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O executivo que vai integrar a América Latina

São Paulo - Depois de anos à frente do projeto de internacionalização da BM&FBovespa, Paulo de Sousa Oliveira, ex-diretor de desenvolvimento e fomento de negócios, foi eleito para um projeto ainda mais ambicioso. O executivo agora tem o desafio de liderar uma equipe de 10 pessoas para tocar a BRAIN (Brasil Investimentos & Negócios) que […]

A partir de São Paulo, investidores e bancos poderão operar no mercado financeiro de vários países (.)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - Depois de anos à frente do projeto de internacionalização da BM&FBovespa, Paulo de Sousa Oliveira, ex-diretor de desenvolvimento e fomento de negócios, foi eleito para um projeto ainda mais ambicioso. O executivo agora tem o desafio de liderar uma equipe de 10 pessoas para tocar a BRAIN (Brasil Investimentos & Negócios) que almeja tornar o Brasil, em um período inicial de três anos, no polo financeiro da América Latina, com presença global.

A entidade foi fundada esta semana pelos líderes da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e BM&FBovespa, que são também os sócios na empreitada. A Brain terá uma sede em São Paulo (no mesmo prédio da Anbima) e outra no Rio de Janeiro (no mesmo edifício da CVM).

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Um dos primeiros passos, segundo Oliveira, é conquistar mais parceiros. "Esse momento é o de trazer mais associados. Dependemos da pluralidade de representantes. O sucesso precisa disso", explica. O apoio exige o aporte de R$ 1 milhão por ano, até 2012. Os próximos podem ser a FIESP, Firjan ou a Associação Comercial de São Paulo. Oliveira falou sobre o BRAIN ao Portal EXAME. Confira os principais trechos da entrevista:

Portal EXAME - Como foi o processo de criação da Brain?

Paulo Oliveira - O projeto foi tocada pelos três sócios. Na Anbima foi o Pedro Guerra, que teve a ideia. Na Febraban foi o Oswaldo de Assis. E eu pela BM&FBovespa. Entrevistamos quase 150 pessoas e fechamos isso no final de 2009. De novembro e dezembro e a constituição foi formalizada no final de janeiro. A primeira definição foi contratar a consultoria Boston Consulting, para que nos apoiasse no processo.

Também buscamos experiências similares ao Brain em outros países. Em Londres, por exemplo, existe o High Level Group, que reúne o setor público, privado e financeiro para discutir como o mercado londrino. Há também a Europlace. Além disso, há similares em Dubai e Hong Kong. Começamos com uma equipe de 6 pessoas, mas o objetivo é formas uma equipe enxuta e de alto nível com 10 profissionais.

Portal EXAME - Como diretor-geral da Brain fica mais fácil resolver questões regulatórias e políticas, que antes o senhor esbarrava na posição de diretor da bolsa?

Paulo Oliveira - Essa é uma das razões de a Brain existir. Não defendemos um setor específico de mercado. Assim, na hora de conversar com outros reguladores, a minha posição é mais neutra. É algo que facilita. Eu já falava com as “CVMs” e Bancos Centrais dos países quando estava na bolsa. Já há um consenso de que é importante integrar os mercados latino-americanos e definir um marco regulatório da América Latina. O processo está mais avançado no Chile, Colômbia e Peru. Depois vem o México e a Argentina.

 <hr>  <p class="pagina"><strong>Portal EXAME</strong> - E o que precisa ser adequado na comunicação entre os países, fora as parcerias da BM&amp;Bovespa? 

Paulo Oliveira - Precisamos integrar as operações das tesourarias dos bancos. As grandes instituições internacionais e as brasileiras que operam na AL e em outros países têm sede no Brasil. É daqui que partem as decisões em relação de exposição às moedas e taxas de juros da região. Conversamos com as tesourarias para desenvolver novos produtos para atrair as operações dos bancos locais que hoje são realizadas no mercado de balcão de Nova York. Não há razão para não fazer isso aqui no Brasil.

Um exemplo. Se o banco tem a necessidade de um contrato de peso x real, para 256 dias, de US$ 1 milhão, ele faz isso em NY com alguma instituição americana que, por sua vez, para travar o contrato, faz um hedge em uma bolsa. O Brasil já tem a bolsa que é o lugar para travar. Agora precisamos de um interbancário forte e criar produtos de hedge e ajudar as tesourarias.

Portal EXAME - Qual é o prazo para começarmos a ver os resultados?

Paulo Oliveira - O conceito da Brain é de longo prazo. Os resultados vêm aos poucos. Portanto, não há um deadline. Mas acredito que daqui a três anos poderemos olhar para trás e perceber que muita coisa foi feita. Ainda em 2010 teremos condições de desenvolver esses novos produtos para tesourarias. Isso ainda passa pelo BC liberar algumas travas cambiais que, aliás, já têm anunciado.

Portal EXAME - O que ainda precisa ser feito para por em prática a listagem dupla das empresas entre as bolsas da região?

Paulo Oliveira - A CVM já deu um passo importante ao tratar do assunto na "nova 202", que reformula a regulação do mercado de capitais e disciplina, de forma mais clara, o que é um BDR (Brazilian Depositaty Receipts) – papel que representa a ação de uma empresa com sede no exterior. Não queremos que uma empresa brasileira tenha sede no exterior apenas para ter benefícios com a emissão de BDRs. Da mesma maneira, o BC tem ajudado com as resoluções de simplificação cambial.

Um dos principais pontos é poder sair com recursos do Brasil sem ter entrado com eles. Um investidor que está no Chile, mas negocia aqui, precisa levar os recursos embora quando vende os papéis. Isso esbarra em uma lei que precisa ser revista, mas que já está em andamento. Isso acontece porque o Brasil sempre teve uma muralha para proteger a evasão de divisas.

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