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Efeito corona: ações de biotecnologia chegam a subir mais de 1.000%

Pequenas empresas se tornam grandes em corrida por vacinas e remédios contra o coronavírus covid-19

Covid-19: empresa que faz diagnóstico da doença acumula alta de 1.838% (Taechit Taechamanodom/Getty Images)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 19 de maio de 2020 às 09h26.

Última atualização em 19 de maio de 2020 às 10h05.

Conhecida por comportar gigantes da tecnologia, como Google, Amazon, Microsoft e Apple, a Nasdaq agora se destaca por ser a bolsa das ações de biotecnologia, que chegam a se valorizar mais de 1.000%. Nela, estão listadas empresas que ganharam relevância na corrida contra a pandemia do coronavírus, como Moderna, Gilead e Sorrento.

Considerada uma das favoritas na busca pela vacina do covid-19, a Moderna subiu 20%, nesta segunda-feira,18, após anunciar que teve sucesso em testes feitos com seres humanos. Fundada em 2010 por ex-professores de Harvard, a companhia quadruplicou o valor de suas ações desde o início do ano, chegando a quase 30 bilhões de dólares de valor de mercado – tamanho quase equivalente ao da Ambev.

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O resultado do teste da Moderna não só gerou maior otimismo entre seus acionistas como em todo o mercado financeiro, já que uma vacina pode significar o fim do isolamento social. Na sexta-feira, 15, a descoberta de outra empresa chamou a atenção dos investidores.

Até então desconhecida por grande parte do mercado financeiro, a Sorrento Therapeutics ganhou notoriedade, depois de seu presidente afirmar, em entrevista à Fox News, ter descoberto a cura do coronavírus. No mesmo dia, as ações da companhia chegaram a subir 240%, encerrando em alta de 158%. Os ganhos que a Sorrento proporcionou em apenas um pregão é quatro vezes maior que a valorização que os papéis da Amazon, um dos mais beneficiados pela onda de vendas digitais, acumulam no ano.

Mesmo após ter mais do que dobrado seu valor de suas ações em um dia, com valor de mercado de 1,3 bilhões de dólares, a Sorrento continua sendo uma nanica em uma disputa de gigantes.

Uma das concorrentes nessa corrida é a Gilead, cerca de 30 vezes maior. Embora tenha aberto mão da patente do remdesivir, uma das principais apostas da companhia no tratamento de pacientes com a doença, a Gilead acumula apreciação de 15% no ano. A valorização a colocaria entre as quatro maiores valorizações do Ibovespa, mas longe das maiores altas de Nasdaq.

Na ponta dessa lista, aparece Co-Diagnostics, que já se valorizou 1.838,89%. Com sede em Utah, desenvolveu um kit de testagem para o coronavírus, o Logix Smart. O equipamento, usado para diagnósticos in vitro, teve aprovação da agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) antes mesmo de doença atingir seu pico no país, fazendo que a demanda do produto disparasse.

Na quinta-feira, 14, véspera da divulgação do resultado financeiro do primeiro trimestre, a Co-Diagnostics subiram 37% e atingiram o pico de valorização do ano, chegando a acumular alta de 2.516%. No balanço, a empresa informou que o seu lucro bruto cresceu 36.000% em relação ao mesmo período de 2019.

Com margem bruta de 71,5% por teste, a Co-Diagnostics já produziu 6 milhões de testes Logix Smart e, com pedidos de cerca de 50 países e 15 estados americanos, a companhia pretende fazer mais 20 milhões. Segundo o presidente da empresa, foi necessário aumentar a capacidade de produção para atender a forte demanda.

Avaliada em 479 milhões de dólares, a Co-Diagnostics concorre com companhias como a Abbot, que desenvolveu um teste de 5 minutos para descobrir se o paciente tem o não o covid-19 e possui mais de 150 bilhões de dólares de valor de mercado.

Ainda menor que a Co-Dignostics, a Vaxart ganhou atenção ao anunciar que sua vacina contra o covid-19 obteve sucesso em testes preliminares. Com a valorização de 720% que suas ações acumulam no ano, a companhia chegou a 200 milhões de valor de mercado, quantia considera ínfima se comparada às gigantes que também correm pela vacina, como a multinacional J&J.

Mas apesar da valorização acentuada de algumas empresas de biotecnologia, no geral, as ações de saúde não tiveram grandes desempenhos durante a pandemia, principalmente as das maiores corporações. Com mais de 200 bilhões de dólares de valor de mercado, a United Health Group, por exemplo, chegou a se desvalorizar 33% no ano e, depois de recuperar parte das perdas em abril, está praticamente estável em relação ao fim de 2019.

A performance da United Health se assemelha à do ETF da gestora Black Rock que serve de referência para o setor de saúde, o iShares Global Healthcare. Composto por ações de empresas consolidadas no setor, como J&J, Roche, Abbot e United Health, o fundo passivo acumula alta de 0,47% no ano.

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