhor resultado no ano passado foram os de shopping centers, varejo e construção civil.
Ainda que empresas do setor de construção civil tenham registrado desvalorização ou baixo desempenho de forma geral, o investimento em empresas com altas margens de lucro e mais conservadoras se revelou certeiro. “A ampla maioria de empresas do setor teve uma expansão muito agressiva desde a entrada na Bolsa e teve problemas de rentabilidade em 2012. Nós focamos em empresas com margens elevadas, boa gestão e estrutura de capital conservadora. A partir desses filtros investimos na Helbor, Eztec e JHSF, que tiveram performance muito boa”, diz Müller.
As empresas ligadas ao setor de shopping centers, segundo o analista, são interessantes porque protegem o investidor da inflação. “Os aluguéis das lojas são corrigidos por índices de inflação, e os shoppings conseguem captar a boa dinâmica do varejo. Além disso, eles ganham royalties sobre as vendas das lojas. Por isso, a nossa expectativa sobre o setor segue muito boa”, diz.
No varejo, a corretora destaca a posição da Hering na carteira durante cinco meses e a sua substituição pela Renner, que entrou no portfólio nos últimos três meses do ano, quando a Hering começou a apresentar resultados menos favoráveis. “A Renner sempre foi uma das nossas ações preferidas porque é uma empresa que tem um plano de expansão muito bem feito e sua parte de logística é excelente”.
Ele acrescenta que a Natura também foi outra ação do setor de varejo que trouxe bons resultados, principalmente por conta da forte geração de caixa da companhia.
As ações que mais contribuíram para a valorização da carteira
As ações que mais beneficiaram os resultados, segundo Müller, foram da Ambev, BR Malls e Eztec. Segundo ele, a Ambev é uma empresa que, apesar de ter ações consideradas caras, tem uma gestão muito eficiente e produtos que não sofrem grandes oscilações de demanda, o que tem resultado em bons retornos.
A BR Malls, uma das maiores gestoras de shoppings do Brasil, gerou resultados satisfatórios pelo bom histórico de aquisições e por suas pertinentes estratégias de investimento, segundo o analista-chefe da Geral. “A empresa tem os melhores níveis de rentabilidade e eficiência do setor por causa do bom histórico de aquisições e porque consegue muito dinheiro com a participação e o desenvolvimento de shoppings, além de se proteger contra a inflação”.
Já a Eztec, que atua no setor imobiliário da região metropolitana de São Paulo, se destacou entre outras empresas do setor por ter uma conservadora estrutura de capital, que permitiu a obtenção de margens operacionais muito elevadas.
Ganhos com retiradas da carteira
Segundo Carlos Müller, não só as investidas, mas as retiradas de papéis de alguns setores também contribuíram para o resultado da carteira em 2012. Em um ano que a Bolsa foi marcada pela crise internacional e internamente pela interferência do governo no setor energético, com o anúncio de novas medidas regulatórias, fugir do setor elétrico e de empresas exportadoras também foi uma estratégia crucial para o resultado final.
“Durante o ano todo ficamos fora de Petrobras, o que foi um ótimo acerto, e fora de OGX. A OGX era uma empresa que nós vínhamos observando, mas um grande fator que olhamos na época era se ela iria entregar a produção que tinha previsto. Como não foram cumpridos alguns prazos, nós saímos do papel e a decisão se mostrou correta”, comenta Müller.
As companhias do setor de siderurgia também foram excluídas da carteira. Os motivos foram as turbulências do mercado externo, que impactam negativamente as suas exportações e também a entrega de maus resultados, influenciados, entre outros motivos, pela concorrência com produtos importados.
Com a alteração das regras de renovações das concessões do setor de energia, a retirada de papéis do setor elétrico também evitou prejuízos. “No setor de energia, nós tivemos durante muito tempo na carteira a Cemig e a Tractebel. Com a decisão do governo em setembro de alterar as regras das renovações optamos, por precaução, por ficar fora do segmento. Tivemos uma perda momentânea, mas no final a estratégia foi bastante acertada”, avalia.
Perspectivas para 2013
Para 2013, o analista chefe da Geral Investimentos continua acreditando em um mercado interno mais forte e em uma situação um pouco melhor nos Estados Unidos. “Nós vamos focar em algumas empresas do setor industrial. Pelos estímulos que o governo tem dado, nós gostamos bastante do setor”.
Veja a seguir as principais ações recomendadas pela corretora para 2013 e as justificativas para cada uma das indicações:
BR Malls (BRML3): Com contratos de aluguéis ajustados por índices inflacionários, a BR Malls deve tirar proveito da projeção de inflação acima da meta e também pode se beneficiar com ganhos de royalties pelo aumento do faturamento de vendas.
Eztec (EZTC3): A companhia, que atua no setor de construção civil, apresenta algumas das melhores margens operacionais da área e uma conservadora estrutura de capital. Apesar de operar com múltiplos acima da média do setor, suas elevadas margens bruta e líquida mais do que compensam o investimento.
Mills (MILS3): A companhia presta serviços especializados de engenharia e fornece equipamentos de acesso (plataformas, andaimes), formas de concretagem e estruturas tubulares, atuando em grandes projetos de infraestrutura e construção. Em virtude disso, a empresa tem um ótimo potencial de crescimento, principalmente diante dos investimentos em infraestrutura e construção civil previstos para os próximos anos no país.
Natura (NATU3): Além de possuir 1,2 milhão de consultoras no Brasil e 289.000 no exterior, a companhia tem buscado aumentar a produtividade das suas vendedoras, além de diminuir a indisponibilidade de produtos e o tempo de entrega. O investimento na empresa captura tanto o potencial de expansão do varejo no Brasil e na América Latina, quanto um bom pagamento de dividendos.
Valid (VLID3): A Valid atua principalmente na emissão de cartões de crédito, carteiras de habilitação e cartões SIM, que apresentam uma demanda crescente. Os principais clientes da companhia são instituições financeiras, governos e empresas de telefonia. Com isso, a empresa oferece segurança em relação aos seus resultados e tem um forte potencial de crescimento vindo de novos negócios e aquisições.