Fundo Versa aposta nas empresas mais endividadas da Bovespa
O raciocínio é que papéis de companhias como BR Malls Participações e Copel foram prejudicados por temores em relação às despesas para serviço da dívida
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2016 às 15h40.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2017 às 17h24.
Santiago - Um dos gestores de fundos de hedge do Brasil com melhor desempenho está comprando ações de empresas altamente endividadas, apostando que elas têm muito a ganhar com o corte dos juros que estão entre os mais elevados do mundo.
O raciocínio é que papéis de companhias como BR Malls Participações e Cia. Paranaense de Energia (Copel) foram prejudicados por temores em relação às despesas para serviço da dívida.
No entanto, esses custos devem recuar nos próximos meses e anos, contanto que o Banco Central realize os cortes de juros esperados pelos analistas, explicou Luiz Alves, gestor do fundo de ações que superou 96 por cento de seus pares neste ano.
"A oportunidade que estamos vendo agora são ações expostas a taxas de juros", disse Alves, gestor do Versa Long Biased FI Multimercado, em São Paulo.
Ele prevê que o Ibovespa ficará praticamente inalterado nos próximos meses, após um salto de 64 por cento em dólares no acumulado do ano, o que representa o melhor desempenho do mundo para um índice acionário de referência.
O Versa, que utiliza alavancagem para impulsionar o retorno, acumula ganho de 177 por cento.
A operadora de shopping centers BR Malls viu sua taxa de alavancagem quase dobrar no último ano e está em desvantagem em relação ao Ibovespa.
A dívida da Copel mais que dobrou em três anos. Alves também gosta da Gafisa, por acreditar na retomada da construção civil e na demanda maior por financiamento imobiliário quando os juros caírem.
O maior ativo do minúsculo fundo de R$ 6,5 milhões é a Cia. de Locação das Américas (Locamerica), que lidera os ganhos do fundo neste ano.
Alves viu o papel negociado com desconto de 35 por cento em relação ao valor da frota de 30.000 veículos. A ação subiu 86 por cento em dólares neste ano.
A alavancagem do Versa aumenta sua exposição a ações ao equivalente a aproximadamente R$ 20 milhões. A GTI planeja um roadshow no início do ano que vem para promover o fundo e atrair mais investidores, informou Alves.
Ele é sócio da GTI Administração de Recursos, gestora de ativos estabelecida em 2007 que também tem R$ 100 milhões em ativos no fundo GTI Dimona Brasil FIA, que registra desempenho superior ao de 97 por cento de seus pares.
A pior aposta do Versa neste ano foi na Rumo Logística, maior operadora de ferrovias do País, que caiu em desfavor após os controladores anunciarem um aumento de capital de R$ 2,4 bilhões. A ação avançou somente 15 por cento em dólares neste ano.
Após a disparada do Ibovespa em 2016, Alves planeja apostar na queda de ações que atingiram níveis de "minibolha", diante das previsões de lentidão do crescimento econômico.
Uma aposta a descoberto é na ação da rede de farmácias Raia Drogasil, que quase dobrou nos últimos dois anos.