BM&FBovespa quer dobrar ETF para atrair investidores
Bolsa espera atrair mais fundos de investimentos para atrair mais pessoas físicas
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2011 às 15h57.
São Paulo - A BM&FBovespa SA espera mais do que dobrar o número de fundos de ações negociados em bolsa, conhecidos pela sigla em inglês ETF, de exchange traded funds, como parte da estratégia para atrair investidores pessoa física.
A BM&FBovespa, a maior bolsa da América Latina por valor de mercado, espera ampliar este ano de sete para 15 o número de ETF, disse Julio Ziegelmann, diretor de renda variável da bolsa, em entrevista por telefone em 15 de fevereiro. Esse instrumento ainda representa menos de 1 por cento dos negócios na bolsa paulista, segundo ele.
“Ainda é um número muito pequeno perto do potencial”, disse Ziegelmann. “Para o programa de popularizar a bolsa, o ETF é um instrumento sensacional.”
O crescimento da economia brasileira atrai mais investidores estrangeiros e locais interessados em aplicações no mercado acionário. O volume médio diário de negócios no segmento Bovespa ficou em R$ 6,5 bilhões em 2010, uma expansão de 23 por cento em relação a 2009, de acordo com o relatório anual divulgado pela companhia em 18 de fevereiro. Em 2006, esse número estava em R$ 2,4 bilhões.
A BM&FBovespa tem um programa para aumentar o número de investidores pessoa física dos atuais cerca de 600.000 para 5 milhões até 2015, de acordo com o diretor.
“Temos uma demanda grande para vir para o mercado nos próximos anos”, disse.
Custo e diversificação
O ETF tem “praticidade” e mecanismos que podem reduzir o custo do fundo para o cliente, disse Saulo Mendes, diretor de mercado de capitais da unidade brasileira da BlackRock Inc., maior administradora de recursos do mundo. “O gestor pode alugar até 30 por cento da carteira e a receita volta para o cotista”, disse ele, em entrevista por telefone em 17 de fevereiro.
Segundo Mendes, o BOVA11, ETF mais negociado na bolsa e que é administrado pela BlackRock, teve uma média diária de negócios de R$ 31 milhões em 2011 até agora. A média, desde seu lançamento em 2008, é de R$ 19 milhões. A possibilidade de diversificação de carteira é outro atrativo, segundo a BM&FBovespa.
“Às vezes, para a pessoa física, é a única forma de ter uma carteira diversificada”, disse Ziegelmann.
Alta dos juros
A alta da taxa básica juros iniciada pelo Banco Central em janeiro para combater a inflação não deve impedir o crescimento dos negócios com ETF e ações em geral no Brasil, disse o diretor da BM&FBovespa.
“A taxa de juros afeta o crescimento da bolsa, mas todos acham que a tendência de longo prazo, estrutural, para os juros é de baixa”, disse Ziegelmann.
O BC elevou a Selic de 10,75 por cento para 11,25 por cento no mês passado. A pesquisa semanal Focus do BC com cerca de 100 economistas, divulgada ontem, mostrou expectativas de que a taxa chegue ao fim do ano em 12,5 por cento.