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Preocupados com o clima, consumidores pedem sustentabilidade; CEOs pensam diferente, diz pesquisa

Estudo da Bain & Company mostra que 30% das empresas estão atrasadas nas metas climáticas, enquanto consumidores cobram mais ação

Clima: onda de calor, tempo seco e queimadas aumentam a preocupação dos consumidores com as mudanças climáticas (Paulo Pinto/Agência Brasil)
Rodrigo Caetano

Editor ESG

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 10h23.

Uma pesquisa da consultoria Bain & Company destaca uma mudança significativa nas prioridades dos “CEOs” globais. Questões como “inteligência artificial”, crescimento econômico, inflação e incertezas geopolíticas agora ocupam o topo da agenda, deixando a “sustentabilidade” em segundo plano.

Apesar das promessas ambiciosas feitas nos últimos anos, as empresas estão enfrentando dificuldades para cumprir suas “metas climáticas”. O estudo, chamado “Guia do CEO Visionário para Sustentabilidade 2024”, revela que 30% das empresas estão atrasadas nas metas de redução de emissões diretas (Escopo 1 e 2), e quase metade enfrenta obstáculos com as emissões indiretas (Escopo 3). Muitas companhias estão revendo e até mesmo retraindo seus compromissos com o clima.

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Impactos econômicos e climáticos de um atraso nas metas

As consequências desse atraso podem ser graves: um aumento de 2°C na temperatura global reduziria, segundo estimativas, em “US$ 6 trilhões” o valor das empresas do S&P 500, além de causar impactos ambientais devastadores, diz a Bain&Co. Isso, no entanto, deve demorar algumas décadas para acontecer. Mas há um impacto mais imediato dessa desaceleração: a maioria dos “consumidores”, ao contrário dos CEOs, aumentou a preocupação com as mudanças climáticas.

Jean-Charles van den Branden, líder global da prática de “Sustentabilidade” da consultoria, afirma que a transição para um mundo sustentável segue um ciclo familiar. “O entusiasmo inicial está dando lugar ao realismo pragmático, à medida que as empresas percebem os desafios em cumprir metas ousadas”, disse, em comunicado para a imprensa. Ele alerta, porém, que desacelerar esse progresso seria um erro, pois as “tecnologias sustentáveis” podem alcançar seu ponto de virada mais rapidamente do que o esperado.

Preocupação com o clima cresce entre os consumidores

Enquanto os CEOs "tiram o pé", a pesquisa da Bain, que envolveu 19 mil consumidores em 10 países, aponta que 61% das pessoas aumentaram sua preocupação com as mudança climáticas nos últimos dois anos, principalmente após vivenciarem eventos climáticos extremos. Consumidores no Brasil, Indonésia e Itália estão entre os mais preocupados, refletindo os desastres naturais recentes nessas regiões.

Os consumidores também acreditam que suas ações têm impacto. Enquanto globalmente 76% consideram importante adotar um estilo de vida sustentável, no Brasil esse número chega a 90%, indicando uma maior sensação de responsabilidade ambiental no país.

Sustentabilidade é crucial para decisões de compra B2B

A pesquisa da Bain também revela que a “sustentabilidade” está entre os três principais critérios de compra no setor “B2B”. Aproximadamente 36% dos compradores corporativos afirmam que abandonariam fornecedores que não atendem às suas expectativas sustentáveis, e quase 50% estão dispostos a pagar um prêmio de 5% ou mais por produtos sustentáveis.

No entanto, apenas 27% dos fornecedores conhecem bem as necessidades de sustentabilidade de seus clientes, o que indica uma desconexão entre oferta e demanda nesse segmento.

IA e sustentabilidade: uma união promissora

O estudo também sugere que a “inteligência artificial (IA)” pode desempenhar um papel fundamental em impulsionar as iniciativas sustentáveis. Segundo van den Branden, "as empresas devem integrar a “IA” desde o início de suas estratégias de sustentabilidade para impulsionar a inovação e a resiliência". Isso pode ajudar a educar os consumidores sobre o que realmente torna um produto sustentável, além de aumentar a eficiência e reduzir emissões.

Com consumidores e compradores corporativos cada vez mais exigentes, a sustentabilidade ainda é um fator crucial no sucesso futuro das empresas, apesar dos desafios crescentes.

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