Taxa de mortalidade das empresas sobe para 10,9%
Segundo o Cadastro Geral de Empresas do IBGE, em 2002, o comércio registrou a maior taxa de mortalidade de empresas, com 11,1%
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h25.
A taxa de mortalidade das empresas brasileiras cresceu de 9% para 10,9% entre 2001 e 2002, segundo o Cadastro Geral de Empresas divulgado nesta quinta-feira (14/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2002, surgiram 720 mil companhias no país, mas outras 461 mil foram extintas. Com isso, o aumento real na quantidade de empresas foi de 259 mil. Isso significa que, para cada dez empresas criadas, seis foram fechadas naquele ano.
O setor do comércio foi o que apresentou maior taxa de mortalidade (11,1%), à frente dos serviços (10,8%) e da indústria (9,6%). As micro e pequenas empresas foram as que mais tentaram se desenvolver naquele ano. Os empreendimentos com até quatro pessoas ocupadas apresentaram as maiores taxas de natalidade (19,1%) e de mortalidade (12,5%) do cadastro. Devido ao baixo volume de capital necessário para a abertura de uma empresa com até quatro pessoas ocupadas, esse tipo de estabelecimento também concentrou 94% das empresas criadas e 96% das empresas fechadas em 2002 (leia ainda reportagem de EXAME sobre a burocracia para abrir e fechar negócios no Brasil).
Outro sinal de que as micro e pequenas empresas são a porta de entrada para o mundo dos negócios no país é que aumentou também o número de empreendimentos que funcionam apenas com proprietários e sócios. Em 2002, havia um total de 4,5 milhões de empresas ativas no país. Destas, 3,1 milhões (68,3%) operavam apenas com seus proprietários e sócios, ocupando um total de 4,3 milhões de pessoas.
O número de empresas operando nesse sistema cresceu 6,3% em relação a 2001. Já o total de sócios e proprietários aumentou 9,6%. O comércio foi o segmento que mais concentrou esse tipo de negócio, com 55,8% dos 3,1 milhões de estabelecimentos nesta situação e 50,9% dos 4,3 milhões de sócios e proprietários. Em seguida, veio a categoria de atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados a empresas, com 13,9% das unidades e 17,1% dos sócios.
Interiorização
Os dados do IBGE também reforçam a avaliação de que as companhias e os empregos estão migrando para o interior. Em 2002, o número de empresas abertas nas capitais cresceu 33,9%, enquanto o interior apresentou uma velocidade maior, com expansão de 45,5%. O mesmo aconteceu com o volume de pessoal ocupado, que aumentou 11,4% nas capitais, contra 31,8% no interior.
A diferença no ritmo de desenvolvimento está levando as capitais a perderem participação relativa em empresas e empregos para o interior. Em 1997, as capitais concentravam 32,4% das companhias brasileiras e 40,9% dos empregos. Em 2002, os percentuais caíram para 30,6% e 36,9%, respectivamente.
Apesar da interiorização das empresas, os empreendimentos ainda continuam concentrados. Num país com mais de 5 mil municípios, as 24 maiores cidades respondem por um terço do total de estabelecimentos empresariais do país e por 39% do pessoal ocupado. Deste grupo, 13 são capitais de Estado ( veja tabela abaixo ).
Atividades concentram-se em 24 municípios | ||||||
Número de unidades locais | Total de pessoal ocupado | |||||
Municípios | 1997 | 2002 | variação (%) | 1997 | 2002 | variação (%) |
São Paulo | 385 614 | 494 688 | 28,3 | 2 785 446 | 2 891 541 | 3,8 |
Rio de Janeiro | 132 014 | 166 067 | 25,8 | 1 352 528 | 1 430 594 | 5,8 |
Porto Alegre | 71 941 | 98 469 | 36,9 | 377 560 | 424 643 | 12,5 |
Belo Horizonte | 73 743 | 95 903 | 30,1 | 608 466 | 696 801 | 14,5 |
Curitiba | 66 935 | 90 101 | 34,6 | 460 862 | 496 421 | 7,7 |
Brasília | 46 688 | 72 104 | 54,4 | 330 311 | 447 334 | 35,4 |
Fortaleza | 47 402 | 64 518 | 36,1 | 306 457 | 356 265 | 16,3 |
Salvador | 42 800 | 58 528 | 36,7 | 330 073 | 375 307 | 13,7 |
Goiânia | 32 484 | 48 417 | 49 | 215 093 | 273 008 | 26,9 |
Campinas | 28 909 | 42 550 | 47,2 | 213 258 | 249 343 | 16,9 |
Recife | 27 731 | 38 421 | 38,5 | 288 951 | 302 579 | 4,7 |
Ribeirão Preto | 19 893 | 28 213 | 41,8 | 108 040 | 131 187 | 21,4 |
Guarulhos | 19 662 | 27 255 | 38,6 | 194 296 | 218 714 | 12,6 |
São Bernardo do Campo | 17 703 | 24 769 | 39,9 | 208 846 | 212 709 | 1,9 |
Caxias do Sul | 17 098 | 23 429 | 37 | 108 491 | 130 376 | 20,2 |
Londrina | 15 203 | 22 543 | 48,3 | 85 576 | 112 214 | 31,1 |
Manaus | 17 130 | 22 286 | 30,1 | 162 984 | 192 223 | 17,9 |
Santo Andr | 16 342 | 22 234 | 36,1 | 124 701 | 134 227 | 7,6 |
Natal | 15 021 | 21 186 | 41 | 99 945 | 130 979 | 31,1 |
São José do Rio Preto | 13 261 | 20 834 | 57,1 | 66 658 | 85 470 | 28,2 |
Uberlândia | 14 639 | 20 818 | 42,2 | 88 265 | 112 319 | 27,3 |
Santos | 15 978 | 20 788 | 30,1 | 97 018 | 105 104 | 8,3 |
Florianópolis | 13 589 | 20 764 | 52,8 | 81 973 | 106 216 | 29,6 |
Campo Grande | 14 822 | 20 528 | 38,5 | 87 505 | 111 732 | 27,7 |
Fonte: IBGE |