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Mineradores de Bitcoin serão desligados da rede em caso de crise energética, diz União Europeia

A Comissão Europeia pediu aos Estados-Membros que implementem medidas adequadas para reduzir o consumo dos mineradores de criptoativos em caso de piora da crise energética

Bandeiras da União Europeia em Bruxelas (Reuters/Exame)

Bandeiras da União Europeia em Bruxelas (Reuters/Exame)

A União Europeia (UE) informou nesta terça-feira, 18, que será possível desligar a energia dos mineradores de Bitcoin e de outras criptomoedas caso a crise energética piore.

A informação foi divulgada pela Comissão Europeia aos Estados-membros, que foram convidados a "implementar medidas apropriadas para diminuir o consumo dos mineradores” caso o desabastecimento energético continue, após a Rússia cortar o fornecimento de gás para o continente.

“Caso haja necessidade de redução de carga nos sistemas elétricos, os estados membros da UE também devem estar prontos para interromper a mineração de ativos criptográficos”, aparece no documento que a Comissão Europeia publicou nesta terça.

A redução de carga ocorre quando as empresas de energia deliberadamente desligam o fornecimento de um determinado conjunto de usuários para evitar a queda de toda a rede.

Com isso, as redes elétricas de cada país vai reduzir, senão diminuir, a oferta de KiloWatts para quem estiver validando transações em blockchains que exploram a chamada “prova de trabalho” (“proof of work”).

“Nos próximos meses e anos, a Comissão pretende tomar várias medidas para impulsionar os serviços de energia digital, garantindo um setor de TIC (tecnologias de informação e comunicação) com eficiência energética, incluindo … um rótulo de eficiência energética para blockchains”, salientou a Comissão.

Segundo o órgão executivo da União Europeia, "o consumo de energia por parte de mineradores de criptomoedas aumentou 900% em cinco anos, atingindo cerca de 0,4% do uso mundial de eletricidade.

A Comissão Europeia prometeu outro relatório sobre o assunto até 2025 que poderia recomendar medidas adicionais para reduzir o uso de energia da criptomoeda. A Europa representa 10% da mineração global de prova de trabalho.

O que muda para os mineradores de Bitcoin e de outras criptomoedas

A decisão da Comissão Europeia muda drasticamente o mundo dos criptoativos. Antes de tudo, é útil lembrar o que são algoritmos de consenso. Em geral, para a validação das transações (e, portanto, a inserção de novos dados na blockchain), é necessário que os participantes cheguem a um consenso sobre a mesma transação.

E é nesse momento que os mecanismos chamados algoritmos de consenso entram em ação. Entre as mais utilizadas no mundo dos criptoativos estão a “prova de trabalho(proof-of-work) ou a “prova de participação(proof-of-stake).

O primeiro é o usado pelo Bitcoin e, até recentemente, pelo próprio Ethereum. Neste caso o mecanismo baseia-se na criação de uma competição, cujos participantes são os “mineradores”. Estes tem como objetivo resolver um enigma criptográfico que, com o tempo, se torna cada vez mais difícil. Em outras palavras, os "mineradores" fornecem hardware e potência computacional crescente. O objetivo, por um lado, é justamente encontrar por primeiros a solução do enigma; e por outro lado, na sequência da validação, ser remunerado com Bitcoins.

O sistema da "prova de participação" (agora utilizada pelo Ethereum) é totalmente diferente. Neste caso, a validação é realizada pelos chamados "validadores", através de assuntos que são escolhidos antecipadamente, e de forma aleatória, com base na quantidade de criptomoedas em sua posse (chamada stake). A possibilidade de ser o sujeito que realiza a validação é de fato proporcional à soma de criptomoedas oferecida como garantia, para poder ser identificado precisamente como validadores.

E é justamente nesse aspecto que a possibilidade de cortar a energia decidida pela União Europeia se torna relevante, pois uma das principais diferenças entre as duas provas é exatamente o consumo de energia.

Diferença entre prova de trabalho e prova de participação

Na "prova de trabalho" a necessidade de atingir um poder computacional muito elevado induz os "mineradores" a trabalharem em conjunto e a utilizarem enormes quantidades de KiloWatts. E foi exatamente essa situação que deu origem e dá origem à conhecida controvérsia sobre a sustentabilidade ecológica do Bitcoin.

Por outro lado, no caso da "prova de participação", o problema da energia não existe, especialmente no caso do Ethereum, pois após a atualização do The Merge, a rede não depende mais de computadores para validar e executar as transações.

Por isso, uma eventual ação da União Europeia para cortar a energia dos mineradores tornaria complicada o funcionamento do Bitcoin, a maior criptomoeda criada até o momento. O tempo vai dizes como a situação vai se evolver.

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