Exame Logo

Secretário do Tesouro pede exoneração

Carlos Kawall alegou motivos pessoais para deixar o governo

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h23.

O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, pediu exoneração do cargo em carta endereçada ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, alegando motivos pessoais. O pedido foi aceito por Mantega, segundo nota do ministério divulgada nesta sexta-feira (29/11).

O secretário-adjunto do Tesouro, Tarcísio José Massote de Godoy, foi nomeado interinamente para a função. Kawall havia sido designado para o Tesouro Nacional em março deste ano - quando ocupava a diretoria financeira do BNDES - por Guido Mantega, que acabara de substituir Antonio Palocci na Fazenda.

Veja também

Na carta de exoneração, Kawall se diz otimista quanto ao futuro da economia brasileira e defende as políticas econômica e fiscal do governo, "que devem contribuir para que nossa classificação de risco mantenha-se em ascensão, devendo inevitavelmente nos conduzir, no horizonte do próximo governo, ao grau de investimento".

Leia, na íntegra, a carta em que Kawall solicita sua exoneração:

Prezado Ministro Guido Mantega,

Venho por meio desta solicitar a exoneração do cargo de Secretário do Tesouro Nacional, por razões estritamente pessoais. Cumpro, assim, o acordo feito há meses, de me manter à frente do cargo até o final de 2006.

É com pesar que tive que tomar esta decisão, exatamente dois anos depois que fui por você convidado para integrar a Diretoria do BNDES. Desde lá, iniciamos intenso convívio profissional, marcado pelo respeito, amizade e sinceridade. Foi neste contexto em que havia já confidenciado a você limitações de ordem familiar que provavelmente me impediriam de prosseguir nesta jornada por um período mais prolongado, o que veio a se confirmar.

Tive ainda a enorme honra de ser convidado por você para assumir uma das funções mais importantes da República, como titular da STN, em circunstâncias inesperadas. Mais uma vez foi importante o apoio e confiança que de você tive para enfrentar tal desafio. Hoje, nove meses depois, sinto de um lado a satisfação do dever cumprido, mas de outro, a frustração de não poder continuar a colaborar com a equipe econômica em um momento em que o Brasil finalmente pode olhar para frente e vislumbrar um futuro bem melhor.

Ao contrário do futebol, quem sai do governo tem que ter a responsabilidade de deixar o time quando ele está ganhando. É o que acredito. Saio com otimismo quanto ao futuro do país, que tem todas as condições de ingressar em um ciclo de crescimento sustentado com estabilidade econômica. É este o sentido das medidas econômicas que o governo ora discute, como já demonstrado no acordo plurianual de reajuste do salário mínimo, sem dúvida um passo positivo na direção do equilíbrio entre o planejamento econômico e a justiça social, respeitando os limites da responsabilidade fiscal.

É sempre possível que minha saída seja interpretada como se houvesse, entre eu e você, ou entre eu e o governo, um distanciamento. Sabemos que esta interpretação é infundada e inverídica, somente podendo prosperar na mente dos que (ainda que legitimamente) fazem oposição ao governo, ou daqueles que implicitamente acreditam que quem está em um cargo público não tem vida pessoal.

Por isso, quero reafirmar de público meu apoio à condução da política econômica do governo e, em particular, a sua política fiscal e de dívida pública, que devem contribuir para que nossa classificação de risco mantenha-se em ascensão, devendo inevitavelmente nos conduzir, no horizonte do próximo governo, ao grau de investimento.

Gostaria ainda de registrar alguns agradecimentos. Em primeiro lugar a você, Ministro, pela oportunidade profissional que me foi dada e pelo alegre e bem-humorado convívio que tivemos. Menciono também um agradecimento especial a dois grandes colegas e amigos, Demian Fiocca e Bernad Appy. Com ambos aprendi muito, mostrando que as gerações mais novas que a minha terão muito a contribuir para o país.

No Tesouro Nacional, vale destacar o forte apoio dos meus secretários-adjuntos, Lício Camargo, Paulo Valle e Jorge Khalil Miski. Através deles gostaria de agradecer a todo o quadro técnico do Tesouro Nacional, que superou as minhas já infladas expectativas em termos de competência, dedicação e honestidade profissional.

Deixei as palavras finais para falar de meu sucessor, Tarcísio José Massote de Godoy. É uma grande honra poder passar o bastão, pela primeira vez, para um servidor da casa, especialmente no aniversário de 20 anos da STN. Além de ser um batalhador incansável e dono de energia inesgotável, Tarcísio foi sempre um colega extremamente leal que conhece como poucos os meandros da execução fiscal e orçamentária, a gestão econômico-financeira das empresas estatais e a política de dívida pública. Criativo e inteligente, ainda encontrou tempo nos últimos anos para dar continuidade a sua vida acadêmica.

Encerro reiterando meus agradecimentos e a confiança no futuro do país.

Atenciosamente,

Carlos Kawall Leal Ferreira

28/12/2006

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame