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Só petróleo atrapalha redução de juros no Brasil

Para analista da LCA, deflações expressivas dos IGPs permitem esperar queda da Selic já em agosto

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h17.

O Banco Central (BC) parece menos apreensivo quando o tema é evolução dos preços. No relatório de inflação, divulgado hoje, o BC imprimiu um tom mais sereno, alicerçado no ambiente econômico doméstico (clique aqui para ler a íntegra em formato pdf). Esta é a availação de Rafael Castro, analista da LCA Consultores. No cenário externo, a ressalva é o comportamento das cotações internacionais de petróleo. "A questão não é apenas o barril de petróleo a 60 dólares, mas uma excessiva volatilidade", diz Castro. "Há dois meses, as cotações haviam cedido bastante." Assim, hoje o preço do petróleo é o fator de incerteza mais relevante na condução da política monetária. "Como trata-se de preço fundamental do processo econômico, a cotação do petróleo pode levar a uma ação ainda mais cautelosa do BC", afirma Carlos Fagundes, professor de finanças do Ibmec São Paulo.

Internamente, a clara acomodação de atividade favorece a convergência da trajetória de inflação para as metas, ainda que essa convergência não ocorra exatamente no tempo desejado pela autoridade monetária. O BC monta uma moldura própria para suas análises, chamada de "cenário de referência", com taxas de câmbio e juros congelados nos níveis atuais. Já o "cenário de mercado" traz a média das estimativas dos agentes privados para juros e câmbio futuros. O único caso em que se verifica cumprimento da meta no prazo previsto é pelo cenário de referência para 2006. O modelo do BC projeta inflação de 3,7% no ano que vem, abaixo da meta de 4,5%.

Para Castro, porém, são as deflações "muito expressivas" dos IGPs que permitem esperar queda da Selic já em agosto. A consultoria LCA trabalha com recuo de 0,25 ponto percentual, seguida por outra queda de meio ponto percentual em setembro, manutenção em outubro e duas quedas de 0,5 ponto percentual em novembro e dezembro. Fagundes, do Ibmec São Paulo, vê espaço para o ínício do relaxamento monetário ainda em julho, dependendo dos dados internacionais das próximas semanas.

Se crescer a aversão ao risco por conta do petróleo -- ou mesmo do déficit americano --, a valorização do dólar pode ocorrer "muito rápido" e alimentar os índices de inflação. "Só esse repique, mesmo que pontual, pode incomodar e fazer o BC parar de recuar a Selic", diz Castro.

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