Exame Logo

Ventos desfavoráveis para a América Latina

"Os ventos não sopram a favor como no passado e as respostas estão no interior de nossos países", alertou o presidente do BID, Luis Alberto Moreno

A falta de crédito é outro gargalo. A região precisa, segundo o BID, entre 330 e 400 bilhões de dólares para cobrir as necessidades das empresas e as mais prejudicadas são as empresas menores (Marcos Santos/USP Imagens)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2013 às 18h12.

As reformas são a única saída que a América Latina tem para manter um crescimento alto capaz de tirar sua população da pobreza diante da desvalorização das matérias primas e um contexto internacional difícil, alertaram nesta sexta-feira ministros e representantes de organizações internacionais reunidos em um fórum organizado pelo Ministério da Economia francês.

"Os ventos não sopram a favor como no passado e as respostas estão no interior de nossos países", alertou o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, no Fórum Econômico Internacional América Latina e Caribe.

"Reformas, reformas, reformas", é a resposta para se adaptar às dificuldades para continuar crescendo, disse o diretor da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mexicano Angel Gurría, para atenuar a "volatilidade que nos afeta sempre".

"Não há alternativa, estamos atrasados, a complacência continua nos atacando e, sobretudo, os países de relativa riqueza natural", alertou, no quinto fórum organizado pelo Ministério da Economia e Finanças francês, a OCDE e o BID.

O crescimento de 3,1% do PIB de 2012 e 3,5% do PIB da região esperado para este ano não é suficiente para manter a velocidade necessária, que deve superar pelo menos 4%. Apesar de esses dados esconderem casos de alto crescimento como Panamá ou Peru.

Como alertou o moderador de um dos painéis, o jornalista da The Economist, Michael Reid, "se vislumbra o fim do grande super-ciclo do superpreço das matérias primas".

Baixa produtividade, deficiente capacitação profissional, trabalho informal, infraestrutura ruim ou inexistente, falta de financiamento para as empresas, carência de cadeias de valor, pouca relevância do aporte das pequenas empresas à economia, ineficácia do Estado, falta de um bom sistema de arrecadação de impostos...


De fato, 68% dos latino-americanos vivem com menos de 10 dólares por dia, lembrou Gurría, para quem o continente apresenta as "maiores disparidades sócio-econômicas do mundo. Não somos os mais pobres, somos os mais desiguais do mundo", disse.

Para Moreno, a produtividade "é o principal problema e desafio central para a região".

Talvez o termômetro desse problema é o alto grau da economia informal, que se eleva a 40% e, em alguns casos, a 50%.

Com exceção do Chile, o número de empresas na região é de um terço em comparação com os países desenvolvidos.

A falta de crédito é outro gargalo. A região precisa, segundo o BID, entre 330 e 400 bilhões de dólares para cobrir as necessidades das empresas e as mais prejudicadas são as empresas menores.

Os salários reais na Ásia aumentaram muito mais rápido que os da América Latina.

Para o ministro das Finanças do Peru, Luis Castilla, também é preciso reformar o Estado, porque até agora, foi o setor privado que liderou o crescimento.

Isso passa por um maior governo eletrônico que aumente a transparência e reduza a discricionariedade e a corrupção, assim como revisar o processo de descentralização.

Mas se há um diagnóstico dos problemas que impedem um crescimento "endógeno vigoroso", por que ele não é corrigido?

"As decisões supõem consensos e os consensos são conseguidos por vias políticas", reconheceu à AFP Moreno, quem lembrou a "urgência das reformas".

Atualmente, contudo, a fragmentação de partidos nos parlamentos dificulta esses consensos, reconheceu o titular de Economia da Costa Rica, Edgar Ayales.

Veja também

As reformas são a única saída que a América Latina tem para manter um crescimento alto capaz de tirar sua população da pobreza diante da desvalorização das matérias primas e um contexto internacional difícil, alertaram nesta sexta-feira ministros e representantes de organizações internacionais reunidos em um fórum organizado pelo Ministério da Economia francês.

"Os ventos não sopram a favor como no passado e as respostas estão no interior de nossos países", alertou o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, no Fórum Econômico Internacional América Latina e Caribe.

"Reformas, reformas, reformas", é a resposta para se adaptar às dificuldades para continuar crescendo, disse o diretor da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mexicano Angel Gurría, para atenuar a "volatilidade que nos afeta sempre".

"Não há alternativa, estamos atrasados, a complacência continua nos atacando e, sobretudo, os países de relativa riqueza natural", alertou, no quinto fórum organizado pelo Ministério da Economia e Finanças francês, a OCDE e o BID.

O crescimento de 3,1% do PIB de 2012 e 3,5% do PIB da região esperado para este ano não é suficiente para manter a velocidade necessária, que deve superar pelo menos 4%. Apesar de esses dados esconderem casos de alto crescimento como Panamá ou Peru.

Como alertou o moderador de um dos painéis, o jornalista da The Economist, Michael Reid, "se vislumbra o fim do grande super-ciclo do superpreço das matérias primas".

Baixa produtividade, deficiente capacitação profissional, trabalho informal, infraestrutura ruim ou inexistente, falta de financiamento para as empresas, carência de cadeias de valor, pouca relevância do aporte das pequenas empresas à economia, ineficácia do Estado, falta de um bom sistema de arrecadação de impostos...


De fato, 68% dos latino-americanos vivem com menos de 10 dólares por dia, lembrou Gurría, para quem o continente apresenta as "maiores disparidades sócio-econômicas do mundo. Não somos os mais pobres, somos os mais desiguais do mundo", disse.

Para Moreno, a produtividade "é o principal problema e desafio central para a região".

Talvez o termômetro desse problema é o alto grau da economia informal, que se eleva a 40% e, em alguns casos, a 50%.

Com exceção do Chile, o número de empresas na região é de um terço em comparação com os países desenvolvidos.

A falta de crédito é outro gargalo. A região precisa, segundo o BID, entre 330 e 400 bilhões de dólares para cobrir as necessidades das empresas e as mais prejudicadas são as empresas menores.

Os salários reais na Ásia aumentaram muito mais rápido que os da América Latina.

Para o ministro das Finanças do Peru, Luis Castilla, também é preciso reformar o Estado, porque até agora, foi o setor privado que liderou o crescimento.

Isso passa por um maior governo eletrônico que aumente a transparência e reduza a discricionariedade e a corrupção, assim como revisar o processo de descentralização.

Mas se há um diagnóstico dos problemas que impedem um crescimento "endógeno vigoroso", por que ele não é corrigido?

"As decisões supõem consensos e os consensos são conseguidos por vias políticas", reconheceu à AFP Moreno, quem lembrou a "urgência das reformas".

Atualmente, contudo, a fragmentação de partidos nos parlamentos dificulta esses consensos, reconheceu o titular de Economia da Costa Rica, Edgar Ayales.

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoCrise econômicaDesenvolvimento econômicogestao-de-negociosIndicadores econômicosPIBprodutividade-no-trabalho

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame