ESG

Energia solar: quanto custa instalar e quanto tempo leva para recuperar o investimento

Levantamento apresenta o preço dos equipamentos por tipo, tamanho e payback do projeto. Modelo de geração explodiu no país nos últimos dois anos

Energia solar: Por ser a segunda maior fonte de energia brasileira, a energia solar corresponde hoje a 25 mil MW da potência instalada total  (Faye Sakura/The New York Times)

Energia solar: Por ser a segunda maior fonte de energia brasileira, a energia solar corresponde hoje a 25 mil MW da potência instalada total  (Faye Sakura/The New York Times)

Fernanda Bastos
Fernanda Bastos

Repórter de ESG

Publicado em 15 de fevereiro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 10 de março de 2023 às 14h40.

A produção de energia no Brasil a partir de fontes renováveis tem crescido nos últimos anos. Segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) e a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), em 2021 a fonte solar estava na casa de 14.154 MW de potência instalada. Em dezembro de 2022, ela alcançou a marca de 24 mil MW. “Hoje, a energia solar já representa a segunda maior fonte de energia no Brasil”, afirma Guilherme Susteras, coordenador da Absolar. 

Como funciona a energia solar?

Por ser uma tecnologia relativamente nova na dia-a-dia do brasileiro, ainda existem muitas dúvidas e pré-noções sobre o seu funcionamento. “Quando se pensa em energia solar, muitos ainda têm uma noção que é algo muito caro ou algo para poucas pessoas, por conta do investimento inicial”, afirma Susteras. Muitos ainda se perguntam quanto custa investir em energia solar e se vale a pena investir num projeto. Pensando nisso, a equipe de ESG da EXAME fez um levantamento dos valores, divididos por tipo de projeto, tamanho e o tempo que demora para recuperar o investimento (payback).  

O que é energia solar?

A energia solar é dividida, primordialmente, em três categorias: A geração centralizada, que utiliza usinas de maior porte responsáveis pela venda para as concessionárias de distribuição de energia ou para grandes indústrias por meio de leilões, e a geração distribuída, que corresponde aos pequenos telhados solares instalados em negócios, pequenas fazendas ou casas – que são a maior parte dos sistemas solares instalados.

Além das duas, existe a modalidade chamada geração compartilhada, conhecida também como energia por assinatura, remota ou à distância, que consiste em uma empresa que constrói uma grande usina em uma área interiorana, por exemplo, e oferece a energia produzida por meio da rede da concessionária utilizando créditos de energia para os consumidores – que podem viver em áreas sem a capacidade financeira, estética ou técnica para instalar o próprio painel solar. 

Novas alternativas financeiras

Com a popularização da matriz, existem mais opções e alternativas para a facilitação financeira da instalação de placas solares, como é o caso dos financiamentos destes equipamentos. Susteras explica que muitos produtos de financiamento, oferecidos por bancos públicos ou privados, cooperativas de crédito e até fintechs, conta com o valor da parcela do financiamento próximo do valor pago pela fatura de energia elétrica.

“O que significa dizer que você passa quatro ou cinco anos pagando a mesma coisa que pagaria para as concessionárias. Mas, ao invés de pagar para concessionária, o cliente paga para o banco e depois tem o sistema fotovoltaico gerando energia por, pelo menos, mais 20 anos. E com isso, o consumidor passa a pagar para a concessionária a fatura mínima que representa, em média, 5% da conta geral. Então, esse elemento de negócio, a opção de crédito para as famílias e para os pequenos negócios, é uma forma de acesso à matriz bastante democrática”, aponta Susteras. 

O investimento inicial e o tempo de retorno

O tempo de retorno do investimento em placas solares depende de uma série de fatores, dentre eles: a tarifa da região da região, a quantidade de radiação solar na região. “Se o consumidor instala o próprio sistema solar deverá ter um retorno do investimento em quatro anos para cinco anos e meio, essa é a ordem de grandeza do tempo de retorno. Se o cliente não tem capacidade de pagar à vista, também deve ser levado em consideração o tempo de pagamento do financiamento. Mas, energia solar é um sistema que tem, pelo menos, 25 anos de vida útil”, comenta Susteras. 

Como se preparar para investir em energia solar

Assim como com qualquer outro produto ou serviço, a pesquisa é essencial para o cliente tomar a decisão de qual é o melhor caminho para a instalação da energia solar. “Quando um consumidor deseja ter energia solar na sua casa ou na sua empresa e for pesquisar empresas, essas empresas conseguem fazer uma visita técnica e avaliar qual é a necessidade do cliente e as próprias empresas quando fazem essas visitas, também já trazem as opções de financiamento. Então normalmente o que o cliente precisa fazer é escolher entre as três ou quatro propostas”, aconselha Susteras. 

Benefícios da energia solar

De acordo com Susteras, um dos benefícios da instalação de placas solares é a economia para não pagar as tarifas de energia que tendem a subir – além da sustentabilidade gerada pela fonte. 

Segundo o coordenador, existem cerca de 2 milhões de consumidores com geração própria de energia em um universo de quase 90 milhões de consumidores. “O Brasil, tem um enorme espaço para percorrer, isso antes de falar do Brasil poder ser uma potência exportadora de hidrogênio verde, o que significa mais energia renovável. Ou seja, vai aumentar a demanda elétrica e, por isso, vamos precisar de mais energia ou mesmo as baterias residenciais em que as pessoas vão passar a gerar sua própria energia e armazenar suas próprias baterias”, observa Susteras.

Como instalar placa solar?

Segundo o Portal Solar, existem alguns passos para instalar energia solar com segurança e consciência. O primeiro deles é entender a conta de luz e o consumo do local, procurando o consumo mensal em kWh (kilowatt/hora). Assim, o consumidor poderá calcular o consumo mensal médio dos últimos 12 meses, o que dará um norte para calcular quanto custaria a instalação da energia solar.

O segundo passo é a simulação das instalações de placas solares, onde, com base no consumo mensal da conta de luz, o consumidor poderá simular as especificações de instalação. Como? O Portal Solar tem um simulador de energia solar, onde o cliente pode preencher com consumo de energia mensal em kWh, seu CEP, nome e e-mail e receber o resultado. Com isso, é possível calcular a economia do projeto de instalação de energia solar, como outros detalhes. 

Sabendo o consumo em kWh e as especificações da instalação, o cliente pode solicitar um orçamento. E por último, pode caminhar para a instalação do projeto, que deve ser feito com um especialista para evitar lesões ou acidentes. 

Existem alguns passos para a instalação: 

  1. fazer a visita técnica e a formalização do orçamento; 
  2. elaborar o projeto e mandar para a distribuidora;
  3. instalar o sistema; 
  4. homologar a instalação com a distribuidora

Como é instalado um sistema de energia solar?

Ainda segundo o Portal Solar, primeiro o local onde irão as placas é preparado, com a equipe subindo ao telhado para “desenhar” como os painéis serão alocados. Logo em seguida, são instalados os suportes em telhados de barro, com a remoção das telhas. E estes suportes são aparafusados nos pontos corretos. Já em telhados de metal, a instalação ocorre da seguinte forma: o suporte é parafusado na própria malha metálica. 

Em terceiro lugar, os trilhos são instalados, que são os locais onde os painéis serão colocados. Depois disso, os painéis são posicionados e os cabos são conectados. Por último, os painéis são conectados ao inversor solar, depois do inversor ser instalado junto à rede elétrica da casa ou comércio, esta etapa é feita somente pelo eletricista. Após estes passos, o sistema já está apto para produzir energia. 

“À medida que isso se torna uma tecnologia corriqueira, as pessoas começam a ver cada vez mais casas e empresas com sistemas fotovoltaicos, isso deixa de ser um mercado de early adopters e passa a ser um mercado mais mainstream. As pessoas começam a adotar assim, como celular, televisão ou geladeira foi um dia essa tecnologia nova e para poucas pessoas para ter o custo baixo e abraçar mais pessoas”, conclui Susteras.

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