Economia

Sobeet eleva projeção de investimento estrangeiro no Brasil para 2004

Bom cenário interno e aquecimento da economia mundial levam entidade a estimar US$ 15 bilhões em investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h27.

A Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) elevou sua projeção para os investimentos estrangeiros diretos (IED) destinados ao país neste ano. A nova expectativa é que o Brasil receba, em 2004, um total de 15 bilhões de dólares, acompanhando a elevação da estimativa do Banco Central. Esta é a segunda vez que a Sobeet revisa sua projeção. Em janeiro, a entidade estimava um IED de 10 bilhões, posteriormente elevado para 12 bilhões. "É um número muito factível", afirma o presidente da Sobeet, Antônio Corrêa de Lacerda.

Os bons sinais da economia brasileira e internacional motivaram a revisão, conforme Lacerda. No início do ano, a Sobeet baseou-se numa estimativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceria 3,5% neste ano para estabelecer a projeção de IED de 10 bilhões de dólares. Agora, o desempenho da economia levou a entidade a rever sua projeção do PIB para 4%. Além disso, a Sobeet afirma que outras condições devem ser cumpridas para que o país capte mais IED do que o previsto em janeiro.

A Sobeet espera que a inflação, medida pelo IPCA, encerre o ano em 7% e que a taxa básica de juros (Selic) feche dezembro em 16,5%. Já o câmbio estimado para o final do ano é de 3,10 reais por dólar. Para Lacerda, a valorização do real é um dos pontos mais delicados para a atração do investimento estrangeiro. "Não será bom para os investimentos se a valorização for persistente, porque perderemos competitividade na atração de capitais para países em que o câmbio está mais favorável", diz. Segundo o economista, para que o país continue atraente aos investidores, o câmbio não deve baixar de 3 reais (leia também reportagem de EXAME sobre como o primeiro escalão do governo divulga o país no exterior).

Maior participação internacional

O cenário mundial também favorece uma expectativa maior de entrada de recursos no Brasil. A Sobeet estima que o mundo movimentará um total de 600 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos neste ano. O montante é 7% maior do que os 560 bilhões registrados em 2003. Se a estimativa for cumprida, a participação brasileira no fluxo internacional de IED crescerá de 1,8%, em 2003, para 2,5%.

O país ainda tem condições de manter esse patamar em 2005. A Sobeet acredita que o Brasil também receberá 15 bilhões de dólares em IED, o equivalente a 2,3% dos 648 bilhões projetados pela entidade para o fluxo mundial. "O país poderia captar muito mais no ano que vem, se a regulamentação de alguns setores já estivesse mais clara", afirma Lacerda. Entre eles, estão a aprovação da lei que cria as parcerias público-privadas (PPPs), a elaboração de um marco regulatório para os serviços de saneamento e a conclusão da modelagem do setor elétrico.

As variáveis macroeconômicas também pesarão em 2005. A base da estimativa da Sobeet incorpora um crescimento do PIB de 4,5%, IPCA de 6,5% e Selic de 14,5% em dezembro de 2005. Já o câmbio estimado é de 3,20 reais no fim do próximo ano.
Investimentos em queda

A Sobeet é a representante, no Brasil, da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), que divulgou, nesta quarta-feira (22/9), seu relatório anual sobre os investimentos estrangeiros diretos no mundo. Conforme a Unctad, o fluxo mundial de IED somou 560 bilhões de dólares em 2003, cifra 18% menor que os 679 bilhões registrados em 2002. Historicamente, as fusões e aquisições são a principal modalidade de IED. No ano passado, elas atingiram 297 bilhões de dólares, contra 368 bilhões em 2002.

Pelo quarto ano consecutivo, a América Latina e o Caribe registraram queda na atração de capitais. A região recebeu 49,722 bilhões de dólares, cifra 3% menor que os 51,358 bilhões do ano retrasado. Segundo Lacerda, o recuo deve-se à incapacidade das três maiores economias da região (Brasil, México e Argentina) de manterem a atratividade para os investidores internacionais.

No ano passado, os mexicanos receberam 10,783 bilhões de dólares em IED, os brasileiros, 10,144 bilhões, e os argentinos, 478 milhões. Em 2002, os valores foram, respectivamente, 13,627 bilhões, 16,566 bilhões, e 785 milhões. A queda de captação de IED da América Latina e Caribe só não foi maior, porque outros países conseguiram atrair mais dinheiro que no ano passado. É o caso da Venezuela, que recebeu 2,5 bilhões de dólares em 2003, contra 800 milhões em 2002, e do Chile, que captou 3 bilhões, contra 1,9 bilhões na comparação. Mas os dois casos mais marcantes foram a das ilhas Bermudas e Cayman, dois paraísos fiscais que atraíram 8,5 bilhões e 4,6 bilhões, respectivamente, contra 2,7 bilhões e 2,5 bilhões no ano retrasado.

No ranking geral da Unctad, Luxemburgo é o país que mais recebeu IED em 2003, com 87,557 bilhões. Conforme Lacerda, o país também é uma espécie de paraíso fiscal europeu. A China, com 53,505 bilhões, foi o segundo mais em atratividade, devido à expansão da economia.

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