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Bunge comprou soja dos maiores desmatadores do Cerrado, diz relatório

A processadora comprou matéria-prima de uma produtora de grãos responsável por desmatar uma área duas vezes maior que a cidade de Manhattan; Cargill aparece em segundo lugar

Bunge: empresa comprou de produtora que desmatou o Cerrado em 2020 (Alexis Prappas/Exame)
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Reuters

Publicado em 30 de março de 2021 às 13h50.

Última atualização em 13 de abril de 2021 às 15h29.

A trading e processadora de commodities agrícolas Bunge comprou soja de fazendas responsáveis ​​pelo desflorestamento no Cerrado, em 2020, de uma área duas vezes maior que Manhattan, apontou um relatório nesta terça-feira.

A produtora de grãos e oleaginosas SLC Agrícola, que vende para a Bunge e outras tradings, foi a responsável pela maior parte do desmatamento.

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A empresa desflorestou 101,5 km quadrados, de acordo com uma análise da Chain Reaction Research, um consórcio de organizações não governamentais.

A Bunge e a SLC Agrícola, que de acordo com o relatório lideram os rankings entre tradings e produtores, respectivamente, disseram que o desmatamento não foi ilegal. A SLC aparece no levantamento como responsável por desflorestamento que supera todas as outras companhias.

O Cerrado, que faz fronteira com a floresta amazônica e ocupa quase um quarto do território brasileiro, captura grandes quantidades de gases causadores do efeito estufa.

Aproximadamente metade do Cerrado foi desmatado até agora, principalmente para dar lugar a cultivos de soja, milho e pecuária, entre outros produtos agrícolas.

Enquanto o desmatamento na Amazônia é estritamente limitado a 20% da propriedade dos agricultores, os produtores em algumas áreas do Cerrado podem desflorestar até 80% de suas terras legalmente.

O relatório da Chain Reaction Research analisou os principais agricultores e empresas agrícolas comerciais vinculadas a esse desmatamento legal no Cerrado.

"O desmatamento ilegal e o desmatamento legal têm exatamente o mesmo impacto --ambos têm impacto sobre as mudanças climáticas", disse Gerard Rijk, analista da organização sem fins lucrativos holandesa Profundo, membro do consórcio. "A indústria de consumo veloz e os supermercados estão cada vez mais focados em todo o desmatamento", acrescentou.

A Bunge foi de longe a líder em compras de produtores que mais desmataram, com seus fornecedores responsáveis ​​por 131,5 km quadrados desmatados em 2020.

A Cargill, em segundo lugar, teve quase 12 vezes menos compras associadas a desmatamento em 2020 do que a Bunge.

A Bunge disse em comunicado que não compra soja de áreas desmatadas ilegalmente no Cerrado e está trabalhando para eliminar todo o desmatamento de suas cadeias produtivas até 2025.

A empresa disse que possui monitoramento extensivo do desmatamento em cerca de 8 mil fazendas que respondem por 96% de suas compras na região.

Uma porta-voz da Cargill disse que a empresa está empenhada em acabar com o desmatamento em suas cadeias de abastecimento até 2030, incluindo as liberações legais, e está trabalhando para acelerar esses esforços.

O relatório da Chain Reaction Research é baseado em dados oficiais de desmatamento do governo brasileiro, registros públicos e informações divulgadas pelas empresas, mas pode não capturar todas as relações entre as empresas de "trading" e agricultores que desmatam.

O período utilizado nesses dados do governo para mensurar o desmatamento vai de agosto de 2019 a julho de 2020.

A SLC Agrícola, listada na bolsa de São Paulo, que opera principalmente fazendas no Cerrado, confirmou que desflorestou 110 km quadrados em 2020.

A empresa planeja acabar com todo o desmatamento até o final da safra 2020/2021, que termina em agosto, com cerca de 16 km quadrados restantes para serem abertos.

Todo o desmatamento foi feito legalmente, disse a empresa em um comunicado.

A SLC cultivou áreas totalizando 468.200 hectares na safra 2020/2021, de acordo com seu balanço do quarto trimestre. A empresa disse à Reuters que preservou 33% de suas terras, excedendo a exigência legal.

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