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Petrobras desaba com escolha de novo CEO e derruba Bovespa

Decisão de nomear para o comando da Petrobras Aldemir Bendine frustrou investidores e derrubou as ações da estatal, fazendo o Ibovespa também cair


	Prédio da Petrobras: ações preferenciais da estatal perderam 6,94% e as ordinárias caíram 6,52%
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Prédio da Petrobras: ações preferenciais da estatal perderam 6,94% e as ordinárias caíram 6,52% (Ricardo Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 18h24.

São Paulo - A nomeação de Aldemir Bendine para presidência-executiva da Petrobras frustrou investidores que esperavam um nome mais independente no comando da estatal, e derrubou as ações da petroleira e arrastando a Bovespa nesta sexta-feira.

As ações preferenciais da estatal perderam 6,94 por cento e as ordinárias caíram 6,52 por cento, pressionando o Ibovespa, que fechou em queda de 0,9 por cento, a 48.792 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou a perder 2 por cento.

O giro financeiro do pregão foi de 7,3 bilhões de reais.

O Ibovespa acumulou alta de 4,02 por cento na semana, no melhor desempenho semanal desde novembro. O Conselho de Administração da Petrobras oficializou durante a tarde a nomeação de Bendine como presidente-executivo e Ivan Monteiro como diretor de Finanças da estatal. Monteiro também ocupava o mesmo cargo no BB.

As ações da petroleira já vinham sofrendo desde o início do pregão com notícias sobre a provável nomeação de Bendine como substituto de Maria das Graças Foster, que anunciou sua renúncia ao cargo na última quarta-feira.

Segundo participantes do mercado, o perfil de Bendine leva a crer em um elo político mais forte do que o desejado pelo mercado entra a estatal e o governo, que tem sofrido desgaste em meio ao escândalo de corrupção que se abateu sobre a Petrobras e que tem sido criticado por ingerência política na petroleira.

"O BB foi absolutamente comandado pelo governo na primeira gestão e a Petrobras precisaria de alguém mais independente, que peitasse o governo em determinadas situações e não fizesse loteamento de cargos", disse à Reuters o sócio da Órama Investimentos Álvaro Bandeira, no Rio de Janeiro.

Nomes que vinham circulando na mídia, como o de Murilo Ferreira, presidente da Vale, e o de José Carlos Grubisich, ex-presidente da Braskem, teriam sido melhor recebidos. Em nota a clientes, o Bradesco BBI disse que Bendine não forneceria o choque de credibilidade necessário à companhia.

Mas analistas do banco afirmaram acreditar que a indicação é apenas uma solução temporária até que o governo encontre um presidente-executivo permanente.

O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, avaliou, no entanto, que Bendine não ficará no comando da estatal por um período curto.

As ações do Banco do Brasil também recuaram, embora a saída de Bendine já fosse esperada. A presidente Dilma Rousseff nomeou o atual vice-presidente de varejo da instituição, Alexandre Abreu, para assumir o comando do maior banco do país.

Superando as ações da Petrobras na ponta negativa do Ibovespa, os papéis da companhia de educação Kroton caíram mais de 10 por cento, a 10,25 reais, após a companhia reduzir a previsão de crescimento por conta das mudanças promovidas pelo governo federal nas regras do programa de financiamento.

O Morgan Stanley cortou nesta sexta o preço-alvo da ação da companhia e da rival Estácio, respectivamente, para 14,80 e 20,90 reais. A Estácio recuou 6,1 por cento e fechou a 16,93 reais.

No sentido contrário, a América Latina Logística (ALL) subiu 4 por cento, ainda em meio a expectativas positivas sobre o julgamento, na semana que vem, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) da fusão com a Rumo Logística, do grupo Cosan. Ambev, que teve preço-alvo elevado pelo JP Morgan para 19 ante 17 reais, subiu 1,42 por cento, na maior influência positiva para o Ibovespa. O banco tem recomendação neutra para o papel.

As exportadoras Fibria, Embraer e Suzano avançavam em dia de alta do dólar ante o real.

*Atualizada às 18h23 do dia 06/02/2015

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