Informe Publicitário

Nuvem sofistica efeitos visuais do cinema

São Paulo – Uma das cenas mais emblemáticas do premiado filme A Invenção de Hugo Cabret, do diretor Martin Scorsese, mostra o protagonista órfão em uma vertiginosa escalada pela torre do relógio da estação ferroviária de Paris

Hugo Cabret: a Paris dos anos 1920 foi reconstruída virtualmente (Divulgação/Paramount)

Hugo Cabret: a Paris dos anos 1920 foi reconstruída virtualmente (Divulgação/Paramount)

São Paulo – Uma das cenas mais emblemáticas do premiado filme A Invenção de Hugo Cabret, do diretor Martin Scorsese, mostra o protagonista órfão em uma vertiginosa escalada pela torre do relógio da estação ferroviária de Paris. Ao tentar escapar de seus algozes, Cabret termina pendurado num dos ponteiros do relógio, a uma altura que permite ao protagonista e a todo o público vislumbrar a beleza da capital francesa nos anos 1920.

Cada detalhe da imagem panorâmica de uma Paris que não existe mais foi desenvolvido, via computação gráfica, pela empresa alemã de efeitos visuais Pixomondo, que explorou recursos como renderização 3D e computação em gride, distribuindo o processamento de grandes volumes de dados por diversos servidores, conectados em rede. O resultado da união de talento artístico e ferramentas de tecnologia da informação (TI) avançadas resultou em efeitos tão impressionantes a ponto de conferir ao filme o Oscar de efeitos especiais de 2012.

Somente em volume de dados produzido, o filme gerou mais de 3,1 petabytes, de acordo com a Pixomondo. Apenas para efeito de comparação 1 petabyte equivale a 1 024 terabytes, sendo cada terabyte mais ou menos a maior capacidade que um PC doméstico pode ter em seu HD. Ou seja, seriam necessários mais ou menos 3 200 computadores domésticos com alta capacidade de armazenamento cada um para armazenar os dados gerados por duas horas de filme. A sofisticação de Hugo Cabret é tamanha que, numa comparação, outro sucesso do cinema, Avatar, de James Cameron, gerou “apenas” 1 petabyte, ou seja, um terço dos dados necessários para o filme de Scorsese.

Christian Vogt, chefe-executivo da Pixomondo, explica que sua produtora usou infraestrutura de armazenamento flexível, com discos de storage de alta capacidade de armazenamento, mas também ótima velocidade de transmissão de dados, item necessário para dar agilidade ao trabalho de sua equipe. Originalmente, sua equipe trabalhou com desenhos simples (chamados de matrizes) que só depois ganharam cores e formas tridimensionais. Isso ajudou os ilustradores e programadores da Pixomondo a manusear arquivos mais leves, que depois eram renderizados para ganhar os detalhes que os deixavam pesadíssimos.

“Devido à simplicidade das matrizes, pudemos gerenciar nossa infraestrutura de armazenamento com apenas dois servidores de armazenamento”, comenta Vogt. Segundo o executivo, esse método permitiu manter baixos os custos com mão de obra para manuseio do storage e dar uma solução simples a um problema aparentemente muito complexo: lidar com 3 petabytes de dados.

Tecnologias de compartilhamento – Para fazer o filme, a produtora alemã precisou de flexibilidade ao lidar com os clientes localizados nos Estados Unidos e trabalhando num fuso diferente. Vogt conta que seu time de TI na Alemanha participou de treinamento sobre softwares de gestão de tarefas para organizar o fluxo de trabalho entre o time na Europa e os produtores, nos Estados Unidos. A adoção de ferramentas online de gestão e o uso de matrizes simples, posteriormente processadas por grids de servidores espalhados por diferentes data centers, permitiram a Pixomondo cumprir prazos e operar com custos baixos ao longo de toda produção do filme.

O sucesso de Hugo Cabret projetou a Pixomondo a trabalhar também na construção digital de cenários usados na segunda temporada da série televisiva Game of Thrones, vencedora do Emmy de efeitos visuais de 2012. Além do talento criativo de seus ilustradores e animadores, o sucesso da empresa alemã apoiou-se em uma extensa gama de servidores, armazenamento de rápida resposta, tecnologias de gerenciamento de rede e workstations de alta performance.

No caso dos servidores, o uso de sistemas em rede permitiu algo muito valioso ao projeto: dar escalabilidade ao processamento nos momentos de pico da produção. Por “escalabilidade” entenda-se: aumentar ou diminuir o número de servidores contratados de data centers terceiros conforme o ritmo de produção do filme, equilibrando o fluxo de trabalho e os custos do projeto. “Gostamos do fato de os servidores que nos atendiam poderem facilmente expandir sua performance com o uso de placas gráficas. Essas placas deviam suportar a interpretação visual de nossos gráficos, baseada em unidade de processamento de gráficos [GPU, na sigla em inglês]”, segundo Vogt.

De acordo com Vogt, as possibilidades abertas pela computação em nuvem serão cada vez mais exploradas pela produtora. “Olhando para o futuro, estaremos avaliando a tecnologia de switching [compartilhamento de dispositivos] para capacidades de desempenho aprimoradas com menor custo”, diz Vogt. Nesse método, uma infraestrutura cara de servidores pode ser dividida com outras produtoras, diminuindo o tempo de ociosidade que essas máquinas enfrentam entre um projeto e outro e compartilhando seu custo.

Um dos ganhos propiciados pelo uso da nuvem e do switching é que recursos avançados de efeitos gráficos podem ser adotados, por menor custo, por grandes estúdios, mas também por pequenas produtoras, que podem explorar os ganhos da integração de serviços na nuvem e compartilhamento de recursos para usar as tecnologias mais avançadas por preços que podem pagar.

;