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Criando contexto para o sucesso dos colaboradores

O ano de 2020 trouxe uma lição muito clara: é preciso ressignificar tudo aquilo que conhecemos para conseguir encontrar novas possibilidades

Alexandre Duarte, vice-presidente de Consultoria e Treinamento para América Latina da Red Hat
 (Red Hat/Divulgação)

Alexandre Duarte, vice-presidente de Consultoria e Treinamento para América Latina da Red Hat (Red Hat/Divulgação)

O ano de 2020 trouxe uma lição muito clara: é preciso ressignificar tudo aquilo que conhecemos, buscando enxergar ações e iniciativas de outros prismas para conseguir encontrar novas possibilidades. Muito além do âmbito pessoal, esse pensamento também pode ser aplicado ao contexto corporativo. No dia a dia das organizações, vai muito além de reavaliar a adoção de novas tecnologias ou realinhar as estratégias de negócio. Começa pelo redesenho das relações internas, a fim de construir um ambiente para o desenvolvimento de cada integrante da equipe, no qual haja respeito, senso de pertencimento e colaboração.

Aproveitando o avanço tecnológico e a acelerada transformação digital, é hora de usar o extenso portfólio de recursos à disposição para humanizar o ambiente de trabalho, como aponta a pesquisa Tendências Globais de Capital Humano 2020, da Deloitte. Segundo o levantamento, o papel das organizações precisa ser, cada vez mais, o de empresa social, cuja missão combina o crescimento de receita e lucro com a necessidade de respeitar e apoiar o ambiente de trabalho e a rede de partes interessadas, ressaltando atributos como propósito, potencial e perspectiva.

Valorizando individualidades para desenvolver equipes eficazes

Criar um espaço no qual os colaboradores sintam-se vistos e ouvidos é fundamental para a evolução sustentável de qualquer corporação. De acordo com a pesquisa da Deloitte, para 93% das empresas a tendência mais importante para o futuro das corporações está em promover um sentimento de pertencimento nos colaboradores. O primeiro passo nesse sentido é compreender que profissionais são pessoas, e não apenas números. Preocupar-se com o estado emocional e com o bem-estar dos funcionários traz benefícios não só para os indivíduos como também para a própria empresa. Um trabalhador feliz é 31% mais produtivo e três vezes mais criativo, como mostrou estudo da Universidade da Califórnia, realizado em parceria com a PwC.

Para construir um ambiente positivo, respeitoso e inclusivo, capaz de atender às expectativas dos colaboradores, os líderes precisam ser atores ativos. Como responsáveis por disseminar o sentimento de pertencimento dentro da organização, devem desempenhar o papel de mentores, direcionando seus liderados rumo a um caminho de integração e apoio mútuo, no qual individualidades sejam não somente respeitadas como também valorizadas. Reconhecendo o potencial único de cada um, o gestor é capaz de montar equipes coesas e complementares, aptas para se desenvolverem em um ambiente que promova a inclusão e a colaboração.

O líder que se preocupa com o clima organizacional dedica tempo para conhecer seus colaboradores em conversas informais, buscando saber o que é mais interessante e motivador para cada pessoa. Esse gestor também prioriza reuniões individuais periódicas com os associados, a fim de estabelecer uma importante relação de confiança e cumplicidade que funcione como uma via de mão dupla: do líder para com seu liderado e do liderado para com seu gestor.

O comprometimento com a manutenção de um clima organizacional saudável deve ter como foco o crescimento dos negócios, mas principalmente das pessoas. Líderes devem criar condições favoráveis para que seus liderados se desenvolvam, atinjam seus objetivos e construam uma relação de verdadeira confiança envolvendo ambas as partes. Essa é uma das premissas fundamentais das open management practices (“práticas de gerenciamento aberto”, em português), um conjunto das melhores práticas de liderança divididas em seis pilares, que envolvem características e habilidades empregadas pelos open leaders.

Transformando equipes em comunidades

Pesquisa realizada pela Deloitte mostrou que 65% dos colaboradores consideram a capacidade de liderar pela influência como um requisito para a liderança do século 21. Nesse sentido, os open leaders são os profissionais mais preparados para conduzir equipes, pois contribuem para identificar, em cada pequeno processo ou atividade do dia a dia, oportunidades de tornar o ambiente colaborativo mais acolhedor e produtivo.

Esses gestores conseguem transformar seus times em verdadeiras comunidades integradas e colaborativas, nas quais todos trabalham com a consciência de que são parte de um todo e cada detalhe importa para uma entrega ágil e de excelência. Ou seja, conseguem criar expectativas compartilhadas sobre como trabalhar em conjunto da maneira mais produtiva possível e num ecossistema no qual haja espaço para todos compartilharem as ideias e as melhores práticas.

Open leaders também sabem como lidar de maneira assertiva com comportamentos pouco profissionais ou desrespeitosos. Trabalham para dirimir vieses intencionais, sabendo que as atitudes negativas mais sutis podem prejudicar os relacionamentos da equipe no longo prazo. Além disso, promovem a aproximação constante entre todas as peças do time, encorajando o compartilhamento de ideias, a socialização e a descontração pertinente ao ambiente de trabalho. Open leaders solicitam feedback da equipe regularmente e expõem suas vulnerabilidades de forma natural e destemida, servindo de modelo de como receber e assimilar feedbacks construtivos de forma eficaz, transformando a crítica em degrau para a evolução profissional e pessoal. Ressaltam a importância de uma convivência transparente, na qual agressividade e intimidação não são aceitas, e focam a busca de soluções em vez de culpados.

Equilibrando a balança

Consolidar a rotina de trabalho com atividades pessoais é um grande desafio para muita gente. Em um universo corporativo que preze pela agilidade e eficiência e que esteja em constante transformação, poucos são os que conseguem manter um cronograma saudável entre a empresa e o dia a dia. Uma pesquisa realizada pela Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que a maior parte dos profissionais (56%) tem problemas para conciliar os dois universos.

A construção de um ambiente positivo dentro das corporações, norteado pelo desenvolvimento das pessoas, é outro ponto de atenção dos open leaders. Esses gestores levam em consideração as preferências, os fusos horários e os compromissos fora do trabalho quando agendam reuniões ou eventos. Também proporcionam flexibilidade na organização das tarefas, de acordo com as diretrizes da empresa, encontrando as melhores formas de trabalhar para cada um de seus associados e para o bom funcionamento das respectivas equipes. Em suma, entendem que o equilíbrio é o melhor caminho para gerar times de alta performance, aptos a responder aos desafios atuais do mercado.

Se estiver atento unicamente aos sinais dos negócios ou preso apenas à tradicional gestão de números e planilhas, nenhum gestor será capaz de extrair o melhor de seus colaboradores ou de criar estratégias eficazes para levar sua corporação ao próximo nível. É preciso ter um olhar muito mais aguçado para o fator humano e encará-lo como elemento de vantagem competitiva. Corpo, mente e alma dizem muito na trajetória diária rumo aos objetivos organizacionais. Ter isso em conta, somado a um senso de direção orientado a propósitos que possibilite buscar as metas de modo saudável, garante um clima organizacional muito mais benéfico para todos. Essa combinação proporciona uma vida corporativa mais efetiva, fomenta a inovação e a eficiência operacional e traz resultados tangíveis muito acima do esperado.

*Alexandre Duarte é vice-presidente de Consultoria e Treinamento para América Latina da Red Hat.

 

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