Future of Money

Mercado reage mal a dados da economia dos EUA e preços de bitcoin, ether e outras criptos despencam

Inflação acima do esperado impulsiana reação negativa em mercados de risco, como ações e criptomoedas; bitcoin, ether e quase todos os ativos digitais operam em queda

Criptomoedas e mercados de risco operam em queda após divulgação de dados econômicos nos EUA (SOPA Images/Getty Images)

Criptomoedas e mercados de risco operam em queda após divulgação de dados econômicos nos EUA (SOPA Images/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 13 de outubro de 2022 às 11h51.

O mercado de criptomoedas respondeu com pessimismo aos dados sobre a economia dos EUA desta quinta-feira, 13. Após a divulgação de dados sobre emprego no país, e também do CPI, índice de preços ao consumidor do país norte-americano, o preço da maioria dos ativos digitais despencou - inclusive bitcoin e ether, os dois principais do setor.

Segundo comunicado de imprensa do "Bureau of Labor Statistics" dos EUA, às 9h30 de Brasília, o Índice de Preços ao Consumidor dos EUA “subiu 0,4% em setembro, em uma base ajustada sazonalmente, após subir 0,1% em agosto", o que significa que “nos últimos 12 meses, o índice aumentou 8,2% antes do ajuste sazonal”.

A versão norte-americana do IPCA, que serve como principal termômetro da inflação, veio novamente acima do esperado, o que indica que a política de alta dos juros adotada pelo Fed nos últimos meses ainda não surte o efeito esperado. Assim, a perspectiva é de manutenção desta política - e, com taxas de juros mais elevadas, mercados de risco se tornam menos atrativos para os investidores.

O U.S. Dollar Index (DXY) — índice do valor do dólar norte-americano em relação a uma cesta de moedas estrangeiras (euro, libra, iene, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço) subiu de 112,82 para 113,80 apenas cinco minutos depois da divulgação dos dados mais recentes do CPI dos EUA.

(Mynt/Divulgação)

Mercados de risco reagem negativamente

Os movimentos negativos em reação aos dados também foram vistos no mercado de ações e, claro, no mercado cripto.

O preço do bitcoin começou a quinta-feira com queda de quase 5%, ainda antes da divulgação oficial do CPI, já demonstrando o pessimismo do mercado em relação aos dados. Na mínima do dia, a principal criptomoeda do mundo chegou a ser negociado muito perto de US$ 18 mil. No momento, se recuperou até a faixa de US$ 18.350, com queda de 3,5% nas últimas 24 horas.

Já o ether - token nativo da rede Ethereum - sofre ainda mais. A segunda maior criptomoeda do mundo chegou a bater US$ 1.210 nesta manhã, e no momento é negociada a US$ 1.225, uma acentuada queda de 6% nas últimas 24 horas.

"Durante todo o ano de 2022, por estar dentro da classe de ativos de risco, o mercado de criptoativos sofreu com as medidas adotas pelo Fed para controlar a inflação nos EUA. Com a divulgação dos números da inflação dos EUA nesta quinta-feira, novamente acima do que era esperado pelo mercado, os preços dos criptoativos despencaram, já precificando uma atitude ainda mais agressiva do Fed na próxima reunião do FOMC, que será responsável por definir o próximo aumento na taxa de juros no país", explicou Lucas Josa, analista de trading do BTG Pactual.

Os dados sobre o CPI nos EUA, claro, não afetam apenas o mercado cripto, mas todos os mercados de risco, como o de ações. O índice Nasdaq, por exemplo, já opera em queda superior a 2,1%, dando continuidade à sua pior performance anual desde 2008.

Queda de preços pode ser oportunidade de compra?

A queda no preço do bitcoin e da maioria dos criptoativos também reacende a dúvida sobre momentos de entrada e novos aportes no setor. Especialistas se dividem sobre o atual momento, com alguns deles sugerindo novas quedas e outros indicando um bom ponto de entrada com a queda desta quinta.

Os mais pessimistas apontam que a queda acumulada ao longo de 2022, de mais de 70% no caso do bitcoin e valores parecidos com outras das mais conhecidas criptos, pode indicar uma tendência de baixa mais duradoura. Esta visão, no entanto, não é unanimidade.

"O bitcoin, assim como outros ativos digitais, estão em uma região que foi considerada de compra nos últimos meses, com uma boa relação risco-retorno para o longo prazo. Dessa forma, começar a realizar aportes agora, de forma fracionada, parece ser a estratégia mais interessante, mas o fundo verdadeiro de preços só será definido assim que a inflação nos EUA começar a apresentar sinais de melhorias", disse Lucas Josa.

Tasso Lago, fundador da Financial Move, também adotou tom mais otimista: "O investidor tem que aproveitar. São momentos de oportunidade para fazer novos aportes e comprar ativos na baixa. Essas são as compras que poderão ter grande valorização em um novo ciclo de alta. Naturalmente que, no curto prazo, o mercado tende a ser volátil para queda, mas acredito na retomada dos mercados de risco, inclusive cripto".

Apesar das opiniões divergentes, a maioria dos especialista concorda que, dado o contexto econômico global, influenciado por políticas monetárias das grandes economias, guerra na Ucrânia e outros fatores, investidores devem ter cautela seja qual for a opção que decidam seguir.

Até quando você vai deixar de investir em crypto? Abra sua conta na Mynt e explore novas formas de investir sem medo. Clique aqui para desbloquear seu mundo crypto.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok  

Acompanhe tudo sobre:BitcoinCriptoativosCriptomoedasEstados Unidos (EUA)EthereumInflaçãoPreço do bitcoin

Mais de Future of Money

A importância do seguro para ativos digitais no mercado volátil

Os desafios para a adoção da Web3 no Brasil

Blockchains são "resistentes a monopólios" e "tornam o mundo mais eficiente", diz líder da EY

Mineradores de bitcoin nos EUA estão lucrando mais ao parar de trabalhar

Mais na Exame