Economia

Economistas recomendam para América Latina maior atuação do Estado

Antigo defensor do Consenso de Washington, o venezuelano Ricardo Hausmann, professor em Harvard, afirma que até mesmo o protecionismo comercial pode ser justificável para que se alcance o crescimento econômico na América Latina</I

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h24.

Os economistas estão abandonando a ortodoxia de livre mercado do Consenso de Washington como remédio definitivo para os males da América Latina. Segundo reportagem do The Wall Street Journal desta quarta-feira (23/2), especialistas em desenvolvimento como o venezuelano Ricardo Hausmann renegam o manifesto que formularam em 1989, recomendando o desmantelamento de barreiras ao comércio, a eliminação de déficits orçamentários, a privatização de estatais e a abertura dos países para o investimento estrangeiro. Mesmo adotando a receita, a região acabou bem atrás dos emergentes asiáticos e permaneceu com uma forte desigualdade social.

"Reformas profundas, mas crescimento deplorável", afirma Hausmann, que agora leciona da Universidade Harvard. "Tem de haver alguma coisa errada com as teorias do crescimento." Diante disso, The Wall Street Journal afirma que os economistas estão reabilitando o Estado, que de principal obstáculo ao crescimento pode afinal ter um papel central na solução do problema. Até mesmo a criação de restrições ao livre comércio agora é aceita como opção. "O desenvolvimento industrial, durante 200 anos, envolveu o uso seletivo de protecionismo comercial", diz o economista Joseph Stiglitz, da Universidade Colúmbia, ganhador do prêmio Nobel.

A nova abordagem, batizada por Hausmann de "autodescoberta" econômica, tem sido qualificada de ingênua e de modismo por alguns economistas que afirmam que a América Latina precisa de outra rodada de reformas, incluindo a flexibilização das leis trabalhistas. O jornal americano afirma que o debate não é meramente acadêmico. "Líderes populistas que ascenderam ao poder na Argentina, Venezuela e Uruguai podem estar especialmente desejosos de experimentar novas políticas."

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