O mercado brasileiro de cartões de crédito deve encerrar este ano com um faturamento de 82,7 bilhões, volume 19,4% superior ao de 2002. Descontando a inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o aumento será de 8,6%. O desempenho é superior ao registrado no ano passado, quando o crescimento no faturamento foi de 18,3% e o ganho real foi de 5,1%. Começamos 2003 um pouco apreensivos, mas acabou sendo um ano excepcional para o setor , diz Roberto Lima, presidente do Grupo Credicard. Ele ressaltou que, pela primeira vez, o segmento vai ultrapassar a barreira de um bilhão de transações no ano. A estimativa é de 1,083 bilhão em 2003, contra 938 milhões no ano passado.
Com esse resultado, a participação das operações de crédito no consumo privado (que inclui despesas de pessoas físicas e jurídicas) subiu 8,8% para 9,1% neste ano.

Esses dados fazem parte da pesquisa mensal da Credicard Indicadores de Meios Eletrônicos de Pagamento , divulgada nesta segunda-feira (1/12). O levantamento mostra que é crescente a migração de outras formas de pagamento para o cartão. Entre 1994 e 2003, por exemplo, o uso das transações com cartão de crédito cresceu 423%, enquanto as com cheque recuaram 45%. Os próprios bancos, que são grandes emissores de cartão, têm interesse nisso. O custo de uma transação com cheque é três vezes maior do que com cartão de crédito , diz Lima.

A participação do cartão de crédito como meio de financiamento também vem crescendo, apesar de, na média, suas taxas de juros serem mais altas do que as cobradas em outras formas de financiamento.

Segundo dados do Banco Central sobre operações de crédito, do total de financiamento concedido nos últimos dois anos (até setembro), o cartão de crédito registrou aumento de 3,6%, e o crédito pessoal, de 1,2%. Já nas transações com cheque especial houve um recuo de 1,9%.

De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contábil (Anefac), as taxas médias de juros para pessoa física praticadas pelas operadoras de cartão de crédito estão em 10,22%, contra 8,72% do cheque especial, 3,58% do Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e 6,06% nas operações de empréstimo pessoal dos bancos. As taxas dos cartões de crédito só perdem para as cobradas pelas financeiras, que estão em 12,82% para empréstimo pessoal.

A Credicard, que é uma das operadoras de cartão de crédito do país, espera encerrar este ano com 6,1 milhões de cartões de crédito emitidos, somando 14,3 bilhões de reais em transações. Esse faturamento é cerca de 25% superior ao do ano passado.