O IPO do BMG sai? Por que 2018 foi um ano de recuos na B3
Banco mineiro pode adiar sua abertura de capital, assim como o fizeram uma série de outras empresas. Para 2019, há até 30 IPOs na fila
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2018 às 06h34.
Última atualização em 17 de dezembro de 2018 às 11h45.
O banco mineiro BMG deve fechar, nesta segunda-feira, a lista de aberturas de capital (IPOs) adiadas em 2018, segundo fontes do jornal O Estado de S. Paulo. Está marcada para hoje a precificação do IPO da companhia, mas a procura pelos papeis está aquém do esperado por seus acionistas. Eles fixaram a faixa indicativa entre 11 e 14 reais, e não estariam dispostos a levar adiante uma oferta abaixo deste intervalo.
Faltam cerca de 500 milhões de reais em ordens para que a oferta saia no piso da faixa estabelecida. Como trunfo para seu IPO, o BMG se apresenta como líder no mercado de cartão de crédito consignado e como sexto maior emissor de cartões de crédito do país. Mas pode não ser o suficiente para superar as indefinições da transição política e a desconfiança dos investidores com um cenário externo marcado por uma possível guerra comercial entre China e Estados Unidos e por uma indefinição na política de juros americana.
O índice Ibovespa acumula alta de 12% em 2018, mas anda praticamente de lado desde a eleição de Jair Bolsonaro, no fim de outubro. O dólar acumula sete semanas de alta desde a definição do novo presidente, num movimento pouco esperado por analistas para este fim de ano. É uma combinação que fez a lista de aberturas de capital adiadas em 2018 crescer ainda mais nesta reta final do ano. Além do BMG, a empresa de tecnologia Tivit também preferiu deixar, em novembro, seu IPO para 2019.
Para o ano que vem, a previsão da própria B3 é que aconteçam de 15 a 30 aberturas de capital, a começar pelas empresas que desistiram este ano. Entre elas estão as varejistas Centauro e Ri Happy, a Blau Farmacêutica, a incorporadora JHSF Malls, a Dass Calçados, a Banrisul Cartões, a financeira Agibank. Das empresas que de fato foram à bolsa brasileira, a operadora de planos de saúde Hapvida anda de lado no ano, enquanto a concorrente Notredame Intermédica valorizou mais de 40% desde abril. No setor financeiro, o Banco Inter já valorizou 119% desde a sua estreia na B3.
A previsão de analistas, segundo a edição de EXAME Onde Investir, é que o Ibovespa possa chegar aos 100.000 pontos ano que vem. Mas, se o interesse pelos IPOs de fato voltar, a B3 deve seguir enfrentando a competição das bolsas americanas. Este ano, as fintechs PagSeguro e Stone e o grupo educacional Arko abriram capital nos Estados Unidos. As companhias aproveitaram uma euforia com o mercado americano puxada por estímulos fiscais da Casa Branca. Mas o cenário para 2019 é menos dourado, com analistas prevendo um desaquecimento do mercado de consumo e, por consequência, do mercado de capitais. O ano que vem tem IPOs enormes na fila, como das empresas de transporte Uber e Lyft e do site de compartilhamento de imóveis AirBnB.
Mas, tanto no Brasil quanto lá fora, é preciso esperar para ver. É a política quem deve ditar a velocidade com que andará a fila dos IPOs.