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Por 1 bilhão de garrafas a menos, Bonafont retira o rótulo das águas

Marca anuncia compromisso para usar plástico reciclado em todos os vasilhames até 2030. Plano inclui programa de geração de renda para catadores

Garrafas sem rótulos da Bonafont em produção: meta é ter metade de seus vasilhames feitos de material reciclado até 2025 (Assessoria de imprensa/Divulgação)
RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 2 de outubro de 2020 às 19h16.

A Bonafont, marca de águas minerais que pertence à Danone , está abolindo os rótulos de algumas de suas garrafas. Os primeiros vasilhames sem etiquetas, que são produzidos com plástico PET reciclado, chegam hoje aos mercados. A iniciativa faz parte de um programa para reduzir o uso de polímeros nos produtos. A meta é retirar do mercado 1 bilhão de garrafas plásticas até 2025.

Este ano, a Bonafont se tornará “plástico positivo”, ou seja, irá recolher e reciclar 100% do plástico que coloca em circulação -- considerando o peso equivalente do material. “Nosso produto é o mais saudável possível. Por isso, precisamos garantir que a forma como o entregamos ao consumidor tenha o menor impacto possível”, afirma Ricardo Vasques, presidente da divisão de águas da Danone no Brasil. “O plástico é um produto muito eficiente, só precisamos saber como usá-lo”.

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A indústria de bebidas vem sofrendo pressão para reduzir o uso de garrafas PET, material tão popular quanto poluente. Um estudo publicado pela Pew Charitable Trusts, a Fundação Ellen MacArthur e as Universidade de Oxford, Leeds e Common Seas, aponta que, em 20 anos, enquanto o volume de novos plásticos que entra em circulação no mercado deve dobrar, a quantidade de resíduos que termina nos oceanos triplicará, chegando a 29 milhões de toneladas. Se nada for feito, o custo desse desastre ambiental chegará a 940 bilhões de dólares anuais, globalmente.

Para Vasques, a saída para o problema está na economia circular, conceito que reúne uma série de tecnologias que permitem a criação de ciclos fechados de produção. Nesse modelo, a matéria prima é transformada em produto, e, ao fim da sua utilização, retorna ao início do processo, novamente como matéria prima.

A dificuldade em se estabelecer esse modelo na indústria de bebidas está no recolhimento das garrafas. “Precisamos capacitar a cadeia de reciclagem e gerar renda para os catadores”, afirma Vasques. As cooperativas de catadores são responsáveis por 90% dos materiais reciclados no Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA),

Em dezembro do ano passado, a categoria dos catadores somava 268 mil trabalhadores, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do IBGE. Em 2018, a renda mensal desses profissionais era de 690 reais, inferior ao salário mínimo na época (954 reais) e equivalente a menos de um terço da renda média nacional (2.243 reais). Os negros representam quase 70% dessa população e apenas três em cada dez recicladores completaram o ensino fundamental.

Retirar o rótulo das garrafas é uma forma de facilitar o processo de reciclagem. “Os recicladores precisam retirar um a um os rótulos, isso atrasa muito o processo”, afirma Vasques. As novas garrafas da Bonafont possuem as informações impressas no próprio plástico. Um obstáculo para adotar o modelo era a impressão do código de barras, que não poderia ser feita na garrafa. A solução foi colocá-lo na tampinha. Já o plástico reciclado é feito a partir dos galões retornáveis, cuja vida útil é de 3 anos. A meta da Bonafont é ter metade das suas garrafas feitas de material reciclado até 2025 e 100% até 2030.

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