A produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas (caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale - híbrido de trigo com centeio) pode alcançar 116,298 milhões de toneladas, superando em 19,73% a produção obtida em 2002, que foi de 97,134 milhões de toneladas. Esta estimativa foi feita em com base nas informações coletadas em abril e ultrapassa em 2,36% a previsão baseada em dados de março, segundo informações divulgadas pelo IBGE.

Há previsão de crescimento da produção em todas as grandes regiões brasileiras. Na comparação com o ano anterior, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis, respectivamente, por 45,78%, 12,78% e 31,74% da produção nacional apresentam aumento de 23,81%, 4,91% e 17,78%. Na região Nordeste, que nesta safra responde por 7,41% do total, prevê-se aumento de 33,89% em relação ao ano passado. A região Norte, com participação de 2,29%, apresenta crescimento previsto em 21,89%.

No Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de abril, destacam-se as variações nas estimativas de produção de cinco produtos, em relação ao mês anterior: arroz em casca (2,86%), feijão em grão 2ª safra (3,01%), milho em grão 2ª safra (7,35%), sorgo em grão (13,70%) e trigo em grão (4,69%).

A variação positiva verificada na estimativa da produção de arroz para este mês decorre de ajustes nos dados dos estados de Tocantins, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Nestas unidades da federação, as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento da cultura, resultando em produtividade maior do que a informada em relatórios anteriores. Em Mato Grosso, segundo produtor nacional de arroz, verifica-se aumento de 19% na produção esperada porque grande parte do plantio do estado nesta safra foi realizado em áreas novas incorporadas à agricultura, nas quais o arroz é a cultura recomendada no primeiro ano de plantio. Os municípios que se destacaram pela expansão de área plantada foram: Tapurah, Nova Maringá, Vera, Juara, Cláudia, Porto dos Gaúchos, Querência e Novo Mundo.

Para o feijão da segunda safra, verifica-se crescimento de 3,01%, em relação ao mês passado. Os maiores aumentos são observados em Tocantins (247%) e Minas Gerais (5,64%), onde os preços, como na maioria dos estados produtores, estão compensadores para os produtores de feijão.

Em relação ao milho da segunda safra, a expansão de 7,35% constatada em abril é oriunda dos estados da região Centro-Oeste: Mato Grosso do Sul (19%), Mato Grosso (16%) e Goiás (8%). Os preços vigentes no mercado do milho, tanto na primeira safra como nesta, vêm favorecendo o produto e, por isso, houve interesse dos produtores em plantá-lo neste ano.

Para a cultura do sorgo, a variação de 14% na estimativa de abril sobre a de março e o aumento de 54% em relação à produção de 2002, passando de 773.000 para 1,19 milhão de toneladas de grãos, se explicam porque o produto serve como substituto do milho na formulação das rações animais. O sorgo se assemelha ao milho mas apresenta algumas vantagens quando comparado a este produto, principalmente no segundo ciclo de plantio, pois, por ser mais resistente à falta de chuva e apresentar custo de produção menor, constitui boa opção para o cultivo de inverno, especialmente na região Centro-Oeste, onde se concentra 68% da produção nacional de sorgo.

A variação positiva observada na estimativa de produção de trigo (4,7%) decorre da informação do Paraná (6%) e Mato Grosso do Sul (80%), onde se esperam uma produção de 2,7 milhões de toneladas e 136.000 toneladas,respectivamente. Tanto os preços internos como a menor oferta do cereal justificam o aumento da produção de trigo para 2003.

Dentre os produtos analisados pelo LSPA, apresentam variação positiva na estimativa de produção de 2003 em relação ao ano anterior: algodão herbáceo em caroço (3,59%), arroz em casca (3,63%), feijão em grão 1ª safra (1,84%), feijão em grão 2ª safra (14,89%), milho em grão 1ª safra (16,10%), milho em grão 2ª safra (53,04%), soja em grão (20,30%), sorgo em grão (54,53%) e trigo em grão (45,26%). Somente o feijão em grão 3ª safra apresenta variação negativa (-1,89%). Dos produtos que mais vêm se destacando na safra atual, sobressaem o milho 1ª e 2ª safras, a soja, o sorgo e o trigo, com os crescimentos percentuais indicados acima.

As culturas plantadas na primeira safra encontram-se praticamente colhidas e apresentam níveis de produtividade superiores aos obtidos na safra precedente. Com o iminente encerramento da colheita da safra de verão, a ênfase do acompanhamento agora se volta para os produtos de segunda safra e da safra de inverno: milho, feijão, trigo, cevada, centeio, aveia, triticale e girassol.

No que concerne ao trigo, produto cultivado com maior relevância nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, que produzem, respectivamente, 65% e 27% do total brasileiro, aguarda-se para 2003 produção da ordem de 4,2 milhões de toneladas, 45% maior do que a safra obtida em 2002. Os cenários interno e externo sinalizam positivamente para o trigo no que diz respeito aos preços e à oferta mundial desse cereal. Na presente safra tritícola, o Paraná espera colher um volume de 2,7 milhões de toneladas, safra 84% maior que a obtida em 2002. Também a área plantada é significativamente superior à passada (11%). O plantio já se acha bem adiantado, aproximando-se do final.

O milho da segunda safra e o trigo são as duas grandes culturas em desenvolvimento nos campos nacionais no inverno. A estimativa de produção do milho segunda safra no país é da ordem de 9,4 milhões de toneladas, superior em 53% em relação à safra colhida no ano passado, de 6,2 milhões de toneladas. Excetuando-se os estados de Minas Gerais e Goiás, que não apresentam expansão do cultivo desse produto, nos demais estados a perspectiva do milho para 2003 é bastante positiva: Paraná (crescimento de 114%), Mato Grosso do Sul (120%) e Mato Grosso (16%).

As condições climáticas, que foram favoráveis às lavouras do primeiro ciclo, apresentam-se normais no período, com quantidade de chuvas suficiente para o bom desenvolvimento das lavouras, proporcionando condições adequadas também para as operações finais de colheita dos produtos de primeira safra.