Captações externas do país perdem para México depois de recorde
As captações de empresas brasileiras estão abaixo das emissões corporativas mexicanas há quatro meses seguidos, algo que não ocorria há três anos
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2011 às 09h37.
Nova York - O volume de captações externas de empresas brasileiras está abaixo das emissões corporativas mexicanas há quatro meses seguidos, algo que não ocorria há três anos. As companhias brasileiras estão bem capitalizadas depois de atingirem um recorde em captações no início do ano.
As emissões de títulos corporativos brasileiros no exterior somaram US$ 1,75 bilhão em outubro, em comparação a US$ 3,6 bilhões emitidos pelas companhias do México, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os quatro meses de vantagem mexicana representam o período mais longo desde março de 2008.
As empresas brasileiras estão dispensando o mercado de dívida no exterior após terem levantado US$ 34,1 bilhões este ano e com a disparada dos custos de captação causada pela crise europeia. O rendimento da dívida corporativa brasileira atingiu 6,91 por cento em 4 de outubro, o maior nível em dois anos. A Petróleo Brasileiro SA disse que pode vender dívida na Europa se houver uma oportunidade, depois de emitir US$ 6 bilhões em janeiro.
“As empresas brasileiras vieram a mercado mais cedo este ano”, disse Natalia Corfield, analista de dívida corporativa da ING Groep NV, em entrevista por telefone de Nova York. “Eles não precisaram vir agora. Se eles estão vendo turbulência nos mercados, por que vir agora? Por que não esperar para ver?”
Demanda por menor risco
A Centrais Elétricas Brasileiras SA, maior empresa latino- americana do segmento com ações negociadas em bolsa, foi a única companhia brasileira a vender títulos no exterior em outubro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Sediada no Rio de Janeiro, a Eletrobras emitiu US$ 1,75 bilhão em bônus de 10 anos a um cupom de 5,75 por cento. O rendimento dos papéis caiu 54 pontos-base, ou 0,54 ponto percentual, no mercado secundário para 5,21 por cento. Títulos do governo brasileiro de prazo similar pagam 3,56 por cento.
Empresas mexicanas lideradas por América Móvil SAB e Petróleos Mexicanos, ambas sediadas na Cidade do México, aproveitaram a demanda por dívida de melhor classificação de risco para fazer captações e financiar aquisições e investimentos. A América Móvil, maior operadora de telefonia celular da América Latina e controladora da Claro e da Embratel Participações SA no Brasil, captou US$ 5,4 bilhões em dívida denominada em euros, dólares, francos suíços, libras esterlinas e ienes para ajudar a financiar a aquisição da Teléfonos de México SAB por US$ 6,5 bilhões.
A nota de crédito da América Móvil é A-, sétima menor na escala de grau de investimento e dois níveis acima da classificação do governo mexicano. A empresa foi responsável por 55 por cento das emissões de dívida do país desde julho, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Plano da Petrobras
A diferença nos níveis de captação externa de empresas do México e do Brasil desde julho tem configurado “uma certa anomalia no mercado”, disse Michael Schoen, chefe de mercados de capitais de dívida da América Latina no Credit Suisse Group AG, em entrevista em 26 de outubro em Nova York. “A Petrobras, a República Federativa do Brasil e alguns outros provavelmente teriam sucesso de execução parecido se tivessem optado por ir a mercado.”
O governo brasileiro pode emitir títulos denominados em dólar nas próximas semanas, disse o secretário do Tesouro, Arno Augustin, a repórteres em Brasília em 27 de outubro.
A Petrobras contratou instituições como o Banco Bradesco SA, o Deutsche Bank AG e o Banco Santander SA para coordenar uma oferta de títulos denominados em euros e libras esterlinas, disseram três pessoas a par do assunto que pediram anonimato porque os planos não foram anunciados publicamente. A operação vai ocorrer quando as condições de mercado melhorarem, disseram as pessoas.
A Petrobras está constantemente avaliando novas alternativas de financiar seus planos de negócios, segundo e- mail enviado em resposta a perguntas da reportagem em 28 de outubro.
‘Deixa espaço’
O presidente da estatal, José Sergio Gabrielli disse a jornalistas em Brasília em 27 de outubro que não há urgência e que “se houver oportunidade” a Petrobras fará a emissão. Segundo ele, a empresa não tem nenhum problema porque tem US$ 26 bilhões em caixa.
As captações externas pelo Brasil podem superar as do México nos próximos meses, disse Omar Zeolla, analista da RBS Securities Inc.
“Esta tendência não vai continuar porque as empresas grandes do México emitiram recentemente”, disse Zeolla em entrevista por telefone de Stamford, no Estado americano de Connecticut. “Provavelmente elas não farão mais nada até o fim do ano. Isso deixa espaço para as empresas brasileiras emitirem mais dívida do que as mexicanas.”
As captações brasileiras vêm superando as do México todos os anos desde 2005.
Para Zeolla, os emissores do País devem voltar ao mercado internacional de crédito se a demanda por ativos de maior rendimento se recuperar.
“Os brasileiros podem estar esperando por condições melhores para ir a mercado”, disse ele. “Eles irão quando acharem que o mercado vai melhorar.”
Nova York - O volume de captações externas de empresas brasileiras está abaixo das emissões corporativas mexicanas há quatro meses seguidos, algo que não ocorria há três anos. As companhias brasileiras estão bem capitalizadas depois de atingirem um recorde em captações no início do ano.
As emissões de títulos corporativos brasileiros no exterior somaram US$ 1,75 bilhão em outubro, em comparação a US$ 3,6 bilhões emitidos pelas companhias do México, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os quatro meses de vantagem mexicana representam o período mais longo desde março de 2008.
As empresas brasileiras estão dispensando o mercado de dívida no exterior após terem levantado US$ 34,1 bilhões este ano e com a disparada dos custos de captação causada pela crise europeia. O rendimento da dívida corporativa brasileira atingiu 6,91 por cento em 4 de outubro, o maior nível em dois anos. A Petróleo Brasileiro SA disse que pode vender dívida na Europa se houver uma oportunidade, depois de emitir US$ 6 bilhões em janeiro.
“As empresas brasileiras vieram a mercado mais cedo este ano”, disse Natalia Corfield, analista de dívida corporativa da ING Groep NV, em entrevista por telefone de Nova York. “Eles não precisaram vir agora. Se eles estão vendo turbulência nos mercados, por que vir agora? Por que não esperar para ver?”
Demanda por menor risco
A Centrais Elétricas Brasileiras SA, maior empresa latino- americana do segmento com ações negociadas em bolsa, foi a única companhia brasileira a vender títulos no exterior em outubro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Sediada no Rio de Janeiro, a Eletrobras emitiu US$ 1,75 bilhão em bônus de 10 anos a um cupom de 5,75 por cento. O rendimento dos papéis caiu 54 pontos-base, ou 0,54 ponto percentual, no mercado secundário para 5,21 por cento. Títulos do governo brasileiro de prazo similar pagam 3,56 por cento.
Empresas mexicanas lideradas por América Móvil SAB e Petróleos Mexicanos, ambas sediadas na Cidade do México, aproveitaram a demanda por dívida de melhor classificação de risco para fazer captações e financiar aquisições e investimentos. A América Móvil, maior operadora de telefonia celular da América Latina e controladora da Claro e da Embratel Participações SA no Brasil, captou US$ 5,4 bilhões em dívida denominada em euros, dólares, francos suíços, libras esterlinas e ienes para ajudar a financiar a aquisição da Teléfonos de México SAB por US$ 6,5 bilhões.
A nota de crédito da América Móvil é A-, sétima menor na escala de grau de investimento e dois níveis acima da classificação do governo mexicano. A empresa foi responsável por 55 por cento das emissões de dívida do país desde julho, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Plano da Petrobras
A diferença nos níveis de captação externa de empresas do México e do Brasil desde julho tem configurado “uma certa anomalia no mercado”, disse Michael Schoen, chefe de mercados de capitais de dívida da América Latina no Credit Suisse Group AG, em entrevista em 26 de outubro em Nova York. “A Petrobras, a República Federativa do Brasil e alguns outros provavelmente teriam sucesso de execução parecido se tivessem optado por ir a mercado.”
O governo brasileiro pode emitir títulos denominados em dólar nas próximas semanas, disse o secretário do Tesouro, Arno Augustin, a repórteres em Brasília em 27 de outubro.
A Petrobras contratou instituições como o Banco Bradesco SA, o Deutsche Bank AG e o Banco Santander SA para coordenar uma oferta de títulos denominados em euros e libras esterlinas, disseram três pessoas a par do assunto que pediram anonimato porque os planos não foram anunciados publicamente. A operação vai ocorrer quando as condições de mercado melhorarem, disseram as pessoas.
A Petrobras está constantemente avaliando novas alternativas de financiar seus planos de negócios, segundo e- mail enviado em resposta a perguntas da reportagem em 28 de outubro.
‘Deixa espaço’
O presidente da estatal, José Sergio Gabrielli disse a jornalistas em Brasília em 27 de outubro que não há urgência e que “se houver oportunidade” a Petrobras fará a emissão. Segundo ele, a empresa não tem nenhum problema porque tem US$ 26 bilhões em caixa.
As captações externas pelo Brasil podem superar as do México nos próximos meses, disse Omar Zeolla, analista da RBS Securities Inc.
“Esta tendência não vai continuar porque as empresas grandes do México emitiram recentemente”, disse Zeolla em entrevista por telefone de Stamford, no Estado americano de Connecticut. “Provavelmente elas não farão mais nada até o fim do ano. Isso deixa espaço para as empresas brasileiras emitirem mais dívida do que as mexicanas.”
As captações brasileiras vêm superando as do México todos os anos desde 2005.
Para Zeolla, os emissores do País devem voltar ao mercado internacional de crédito se a demanda por ativos de maior rendimento se recuperar.
“Os brasileiros podem estar esperando por condições melhores para ir a mercado”, disse ele. “Eles irão quando acharem que o mercado vai melhorar.”