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Brasil avançou na redução de desigualdades em 10 anos, mas tema racial requer mais ações, diz Oxfam

Temas como segurança alimentar e diversidade na educação superior apresentaram melhorias, enquanto clima e saúde abriram espaço para vulnerabilidades

Viviana Santiago, diretora da Oxfam: "Políticas públicas inclusivas têm o poder de transformar vidas e reduzir desigualdades históricas" (Divulgação/Divulgação)
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 15h21.

Última atualização em 10 de dezembro de 2024 às 15h32.

A Oxfam Brasil, organização de impacto social e filantropia que completa uma década no Brasil, publica nesta terça-feira, 10, uma análise sobre os avanços do Brasil na redução dedesigualdadessocioeconômicas desde sua chegada no país.

Um dos destaques é asaída de 14,7 milhões de pessoas da fome extremano último ano, o que, segundo a pesquisa, é reflexo da criação de programas de assistência e políticas como o Bolsa Família. A informação é do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial.

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O aumento da presença de pessoas negras no ensino superior também foi percebido, passando de 40% em 2011 para 51% em 2019, a partir dascotas raciais em universidades públicas, de acordo com o Inep.

Para Viviana Santiago, diretora-executiva da Oxfam Brasil, os dados mostram a evolução do Brasil na redução de desigualdades históricas. “Essas informações mostram que políticas públicas inclusivas têm o poder de transformar vidas e reduzir desigualdades históricas”, afirma.

Um dos indicadores mais reveladores é a trajetória do Índice de Gini, medida estatística criada para avaliar a desigualdade dedistribuição de rendaem uma sociedade, sendo 0 a igualdade perfeita e 1 a desigualdade máxima. Em 2014, o índice atingiu seu menor patamar na década, em 0,504. Após um pico de 0,541 durante a pandemia de Covid-19, o indicador voltou a ceder, alcançando 0,509 em 2024.

O relatório ainda detalha retrocessos para as áreas de saúde e educação, como a Emenda Constitucional 95, de 2016, que congelou os gastos públicos. De acordo com Viviane, essa política afetou especialmente o acesso aos serviços pelas populações mais vulneráveis e o combate às desigualdades sociais.

Desigualdades de gênero e raça

A análise mostra transformações significativas na composição racial, gênero e de rendimentos. Em 2013, homens brancos, representando 27,24% da população, concentravam quase 40% da renda nacional. Dez anos depois, essa disparidade começa a se modificar, com homens negros ampliando sua participação econômica de 25,33% para 26,8% dos rendimentos.

Apesar dos avanços, o estudo evidencia desigualdades estruturais profundas. Homens brancos, mesmo sendo apenas 24,57% da população em 2023, ainda detêm mais de 35% dos rendimentos totais. Mulheres negras, que correspondem a 22,45% da população, recebem apenas 15,01% da renda.

O relatório explica que políticas públicas, como creches e escolas gratuitas de tempo integral, ajudaram a reverter o cenário de desigualdade entre gêneros, mas que para a melhoria na igualdade racial ainda existe uma disparidade centenária que exige mais feitos.

O clima também foi apontado para um ponto de acentuação das vulnerabilidades sociais. Eventos extremos, como secas e inundações, atingem especialmente populações e comunidades que já sofrem com outros desafios sociais, como mulheres negras.

O relatório aponta ainda estratégias concretas para reduzir desigualdades e fortalecer a justiça social. A primeira sinalização positiva está na retomada de políticas redistributivas, como a expansão do Bolsa Família, que começa a demonstrar resultados promissores. Essa iniciativa não é apenas um programa de transferência de renda, mas uma estratégia estrutural de combate à vulnerabilidade social.

"O Brasil tem uma oportunidade histórica de reverter retrocessos e avançar em direção a uma sociedade mais justa e igualitária", finaliza a diretora.

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