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Reunião entre Lula e Kirchner aproxima países e afasta a Alca

A reunião entre o candidato à presidência da Argentina, Néstor Kirchner, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva serviu para reforçar a proximidade política e econômica entre os dois países, caso as pesquisas argentinas estejam certas e Kirchner vença o segundo turno das eleições no próximo dia 18 de maio. A sintonia entre governo […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h34.

A reunião entre o candidato à presidência da Argentina, Néstor Kirchner, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva serviu para reforçar a proximidade política e econômica entre os dois países, caso as pesquisas argentinas estejam certas e Kirchner vença o segundo turno das eleições no próximo dia 18 de maio.

A sintonia entre governo brasileiro e o provável futuro presidente da Argentina começa com a questão do comércio exterior. Tanto Lula quanto Kirchner dão prioridade ao Mercosul - e mostram menos entusiasmo em relação à Alca. Depois que deixou o Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, Kirchner afirmou que não está "animado" para discutir a formação da Alca. "Temos muitas urgências e a Alca será tratada em seu tempo e em sua oportunidade", afirmou.

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As declarações do candidato foram reforçadas pelo ministro da Economia da Argentina, que o acompanha na visita ao Brasil. Roberto Lavagna - que permanecerá no cargo se Kirchner vencer as eleições - disse que "é melhor avançar no 4+1 ou no 1+1 (Mercosul e Estados Unidos), como eu prefiro chamar. A Alca pode ser construída aos poucos a partir de negociação entre blocos sub-regionais". Lavagna foi um dos responsáveis pela formação da base do Mercosul, há 16 anos, e participou da elaboração dos protocolos de integração entre Argentina e Brasil - de bens de capital e da indústria automotiva - firmados em 1987 pelos presidentes Raúl Alfonsin e José Sarney.

O discurso do ministro argentino combina com as primeiras ações do governo petista nas discussões sobre a formação de blocos. Para quem não se lembra, a preferência pelo Mercosul ficou bem clara durante a primeira rodada de negociações na área de agricultura para a criação da Alca, que aconteceu em fevereiro, no Panamá. Para uniformizar as propostas dos países do Mercosul, o governo brasileiro aceitou reivindicar proteção a produtos que, na opinião do setor agrícola brasileiro, deveriam ter tarifa zero no primeiro dia em que a Alca virar realidade.

Durante sua campanha, Kirchner repetiu com exaustão a intenção de construir um "espaço latino-americano" junto com Lula e Ricardo Lagos, presidente do Chile. O governador da província de Santa Cruz que nunca havia estado no Brasil antes, é um candidato de centro-esquerda que, diferente de seu opositor Carlos Menem, defende a aproximação com o Brasil e, pelo que anda publicando a imprensa argentina, a amizade com o vizinho é um dos principais recursos para ganhar votos do eleitorado. O jornal El Cronista, por exemplo, escreveu que Kirchner será recebido por Lula "com uma mostra do prêmio a que poderá aspirar caso ganhe as eleições", se referindo aos índices de aprovação do presidente brasileiro. Já o diário Infobae afirma que "quando o presidente Lula caminhar hoje ao seu encontro, Kirchner terá cumprido uma nova meta de campanha: captar mais adesões do eleitorado para o segundo turno".

Pelo jeito, os esforços do atual e futuro ministro da economia para aproximar os dois países começaram a dar resultado. Na pauta da reunião, além do Mercosul, foram discutidos - com sucesso, segundo seus participantes - esquemas de financiamento regionais. Dois dias antes do desembarque da comissão argentina em Brasília, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a criação de um fundo de 1 bilhão de dólares para apoiar o comércio com a Argentina - uma orientação dada pelo presidente Lula.

O comércio do Brasil com a Argentina, que havia caído drasticamente depois da crise que afetou o país vizinho, também deu sinais de recuperação no início deste ano. Em abril, as exportações para o país cresceram 84% nos quatro primeiros meses do ano, passando de 603 milhões de dólares entre janeiro e abril do ano passado, para 1,107 bilhão neste ano.

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