ESG

Davos 2022: hora de sair do lamaçal por um mundo mais justo

Fórum Econômico Mundial deixa claro que as lideranças empresariais têm que se unir agora para trazer soluções ao planeta imerso em crises

Passengers exit an SBB AG train at the Davos Platz train station in Davos, Switzerland, host site of the World Economic Forum (WEF) Annual Meeting 2011, on Tuesday, Jan. 25, 2011. The World Economic Forum in Davos will be attended by a record number of chief executive officers, with a total of 2,500 delegates attending the five-day meeting that starts in the ski resort on Jan. 26. Photographer: Tomohiro Ohsumi/Bloomberg via Getty Images (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Passengers exit an SBB AG train at the Davos Platz train station in Davos, Switzerland, host site of the World Economic Forum (WEF) Annual Meeting 2011, on Tuesday, Jan. 25, 2011. The World Economic Forum in Davos will be attended by a record number of chief executive officers, with a total of 2,500 delegates attending the five-day meeting that starts in the ski resort on Jan. 26. Photographer: Tomohiro Ohsumi/Bloomberg via Getty Images (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 6 de junho de 2022 às 13h30.

O Fórum Econômico Mundial, em Davos, está mais próximo do dia a dia de cada um como jamais se pensou. Não à toa, seu fundador, Klaus Schwab, anunciou ser este o encontro anual mais importante e oportuno de todos desde sua criação, há mais de 50 anos. Foram discussões que deixaram ainda mais claras as necessidades de cooperação e ação em torno de um planeta mais saudável e equitativo.

O retorno ao evento numa fase mais branda da pandemia, com a sensação de mal-estar e tristeza agravados pela guerra da Ucrânia, a crise climática, que é uma realidade, e todas essas forças recentes que mataram milhões de pessoas pelo mundo e transformaram a nossa realidade, nos trouxe discussões mais que relevantes, trocas acaloradas e um entendimento de que tudo isso tem que vir a reboque de uma saída, de propostas de soluções imediatas e da consciência de que não é mais possível deixar para amanhã.

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A recuperação global foi atrapalhada, e muito, pelos anos sombrios recentes. A inflação chegou a níveis estratosféricos e isso não é um assunto distante, estamos falando da perda de poder aquisitivo e de um agravamento da situação desigual que já havia no mundo pré-pandemia. Tema a ser piorado num eventual processo de desglobalização, ou fragmentação das grandes cadeias produtivas globais, tão citado no Fórum.

As conversas foram dominadas pela guerra da Ucrânia. Sendo que emergência climática, saúde, crises alimentares e energéticas e tecnologia foram temas recorrentes, em diversas sessões. O impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia mobilizou a comunidade internacional na posição de lutarem pela paz. E nenhum país está livre das consequências dessa guerra, com uma pressão inflacionária cada vez maior, principalmente na alimentação, o que leva ao empobrecimento da população. Essa questão para um país como o nosso já é bastante complicada e as empresas têm que vir à frente para agir.

Além disso, a crise climática também vai alimentar ainda mais todas as crises já existentes. Todos sabemos que a humanidade tem apenas oito anos para acelerar a Agenda 2030 da ONU, estamos na Década da Ação e temos bem pouco tempo para agir, respeitando os limites do planeta. Eu e você também temos tudo a ver com isso.  Proteger o clima e a natureza são prioridade zero dessa agenda. Por isso, a promoção da transformação energética também esteve em muitas sessões em Davos. Depois da IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável) ter decretado o fim da energia fóssil como fator geopolítico global, a questão da segurança energética volta a dominar o cenário político. No entanto, a crise, por mais que promova combustíveis fosseis de maneira paliativa, está acelerando o plano para transição energética.

Esse cenário todo traz desafios enormes para um país como o Brasil, mas também gera muitas oportunidades. Um país produtor de commodities agrícolas, que tem vocação natural para a sustentabilidade e vantagem comparativa. Precisamos, como líderes empresariais, entender isso, vir à frente para apoiar a população brasileira nesse momento e fazer desse lamaçal uma oportunidade de negócios. É preciso que todos queiram entender mais a importância de se falar sobre clima, pois há aí uma enorme solução para boa parte dos problemas. Por isso, como me falava o CEO de um grande banco brasileiro em Davos, o letramento climático é urgente.

Não podemos sossegar um segundo. E fica mais fácil entender por que Klaus Schwab disse que este era o fórum mais importante de todos. No mundo pós-pandêmico e com uma guerra de grandes proporções e tantos problemas, é preciso, mais do que nunca, coragem para os líderes. Dado o estado do mundo, e da emergência climática, Davos só fez ressaltar as agendas de sempre, e que a gente precisa de grandes coalizões multissetoriais para fazer a transição para um mundo mais justo.

Nesse sentido, vejo com muita alegria alguns anúncios: o programa da Bayer para pequenos agricultores no qual US$ 150 milhões serão investidos, a parceria entre DSM e JBS para redução da emissão de metano pelo gado, o lançamento da Plataforma de Sistemas Alimentares pelo Pacto Global, entre outras.

Neste momento de grande tensão, é hora de agir. A inação irá gerar mais disrupções, nos levando a uma insolvência global. Alguém consegue discordar? Então vamos!

*Carlo Pereira é CEO do Pacto Global da ONU no Brasil

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