Economia

Supermercados vendem 1,5% menos nos sete primeiros meses de 2003

No mesmo dia em que o IBGE apontou uma queda nas vendas no varejo pelo oitavo mês consecutivo, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou levantamento que comprova que o consumidor comprou menos nos últimos meses. A pesquisa, que ouviu 108 empresas supermercadistas que respondem por mais da metade do faturamento do setor, concluiu que […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

No mesmo dia em que o IBGE apontou uma queda nas vendas no varejo pelo oitavo mês consecutivo, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou levantamento que comprova que o consumidor comprou menos nos últimos meses. A pesquisa, que ouviu 108 empresas supermercadistas que respondem por mais da metade do faturamento do setor, concluiu que as vendas nos sete meses do ano caíram 1,5% em relação ao mesmo período de 2002. Das 25 categorias de produtos pesquisadas, 17 tiveram queda no volume vendido, com destaque para óleo (-7,9%), queijo (-6%), açúcar (-5,1%) e vinagre (-5%). (Veja tabela abaixo.)

O presidente da Abras, João Carlos de Oliveira, disse que a freqüência dos consumidores aos supermercados permaneceu a mesma, mas eles passaram a comprar menos produtos ou a consumir produtos mais baratos. Um dos principais motivos para essa mudança, segundo ele, é que o consumidor teve sua renda comprometida com tarifas e preços administrados, que subiram mais que os índices de inflação. "Os preços administrados subiram bem acima do IPCA nos últimos cinco anos", diz Oliveira. Enquanto o indicador da inflação no atacado subiu 48,6% entre agosto de 1998 e julho de 2003, os combustíveis tiveram reajuste de 119,6%, a energia elétrica subiu 123,8% e o gás de cozinha aumentou 269,2%, por exemplo.

Segundo o executivo, a queda do consumo nos supermercados também foi influenciada pelos juros altos. "Os juros continuam bem elevados, o que dificulta o acesso ao crédito", diz Oliveira, que espera uma redução de pelo menos 1 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central. A equipe de analistas da Abras estima que a taxa de juros básica feche o ano entre 18% e 20%.

Apesar desse quadro, o presidente da Abras está otimista em relação ao último trimestre do ano, quando, segundo ele, o setor espera compensar as perdas acumuladas até agora. "Esperamos aumentar em 1,5% as vendas", diz Oliveira. "Isso será possível, por exemplo, com a maior venda de produtos importados no Natal." Ele lembrou que no fim de 2002 a elevada cotação do dólar reduziu bastante o consumo desses produtos. Segundo Oliveira, os supermercados já fizeram tudo que estava a seu alcance para vender mais. "As redes mudaram formatos de lojas, que ficaram maiores, ofereceram mais serviços e mais produtos", diz. "Estamos confiantes de que as variáveis macroeconômicas melhorarão e alavancarão um aumento das vendas."

Pesquisa AC Nielsen

Nesta segunda-feira, também foram divulgados alguns dados de uma pesquisa concluída pelo instituto AC Nielsen, que mostrou que a grande maioria dos consumidores diminuiu a quantidade de alimentos que compram. Em levantamento com 600 consumidores, a AC Nielsen constatou que, em relação aos alimentos, 91% dos entrevistados compraram menos do que no primeiro semestre de 2002, 89% cortaram categorias de produtos, como margarina, e 79% trocaram de marcas.

As mudanças nos hábitos foram menores no consumo de produtos de higiene, saúde e limpeza. Em relação a estes produtos, 11% das pessoas revelaram ter consumido menos, 8% diminuíram as categorias, como detergente líquido, e 34% mudaram a marca escolhida de olho no preço nas etiquetas. A pesquisa completa da AC Nielsen será divulgada nesta quarta-feira (17/9) na ExpoAbras, no Rio de Janeiro.

EVOLUÇÃO DAS VENDAS EM VOLUME
(1º Semestre 2003 x 1o. Semestre 2002)
CATEGORIAS*
VARIAÇÃO (%) 1o. Sem 03 X 1o. Sem 02
AÇÚCAR
-5,1%
ÁGUA SANITÁRIA
1,5%
ARROZ
-4,0%
CAFÉ EM PÓ
2,2%
CERVEJA
-3,0%
CREME DENTAL
0,50%
DESINFETANTE
-3,1%
DESODORANTE
-1,0%
DETERGENTE LÍQUIDO
-3,0%
EXTRATO DE TOMATE
-4,9%
FARINHA DE TRIGO
-4,0%
FRALDA DESCARTÁVEL
-1,0%
LEITE EM PÓ
-3,0%
LEITE LONGA VIDA
2,9%
MARGARINA
3,5%
MASSA ALIMENTÍCIA
-3,0%
ÓLEO
-7,9%
PAPEL HIGIÊNICO
-2,1%
QUEIJO
-6,0%
REFRIGERANTE
0,0%
SABÃO E DETERGENTE EM PÓ
1,0%
SABONETE
-1,5%
SUCO PRONTO PARA CONSUMO
5,1%
VINAGRE
-5,0%
XAMPU
-1,1%
* Resultado médio geral da categoria
Principais decréscimo:
ÓLEO
7,9%
QUEIJO
6,0%
AÇÚCAR
5,1%
VINAGRE
5,0%
EXTRATO DE TOMATE
4,9%
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