Trabalhadores remotos deveriam pagar imposto, diz Deutsche Bank
A implementação do imposto poderia arrecadar US$ 48 bilhões por ano nos Estados Unidos e cerca de 16 bilhões de euros (US$ 18,8 bilhões) na Alemanha
Bloomberg
Publicado em 11 de novembro de 2020 às 16h27.
Escolher ganhar o pão de cada dia em casa quando a pandemia acabar é um privilégio pelo qual as pessoas devem pagar, de acordo com estrategistas do braço de pesquisa do Deutsche Bank.
“Trabalhar em casa fará parte do ‘novo normal’ bem depois da pandemia”, escreveram estrategistas liderados por Luke Templeman em relatório. “Nosso argumento é que trabalhadores remotos deveriam pagar um imposto pelo privilégio.”
A equipe propõe uma taxa de 5% para pessoas que trabalham em casa regularmente e não por causa de uma medida de quarentena de governos. A implementação do imposto poderia arrecadar US$ 48 bilhões por ano nos Estados Unidos e cerca de 16 bilhões de euros (US$ 18,8 bilhões) na Alemanha, dizem, para financiar subsídios para profissionais de baixa renda e essenciais que não podem trabalhar remotamente.
O Deutsche Bank Research realizou uma pesquisa para avaliar a grande transição global rumo ao trabalho remoto que ocorreu como resultado da pandemia de Covid-19 e que pode perdurar já que muitas pessoas descobrem os benefícios financeiros, pessoais e profissionais da mudança. De acordo com os resultados, mais da metade dos que trabalham remotamente querem continuar nesse esquema entre dois e três dias por semana, mesmo após o fim da crise de saúde. A pesquisa com 800 pessoas foi realizada em setembro.
Trabalhar no conforto da própria casa economiza dinheiro com transporte, almoços e eventos sociais, de acordo com o Deutsche Bank Research, e oferece maior segurança e flexibilidade no emprego, disseram os estrategistas. Ainda assim, as pessoas que trabalham remotamente também contribuem menos para a infraestrutura da economia, o que poderia afetar ainda mais o crescimento nacional, disseram.
“Esse é um grande problema para a economia, pois foram necessários séculos e décadas para construir uma infraestrutura econômica e de negócios mais ampla que apoiasse o trabalho presencial”, disse Templeman.
O imposto proposto seria pago pelo empregador caso a empresa não forneça uma mesa ao empregado, ao passo que se o trabalhador decidir ficar em casa com base em suas próprias necessidades seria tributado por cada dia de trabalho remoto, de acordo com o o Deutsche Bank. Nos Estados Unidos, calculam os estrategistas, esse imposto poderia pagar um subsídio de US$ 1,5 mil aos 29 milhões de trabalhadores que ganham menos de US$ 30 mil por ano e não podem trabalhar de casa.
“Faz sentido apoiar o grupo de pessoas que foram repentinamente deslocadas por forças fora de seu controle”, disse Templeman. “Aqueles que têm a sorte de estar em uma posição de se ‘desconectar’ da economia cara a cara devem isso a eles.”