Sapatos e roupas devem ficar mais caros com alta de tarifa
O governo federal decidiu elevar de 20% para 35% a alíquota para importação de têxteis e calçados; lojas devem repassar o aumento ao consumidor
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h27.
A decisão do governo federal de elevar a tarifa de importação para calçados e têxteis deverá tornar esse produtos mais caros dentro do Brasil. A Camex (Câmara de Comércio Exterior) decidiu ontem elevar de 20% para 35% a alíquota de importação de 315 itens de vestuário e calçados. Como muitos fabricantes de calçados nacionais continuarão a não ter condições de concorrer com os produtos importados principalmente da China, que têm forte participação nas vendas de sapatos e roupas populares, o varejo não terá outra alternativa a não ser pagar mais por suas encomendas e repassar essa diferença ao consumidor.
"Com certeza vai ter impacto no Brasil. Prejudica o consumidor porque os produtos importados da China vão fica mais caros e os nacionais não terão condições de oferecer os mesmos preços", disse Kevin Tang, diretor da Câmara de Comércio Brasil-China. O presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda, admite que haverá repasse de preços e alerta que isso vai gerar queda da demanda por roupas e calçados. No setor de supermercados, ele explica que as empresas mais afetadas serão as grandes redes, que vendem esse tipo de produto. Honda também afirma que as vendas só poderão se recuperar no futuro se a medida também gerar contratações e crescimento de renda no setor têxtil.
Para o presidente da feira de calçados Couromoda, Francisco Santos, a medida do governo favorece principalmente o produtor de calçados voltados para as classes média e alta. "O aumento da alíquota de 20% para 35% não representa quase nada para um calçado que é importado da China por US$ 3", afirmou. Ele defende que o governo estabeleça preços mínimos para a importação de calçados da China. Além disso, pede que o governo aproveite o tempo em que a indústria nacional estará protegida pela alíquota maior para resolver outros problemas como o câmbio valorizado e a pesada carga tributária. Do contrário, afirma, os produtos nacionais terão que transferir fábricas para China para se manter competitivos. "E já há empresas do setor de calçados que estudam fazer isso, o que não interessa ao Brasil."
Ainda não é possível definir quando haverá alta de preços no Brasil porque, antes de entrar em vigor, a decisão da Camex precisa ser aprovada pelos demais membros do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai). A justificativa do governo para o aumento das tarifas foi o crescimento das importações. As compras de sapatos subiram de 6.319 toneladas em 2004 para 10.929 toneladas no ano passado. Já a importação de confecções saltou de 45.644 para 60.063 toneladas. A China responde por mais da metade dessas importações.