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Com leilões, matriz energética brasileira fica ainda mais limpa

Realizado pelo governo federal na última semana de agosto, o primeiro leilão que contratou energia para ser entregue a partir de 2018 mostrou que o futuro da eletricidade brasileira deve passar cada vez mais por fontes renováveis

Biomassa: a geração de energia por meio de fontes renováveis, como o resto da trituração de madeira, é cada vez mais atraente (Shutterstock/Reprodução)

Biomassa: a geração de energia por meio de fontes renováveis, como o resto da trituração de madeira, é cada vez mais atraente (Shutterstock/Reprodução)

Realizado pelo governo federal na última semana de agosto, o primeiro leilão que contratou energia para ser entregue a partir de 2018 mostrou que o futuro da eletricidade brasileira deve passar cada vez mais por fontes renováveis. Os 19 projetos vencedores (que ofereceram maiores descontos em relação aos preços-teto iniciais) entregarão 1,2 gigawatt para as distribuidoras de energia. E são todos de energia limpa.

Mesmo com subsídios fiscais, como a isenção de PIS e Cofins, as termelétricas a carvão não alcançaram um preço competitivo. No fim, as hidrelétricas (grandes ou pequenas) venceram dez contratos e, das nove termelétricas que foram selecionadas, sete são movidas a bagaço de cana e duas a cavaco de madeira, a sobra da trituração. Os contratos, que somam 20 bilhões de reais durante os 30 anos de vigência, são ótima notícia para os defensores de fontes renováveis, que perderam certo espaço nos últimos dois anos. Em 2010, a matriz energética era composta por 45% de fontes renováveis e caiu para 42,4% em 2012, em grande parte pela contratação de termelétricas fósseis para suprir carências emergenciais do sistema elétrico nacional.

Haverá em dezembro um segundo leilão do tipo A-5 (para contratar energia de reserva daqui a cinco anos) e o resultado pode ser ainda mais limpo, já que os empreendimentos de energia eólica poderão participar da concorrência. Como os preços de energia eólica nos leilões saem abaixo dos 100 reais por megawatt-hora (pelo menos 10% mais baixos que outras fontes) e normalmente não estão ligados à rede, o governo faz compras específicas para esse tipo de fornecimento. Mas novas regras do Ministério de Minas e Energia permitirão uma concorrência mais leal, com a utilização dos parques eólicos em áreas específicas, por exemplo.

Diminuir a dependência de grandes hidrelétricas para fornecimento de energia é uma necessidade, não só do ponto de vista de redução de custos e atendimento de necessidades regionais. No longo prazo, as mudanças climáticas podem impactar significativamente a vazão de alguns rios que são utilizados para a geração de energia, tornando outras fontes renováveis cada vez mais atraentes. “Os potenciais eólico, solar térmico e fotovoltaico precisam ser mais explorados, assim como a recuperação do biogás gerado nos aterros sanitários e/ou nas estações de tratamento de esgotos”, recomenda o estudo sobre adaptação e vulnerabilidade à variabilidade climática do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.

Outro estudo publicado recentemente, o [R]evolução Energética, elaborado pelo Greenpeace, também prevê um significativo aumento do uso de fontes renováveis. A organização trabalha com a previsão de que, em 2040, não será mais necessário contar com eletricidade de usinas nucleares, térmicas movidas a óleo combustível e carvão mineral. Para fazer com que 92% da eletricidade brasileira venha de fontes renováveis, o relatório do Greenpeace projeta a adoção de tecnologias ainda mais eficientes, como a eólica offshore (com grandes parques no mar) e a energia solar concentrada, em que a junção de células fotovoltaicas com grandes espelhos aproveita a luz solar de mais formas. Os últimos leilões e a competitividade cada vez maior das fontes renováveis mostram que este cenário pode muito bem ser realidade.

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