CÂMBIO-Dólar cai 1,1% e renova mínima em mais de 2 anos
Por Silvio Cascione SÃO PAULO, 8 de outubro (Reuters) - A perspectiva de que o Federal Reserve ofereça mais estímulos à economia dos Estados Unidos provocou a baixa do dólar nesta sexta-feira, acompanhando a forte alta das commodities. A moeda norte-americana recuou 1,13 por cento no mercado brasileiro, a 1,667 real. É o menor patamar […]
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2010 às 13h39.
Por Silvio Cascione
SÃO PAULO, 8 de outubro (Reuters) - A perspectiva de que o
Federal Reserve ofereça mais estímulos à economia dos Estados
Unidos provocou a baixa do dólar nesta sexta-feira,
acompanhando a forte alta das commodities.
A moeda norte-americana recuou 1,13 por cento no
mercado brasileiro, a 1,667 real. É o menor patamar de
fechamento desde 2 de setembro de 2008, antes da quebra do
banco Lehman Brothers.
No mercado internacional, o preço das matérias-primas
subiu 2,7 por cento, de acordo com o índice
Reuters-Jefferies, ao maior nível em dois anos.
O fechamento inesperado de 95 mil postos de trabalho nos
EUA em setembro reforçou a expectativa de que o banco central
do país decida aumentar a oferta monetária a partir da próxima
reunião, em novembro, com o objetivo de estimular o crescimento
econômico [ID:nN08270554].
Embora o dado não tenha proporcionado uma forte queda do
dólar ante o euro, após várias semanas de desvalorização, foi
suficiente para empurrar para cima materiais básicos como o
ouro e o petróleo.
"As commodities estão subindo bastante. (O mercado local)
está acompanhando lá fora", disse Danilo Campos, operador de
câmbio da corretora Flow.
Na avaliação de analistas do banco BTG Pactual, a alta
"surpreendente" das commodities --que compõem boa parte do
superávit comercial do país-- em setembro foi um dos fatores
que provocou a redução da estimativa para o dólar no fim de
2011, de 1,77 a 1,73 real. Eles ponderaram em relatório, no
entanto, que "a incerteza sobre o futuro das influências
externas é a principal ressalva às projeções."
ATENÇÃO GLOBAL
Entre as incertezas, Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio
do banco Paulista, comentou que as principais autoridades
econômicas mundiais discutem neste final de semana, em
Washington, a possibilidade de um acordo que esfrie a recente
"guerra cambial", em que vários países, incluindo o Brasil,
intervêm para frear a valorização de suas moedas
[ID:nN08245532].
Por outro lado, lembrou Rodrigues, o fluxo de capitais ao
país continua forte. Na bolsa, em que foi mantida a alíquota de
2 por cento do IOF sobre o capital estrangeiro, os investidores
não-residentes já ingressaram com 4,6 bilhões de reais desde o
início de setembro, sem contar a oferta de ações da Petrobras
[ID:nN08220490].
Para a equipe de pesquisa econômica do Santander, em
relatório a clientes, mesmo com o provável auxílio adicional do
Fed, é preciso levar em conta a possibilidade de uma correção
da alta do dólar [ID:N08246467].
"Muito mais do que uma questão de diferencial de juros, o
movimento recente da moeda brasileira tem refletido a perda de
força da divisa norte-americana. A questão que se coloca não é
quando o real deixará de se fortalecer, mas quando o dólar
interromperá o ciclo de depreciação", apontaram os analistas da
equipe chefiada por Alexandre Schwartsman.
"Os Estados Unidos ainda apresentam fundamentos mais
robustos que os da zona do euro e do Japão, o que leva à
conclusão de que o movimento recente das moedas destas
economias tende a ser revertido ao longo dos próximos meses",
acrescentaram, prevendo euro a 1,20 dólar no fim do ano.
(Edição de Daniela Machado)