Apoio:
Parceiro institucional:
O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante encontro com indígenas na COP27: Brasil busca retomar protagonismo (Leandro Fonseca/Exame)
Colunista
Publicado em 12 de setembro de 2023 às 09h48.
Última atualização em 13 de setembro de 2023 às 13h42.
Com o mundo distante da meta estabelecida em 2015 para conter o aquecimento global, um novo relatório da ONU destaca a urgência da transformação profunda de nossos sistemas energéticos e financeiros. O relatório alerta que “a janela de oportunidade para garantir um futuro habitável e sustentável para todos está se fechando rapidamente”.
O mundo precisa reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030 (em comparação com os níveis de 2019) e 60% até 2035. Para isso, o estímulo a energias renováveis e a adoção de práticas sustentáveis são essenciais. Especialmente relevante é a interrupção e reversão do desmatamento nas regiões tropicais, onde ocorrem cerca de 95% do desmatamento mundial. Sendo que grande parte desse problema se dá para atender a demanda de mercados de países desenvolvidos.
Em um momento crítico para o nosso planeta, a urgência climática se destaca como um dos maiores desafios da humanidade. A transição para uma economia de baixo carbono é imperativa, e o Brasil, com sua vasta biodiversidade e riqueza de recursos, tem um papel fundamental a desempenhar.
O ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, apontou claramente: “Este último relatório mostra que estamos falhando, não porque não conhecemos as respostas — mas porque não estamos fazendo nossa lição de casa.Essa afirmação reforça que já temos as soluções, mas a implementação tem sido lenta”.
O Brasil é um gigante em potencial no cenário global de sustentabilidade. Nosso setor agrícola pode liderar a revolução da produção sustentável de alimentos e biocombustíveis. Com técnicas avançadas como agricultura de precisão, sistemas agroflorestais e práticas integradas, podemos otimizar a produção sem esgotar recursos.
A energia é outro setor onde o Brasil pode brilhar. Já somos líderes em hidroeletricidade e biocombustíveis. Mas há muito espaço para expandir em energia solar, eólica e outras fontes renováveis, como o hidrogênio verde. Investindo em pesquisa e desenvolvimento, podemos ser líderes globais em tecnologias limpas. A Aliança Global pelos Biocombustíveis lançada no G20, na Índia, mostra que há muito a se explorar nessa área.
A biodiversidade brasileira é um tesouro global. O potencial para produtos farmacêuticos, cosméticos e outros derivados de nossa flora é imenso. O desenvolvimento sustentável desses recursos pode posicionar o Brasil como líder em bioeconomia.
A infraestrutura é outro ponto crucial. Com projetos focados em sustentabilidade, podemos desenvolver cidades mais verdes e eficientes, integrando tecnologias limpas em nosso cotidiano e tornando a vida urbana mais harmoniosa com o meio ambiente.
O setor financeiro não fica atrás. Investir em projetos verdes, financiar startups focadas em soluções sustentáveis e criar incentivos para práticas ecológicas podem revolucionar a economia brasileira.
O Brasil tem uma posição estratégica no cenário global. Desde a Conferência de Meio Ambiente, em Estocolmo, passando pela Eco92, Rio+20 e Acordo de Paris lideramos as discussão. À medida que nos aproximamos da próxima reunião do G20 e da COP30, o Brasil tem a chance de demonstrar sua liderança. No entanto, é fundamental que essa liderança não seja apenas retórica. O “gap retórico”, onde a diferença entre o que é dito e o que é feito torna-se evidente, não pode ser uma armadilha para o Brasil.
No fim das contas, a questão é se estamos prontos para assumir essa responsabilidade. O mundo está observando, e o legado que deixaremos para as próximas gerações está em jogo. O Brasil tem tudo para ser líder nesta transição. A escolha é nossa.