Gases de flare: os subprodutos da exploração de petróleo viram fonte de energia mais limpa (Shutterstock)
A matriz energética mundial não mudou de maneira significativa desde os anos 1970, mas claramente há uma corrida para encontrar novas fontes, mais susten-táveis, para mover o planeta. Vemos o rápido aprimoramento da energia eólica e a nova geração de biocombustíveis, além de avanços na tecnologia dos painéis so-lares. Mas, hoje, os combustíveis fósseis ainda representam quase 90% do con-sumo de energia mundial, e a demanda por petróleo deve continuar crescendo pelo menos 1% ao ano na próxima década, de acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC, sigla em inglês). Então, toda inovação para diminuir o desperdício é necessária.
“Renováveis não são a única parte da solução. Cada governo terá um mix diferente. A demanda está aumentando muito rápido, então é importante que a exploração dos combustíveis tradicionais seja feita de forma ecologicamente justa”, afirmou Ann Klee, vice-presidente global de meio ambiente da GE, durante o Inova +, realizado no Rio de Janeiro no início de agosto. Estima-se que 45% da redução de emissões de gases poluentes por parte das geradoras de energia até 2020 virá apenas da adoção de métodos mais eficientes na exploração dos combustíveis u-sados atualmente.
A exploração tanto do petróleo quanto do gás natural gera os chamados gases as-sociados, que não são aproveitados e acabam sendo queimados no flare, aquela tocha que fica constantemente acesa nas chaminés de petrolíferas. Para diminuir a poluição e o desperdício, novas técnicas tornam possível reaproveitar esse gás. Na Argentina, turbinas da GE abastecidas pelo gás de flare que antes era desperdiçado geram 40 megawatts adicionais na refinaria de Chihuido, da Repsol. No Cazaquistão, a reutilização do gás para facilitar a perfuração de petróleo, com tecnologia da GE, tem o mesmo efeito em termos de redução de poluentes que tirar 10 milhões de carros das ruas.
E há boas notícias nessa área também no Brasil. Segundo a Petrobras, o volume de gás queimado como subproduto da exploração de petróleo caiu de 2,9% da produção, em 1999, para 1,7%, em 2008. O próximo passo é reaproveitá-lo para gerar energia. A Petrobras já firmou um acordo para fazer isso em três unidades flutuantes de produção nos campos do pré-sal a partir de 2014.
Países como os Estados Unidos estão investindo pesadamente em novas técnicas de perfuração, como a fratura hidráulica, ou fracking, que injeta água em formações rochosas para liberar petróleo e gás antes inacessíveis. A inovação já trouxe resultados, e os EUA importam bem menos petróleo em consequência disso. Mas ainda há muito o que evoluir na técnica, tanto para aumentar a eficiência quanto para mitigar o impacto ambiental. Por isso, a GE anunciou em abril a criação de um centro de pesquisas na cidade de Oklahoma, nos EUA, para estudar e desen-volver novas tecnologias para o setor de petróleo e gás, com foco inicial em segu-rança, eficiência e garantia de extração de “unconventional gas”, como o gás de xis-to. Ele terá cerca de 150 pesquisadores e se conectará aos Centros Globais de Pesquisas de outras partes do mundo, como o de Xangai e o que está em constru-ção no Rio de Janeiro. “Há uma indústria robusta e dinâmica que está crescendo, aberta à infusão de tecnologia, e nós acreditamos que podemos adicionar muito a ela”, afirma Mark Little, Vice-presidente Sênior e Líder Global de Tecnologia da GE.