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Empregos verdes: falta de mão de obra para milhões de vagas pode intensificar aquecimento global

Pesquisa da Boston Consulting Group (BCG) aponta uma lacuna de 7 milhões de profissionais em empregos verdes; estudo mostra iniciativas possíveis por empresas e governos para mitigação do problema e das mudanças climáticas

Energia solar: retorno de investimento chega a ser em média 25% ao ano (Sean Gallup/Getty Images)
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 25 de outubro de 2023 às 07h10.

Para mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas, companhias e governos olham para a eficiência da transição energética e o desenvolvimento de empregos verdes. Contudo,a lacuna de competências profissionais na economia verde aumentará para 7 milhões até 2030, de acordo com a pesquisa“Will a Green Skills Gap of 7 Million Workers Put Climate Goals at Risk?”, da consultoria Boston Consulting Group (BCG).

A lacuna de competências verdes é especialmente acentuada nas tecnologias de energia solar, eólica e de biocombustíveis. Como consequência, pode ocorrer um aumento da temperatura de 0,1°C, atrasando o progresso na construção de ativos renováveis ​​para energia limpa.

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Segundo Santino Lacanna, sócio e líder da prática de pessoas e organizações do BCG, "Isso é especialmente preocupante, considerando o compromisso global de atingir emissões líquidas zero de CO2 até 2050 para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais".

A pesquisa apontam ainda exemplos de empregos que estarão em demanda, como:

“As pessoas não estão onde são mais necessárias, aqueles que estão no lugar certo ainda têm um trabalho significativo e não sentem a urgência de mudar, e aqueles que migram para a energia verde descobrem que precisam de competências inteiramente novas. A melhoria de competências em grande escala é uma parte fundamental da solução, tal como a migração legal baseada em competências”, diz  Johann Harnoss, bolsista do BCG Henderson com foco em inovação e talento global.

A pesquisa também enfoca o desafio de alinhar geografia, habilidades e cronograma. Lacanna acrescenta: "os talentos não estão necessariamente onde são mais necessários, e aqueles que estão no lugar certo muitas vezes não sentem a urgência de se mudar. A capacitação em larga escala e a migração baseada em habilidades são partes fundamentais da solução".

A insuficiência de trabalhadores de energia verde é especialmente relevante em países como Alemanha e Estados Unidos, onde o desemprego é relativamente baixo. Os exemplos de empregos em alta demanda incluem instaladores de painéis solares, operadores de parques eólicos em terra e no mar, técnicos de soldagem e metalurgia em usinas de energia solar em grande escala, técnicos em proteção contra incêndios e segurança ocupacional, e engenheiros de pesquisa e desenvolvimento em tecnologias solares e de bateria.

O especialista do BCG ressalta a importância de abordar a dimensão humana nas discussões sobre mudanças climáticas: "temas como finanças sustentáveis, infraestrutura e inovação tecnológica estão no topo da agenda global, mas a dimensão humana muitas vezes é negligenciada. Corrigir isso será fundamental para alcançar as metas de emissões líquidas zero do mundo".

O que governos e empresas podem fazer para mitigar as lacunas de trabalhos verdes

Entre as ações para superar, ou ao menos mitigar, a carência de trabalhadores neste setor, há duas frentes de ação: a governamental e a corporativa. A consultoria aponta que os governos devem:

E as organizações, por sua vez, precisam:

Santino aponta que a escassez de habilidades verdes é uma oportunidade para compartilhar novas oportunidades econômicas para trabalhadores e comunidades no mundo todo. "A colaboração entre governos e organizações é essencial para avançar em direção a um futuro mais verde e sustentável", afirma.

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