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Por que a Gerdau atrelou o bônus dos executivos a metas ESG

Siderúrgica pretende dar um sentido material à sustentabilidade. Nada melhor do que vincular as metas socioambientais à remuneração da liderança

Produção de vergalhões da Gerdau: empresa elegeu a diversidade e a redução das emissões como metas para 2023 (Tamires Kopp/Exame)
RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 16h32.

Última atualização em 18 de dezembro de 2020 às 21h50.

Para Caroline Carpenedo, diretora global de pessoas e responsabilidade social da siderúrgica Gerdau , a cultura de uma empresa é formada por três elementos: símbolos, sistema e comportamento. O sistema é o que faz a roda girar. “Tudo o que a gente reforça com símbolos molda o comportamento”, diz Capenedo. Quando enraizados, esses modos de agir baseados no que a companhia incentiva se tornam práticas, que materializam a cultura corporativa. Por isso, em grande medida, tudo o que está ligado à remuneração do pessoal tende a se impor como cultura, mesmo que a comunicação não reforce.

Quando uma companhia centenária, que atua em um setor tradicional e conservador, decide incorporar novas formas de agir e de fazer negócios, o caminho mais eficiente, geralmente, é mexer na remuneração dos executivos. Isso demonstra a seriedade do compromisso com a nova realidade e muda os comportamentos rapidamente. É por isso que a Gerdau acaba de atrelar os bônus de longo prazo dos executivos a metas de governança socioambiental (ESG, na sigla em inglês).

Bárbara Dinalli, líder global de remuneração e performance da siderúrgica, explica que o tamanho da compensação agora depende de três componentes: o EVA (valor econômico adicionado, na sigla em inglês), uma meta basicamente financeira que representa 40% do bônus; os objetivos restritos, metas específicas para os negócios e a operação que representam outros 40%; e 20% estarão, a partir do próximo ano, condicionados a indicadores ESG.

Os executivos do grupo, nos próximos três anos (período de medição do bônus de longo prazo), perseguirão duas metas ESG. A primeira diz respeito à diversidade. “Pretendemos chegar a 2025 com 30% de mulheres nem cargos de liderança”, diz  Dinalli. Atualmente, esse porcentual está em 22%. “Alguns países já estão nesse patamar, como o Uruguai, mas a maioria não”, afirma. A Gerdau tem operações em 10 países.

A segunda meta é de redução das emissões de carbono. A empresa ainda não tem um número para o objetivo. Ele só será anunciado no final 2022. Nos próximos dois anos, a tarefa será de levantar os dados e fazer um mapa do carbono na siderúrgica. Conforme esse levantamento, será definida uma meta. “É uma boa ideia já traçar planos para reduzir as emissões, ainda que a meta não tenha sido divulgada”, afirma Capenedo.

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Esse tipo de bônus de longo prazo é pago em ações da companhia. Numa conta simples, de cada 100 ações a serem distribuídas, 20 dependem das metas ESG. Não é pouco, ainda mais considerando que as metas relacionadas a desempenho são escalonáveis, ou seja, de cada centena disponível, o executivo pode receber zero, 100 ou até 150. E se tornam ainda mais relevantes quando se olha para os valores, já que o bônus de longo prazo contempla milhares de ações de uma das maiores siderúrgicas do mundo.

Mas por que priorizar a diversidade e as emissões? “Precisávamos contemplar os cinco países”, afirma Dinalli. “Cada operação terá o seu papel”. A construção de uma empresa ESG, dizem as executivas, é um trabalho coletivo. “É por isso que relacionamos as metas à remuneração de longo prazo”, afirma Carpenedo. “Temos de pensar nos próximos 100 anos.”

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