Segunda crise da Rodada Doha pode ser fatal, diz especialista
Para Marcos Jank, presidente do Icone, impasse nas negociações levará à derrota do multilateralismo
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h32.
A Rodada Doha caminha para uma segunda grande crise - e desta vez, o nó pode não ter solução. Para Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), as negociações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento para liberalizar o comércio internacional ainda precisam de muita ajuda de todas as partes envolvidas, o que talvez não aconteça em março de 2007, novo prazo estabelecido para a retomada das discussões.
Em reunião neste fim de semana no Rio de Janeiro, representantes dos membros do G-20 (que reúne países em desenvolvimento), dos Estados Unidos, da União Européia, do Japão e de outros países voltaram a discutir a Rodada, depois do primeiro grande fracasso da Organização Mundial do Comércio (OMC) em estabelecer um consenso, em julho deste ano. Agora, a expectativa é de que as conversas só serão retomadas dentro de seis meses, depois que os Estados Unidos passarem por um período de eleições no Congresso.
Pessimista declarado em relação à Rodada, Jank acredita que a volta dos países à mesa em março do próximo ano não trará avanços significativos nas propostas de nenhum dos lados - nem dos países ricos, que protegem seus produtores agrícolas, nem dos subdesenvolvidos, que se defendem de uma invasão maior de bens industrializados do exterior. "Seria preciso que todos chegassem com propostas muito diferentes das atuais, e se isso não acontecer, pode haver uma crise muito séria", diz. Ele lembra que a inflexibilidade tem sido constante durante as discussões, e ainda deve continuar em 2007.
Se ela persistir, o resultado pode ser a derrota do multilateralismo, o que abriria espaço para uma explosão de acordos bilaterais. "Esse tipo de acordo é um problema porque quem participa cria comércio, e quem fica de fora perde comércio", afirma Jank. Além disso, a falta de um entendimento comum causaria um acúmulo de processos contenciosos na OMC, onde os países que se sentem lesados por tarifas ou subsídios encontrarão o único foro para resolução.
A Rodada Doha caminha para uma segunda grande crise - e desta vez, o nó pode não ter solução. Para Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), as negociações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento para liberalizar o comércio internacional ainda precisam de muita ajuda de todas as partes envolvidas, o que talvez não aconteça em março de 2007, novo prazo estabelecido para a retomada das discussões.
Em reunião neste fim de semana no Rio de Janeiro, representantes dos membros do G-20 (que reúne países em desenvolvimento), dos Estados Unidos, da União Européia, do Japão e de outros países voltaram a discutir a Rodada, depois do primeiro grande fracasso da Organização Mundial do Comércio (OMC) em estabelecer um consenso, em julho deste ano. Agora, a expectativa é de que as conversas só serão retomadas dentro de seis meses, depois que os Estados Unidos passarem por um período de eleições no Congresso.
Pessimista declarado em relação à Rodada, Jank acredita que a volta dos países à mesa em março do próximo ano não trará avanços significativos nas propostas de nenhum dos lados - nem dos países ricos, que protegem seus produtores agrícolas, nem dos subdesenvolvidos, que se defendem de uma invasão maior de bens industrializados do exterior. "Seria preciso que todos chegassem com propostas muito diferentes das atuais, e se isso não acontecer, pode haver uma crise muito séria", diz. Ele lembra que a inflexibilidade tem sido constante durante as discussões, e ainda deve continuar em 2007.
Se ela persistir, o resultado pode ser a derrota do multilateralismo, o que abriria espaço para uma explosão de acordos bilaterais. "Esse tipo de acordo é um problema porque quem participa cria comércio, e quem fica de fora perde comércio", afirma Jank. Além disso, a falta de um entendimento comum causaria um acúmulo de processos contenciosos na OMC, onde os países que se sentem lesados por tarifas ou subsídios encontrarão o único foro para resolução.
Alguns pontos, no entanto, conspiram a favor de uma perspectiva favorável. Considerados os maiores atravancadores da Rodada Doha em julho, por não cederem na redução de seus subsídios, os americanos terão de rever sua política agrícola em 2007, segundo Jank. E isso pode abrir espaço para diretrizes menos protecionistas. Além disso, a França passará por eleições presidenciais - "e sem Jacques Chirac, a política do país ficará menos resistente", afirma o especialista. Mas não só aqueles considerados os mais irredutíveis terão de provar que estão dispostos a ceder - também o Brasil precisa assumir uma autocrítica e oferecer abertura maior aos industrializados que vêm de fora, diz Jank.