Dólar tem leve queda com retomada econômica no radar
Moeda americana passou maior parte da tarde em alta e quase bateu novo recorde frente ao real
Guilherme Guilherme
Publicado em 27 de abril de 2020 às 17h20.
Última atualização em 27 de abril de 2020 às 18h19.
O dólar fechou praticamente estável contra o real, nesta segunda-feira, 27, após passar a maior parte do período da tarde em alta, tendo como pano de fundo possíveis cortes da taxa básica de juros, atualmente em 3,75% ao ano. A decisão, bastante esperada pelo mercado, será feita na próxima semana, após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Por outro lado, o cenário externo mais favorável aos ativos de risco e a menor tensão política no Brasil ajudaram o real. Com isso, o dólar comercial caiu 0,1% e encerrou em 5,664 reais, enquanto o dólar turismo recuou 1,7%, cotado 5,89 reais.
Desta vez, as falas do presidente Jair Bolsonaro ajudaram a atenuar a preocupação dos investidores ao sinalizar que a saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, está longe de acontecer. Nesta segunda, ele disse que Guedes é o “único homem que decide a economia" do Brasil.
Desde a semana passada, quando o ministro da Casa Civil, General Braga Netto anunciou um plano de reestruturação econômica sem o aval de Guedes, o mercado vinha especulando sua saída. A teoria havia ganhado ainda mais com quandoSergio Moro deixar o ministério da Justiça.
Segundo Matheus Soares, analista da Rico Investimentos, o discurso de Bolsonaro transmitiu maior autonomia para Guedes. No entanto, ele ainda vê o mercado de câmbio sendo pressionado pela perspectiva de quedas de juros, que podem impactar os ganhos com carry trade - atividade que visa tomar dinheiro em economias com juros menores para aplicar em países que pagam maior prêmio.
"Antes, o investidor estrangeiro vinha e conseguia ganhar 14% ao ano, facilmente, em títulos públicos. Agora, ele pode passar a ganhar menos de 3%, fora o risco interno. Então, esse dinheiro está deixando o Brasil", explicou.
Apesar do discurso de Bolsonaro ter sido um alívio, o mercado segue atento aos riscos políticos. Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a maior instabilidade ajuda a afastar investidores estrangeiros. "O Brasil está enfrentando duas crises: a do coronavírus e a política", afirmou.
Pela manhã, a moeda americana chegou a cair mais de 2%, em movimento puxado pelo otimismo externo, que seu a partir da expectativa de retomada das principais economias do mundo.
Em países europeus mais impactados pelo coronavírus, os números de mortos pela doença chegam nas mínimas de 30 dias ou mais. Na Espanha, segundo país com a maior quantidade de casos confirmados, já há sinais de afrouxamento da quarentena. Já a Itália deve começar a reabrir sua economia a partir do dia 5 de maio.
Nos Estados Unidos, epicentro da doença com cerca de 984.000 infectados e 55.600 mortos, alguns estados, como Mississipi, Colorado e Tennessee devem experimentar uma reabertura econômica. Em Nova York, estado com mais casos de coronavírus, a reabertura gradual deve começar a partir de 15 de maio, de acordo com o governador Andrew Cuomo.