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Setor de carnes relata desespero por conta da greve dos caminhoneiros

Além de possibilidade de canibalismo e alta mortandade de animais, empresários alertam para a perdas de ativos biológicos nas principais regiões produtoras

Frango: sindicato dos produtores catarinenses alerta para "impacto imprevisível de ordem sanitária" em caso de morte de animais (Ana Nascimento/Agência Brasil)
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Reuters

Publicado em 25 de maio de 2018 às 18h41.

São Paulo - As processadoras de alimentos do Brasil vão sentir por meses os efeitos do bloqueio nesta semana das rodovias do país por caminhoneiros,disseram fontes da indústria nesta sexta-feira.

Com os protestos contra os preços dos combustíveis agora em seu quinto dia e sem solução em vista, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que o número de plantas de processamento de aves e carne suína que interromperam a produção por falta de ração e espaço de armazenamento subiu para 152 unidades, ante 120 unidades, afetando mais de 220 mil trabalhadores.

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"O governo deve intervir de maneira rápida e forte", disse a ABPA, acrescentando que 1 bilhão de frangos e outras aves e mais 20 milhões de suínos podem morrer de fome nos próximos dias.

"Em diversos locais já há falta de insumos e animais estão sem alimentação. Aqueles que ainda contam com estoques, estão fracionando para prolongar ao máximo a oferta do alimento", afirmou a ABPA em nota. Segundo a entidade, "a mortandade de animais é iminente e há risco de canibalização. Os reflexos sociais, ambientais e econômicos são imponderáveis".

O Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne) alertou sobre a ameaça iminente de "uma perda massiva de ativos biológicos nas principais regiões produtoras do Brasil".

O Estado responde por cerca de um terço dos suínos e 15 por cento dos frangos abatidos no país. O risco que decorre da morte em massa de animais causará um "impacto imprevisível de ordem sanitária", disse o Sindicarne.

Os caminhoneiros ainda não desbloquearam as rodovias, mesmo após o governo ter anunciado um acordo com a categoria, provocando escassez de combustíveis e afetando exportadores de grãos, automóveis e vários outros setores da economia.

O setor de alimentos já está sofrendo com os preços elevados da ração e uma investigação da Polícia Federal que resultou em fechamentos de plantas e proibição de exportações neste ano.

A BRF SA, JBS SA e Cooperativa CentralAurora, três das maiores processadoras de aves e suínos do Brasil, não quiseram comentar sobre os efeitos da paralisação, além das notas divulgadas mais cedo na semana. Eles fecharam temporariamente ou suspenderam produção em dezenas de plantas em conexão com os protestos dos caminhoneiros.

Uma fonte de uma grande processadora doméstica de alimentos que não está autorizada a falar à imprensa disse que toda a cadeia de fornecimento, incluindo criadores de aves e suínos, precisará de meses para se recuperar.

Uma planta com capacidade de abater 500 mil aves por dia exige cerca de 140 milhões de reais em capital de giro e emprega ao menos 3.500 pessoas direta e indiretamente, disse a fonte.

"A situação é desesperadora e os prejuízos incalculáveis", disse a fonte.

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