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Dólar sobe 0,3% com mercados decepcionados após BCE

No exterior, a moeda americana avançava 1,3% ante uma cesta das principais moedas

Notas de dólar (Getty Images)

Notas de dólar (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2012 às 13h16.

São Paulo - O dólar registrava alta ante o real nesta quinta-feira, com investidores decepcionados com as ações anunciadas pelo Banco Central Europeu (BCE) para apoiar a economia da zona do euro, que é fortemente abatida pela crise da dívida soberana.

Às 12h15, a moeda norte-americana ganhava 0,18 por cento, para 2,0310 reais. No exterior, o dólar avançava 1,3 por cento ante uma cesta das principais moedas, enquanto o euro cedia 1,2 por cento ante a divisa dos Estados Unidos.

"Não veio nenhuma solução eficaz ... É mais uma medida paliativa, com as autoridades jogando a poeira para debaixo do tapete", afirmou o especialista em câmbio da Icap Corretora, Italo dos Santos, referindo-se à decisão do BCE de cortar suas taxas de juros nesta quinta-feira.

Numa tentativa de estimular o crescimento econômico, a autoridade monetária da zona do euro decidiu cortar sua principal taxa de refinanciamento para a mínima recorde, a 0,75 por cento, diminuindo também a taxa de depósito de 0,25 por cento para zero.

No entanto, o BCE resistiu a pressões para reativar o plano que busca aliviar os custos de financiamento para países que sofrem com a crise da dívida, mantendo inativo o programa de compra de títulos pelo quarto mês seguido.

De acordo com Santos, por causa da alta acentuada no exterior, o dólar poderá avançar mais em relação ao real nesta sessão.

"O dólar está voltando para os 2,10 (reais) que vimos há um tempo. Isso porque a situação internacional está se deteriorando e as autoridades brasileiras sinalizaram que o dólar abaixo de 2 reais não é confortável", disse o especialista.

Santos lembrou das declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, que disse na terça-feira que o dólar abaixo de 2 reais "pode não ser bom para a indústria" e que a autoridade monetária poderia intervir comprando dólares no mercado futuro caso necessário.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também afirmou na quarta-feira que o governo tem feito uma política cambial mais ativa, "que resulta num real mais competitivo".

Antes da declaração de Mendes, o dólar era negociado em torno de 1,98 real, devido a uma melhora do sentimento no exterior e após uma forte atuação do BC na ponta vendedora na semana passada, quando a moeda se aproximava de 2,10 reais.


Santos disse que o piso de 2 reais e o teto de 2,10 reais parecem configurar uma banda informal para interveções do BC, que pode ser alterada a qualquer momento, no entanto.

Para um economista sênior de um banco internacional, as declarações das autoridades brasileiras mostram a intenção do governo de defender um dólar mais valorizado em relação ao real.

"Com a indústria muito fraca como está, o governo mostra que quer o dólar mais forte para incentivar a atividade", afirmou.

Na terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial brasileira caiu 0,9 por cento em maio frente a abril, pior do que o esperado pelo mercado e marcando a terceira queda mensal seguida. Na comparação com maio de 2011, a produção diminuiu 4,3 por cento.

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